sexta-feira, março 07, 2008

FACTORES QUE CONTRIBUEM PARA A RESSURGÊNCIA PAGÃ NA EUROPA OCIDENTAL

Um professor de estudos cristãos da Universidade Trinity International, dos EUA (Illinois), Michael Cooper de seu nome, elaborou em 2004 uma pesquisa a respeito do fenómeno do ressurgimento do Paganismo na Europa Ocidental, investigação esta cujos pontos principais merecem ser conhecidos e divulgados. Trata-se ainda dum esboço de estudo, mas, segundo o autor, há mais trabalho a ser feito neste momento. Este primeiro ensaio tem por intuito discutir os factores que contribuíram para a Ressurgência Gentia, bem como a crítica pagã actual à Cristandade Ocidental, para depois sugerir uma agenda missionária para «ir ao encontro» do Paganismo.

O autor começa por dizer, clara, e sucintamente, que o Neo-Paganismo nasce das antigas tradições europeias num contexto pós-cristão. Ideologicamente, costuma afirmar-se como resistência contra os sistemas globalistas.
A nível mundial, o seu número varia entre as muitas centenas de milhar e os mais de três milhões. Não é fácil determinar números exactos, visto que não há no Paganismo nenhuma estrutura hierárquica e, digo eu, centralizadora. Independentemente disso, há especialistas que consideram este novo movimento religioso como um dos mais bem sucedidos no mercado religiosamente pluralista da Europa actual.
Em 1999, a BBC informou que, de acordo com um estudo não documentado de dois anos antes, haveria cerca de cem mil pagãos praticantes no Reino Unido, o que, em sendo verdade, representaria um acréscimo de noventa e cinco mil pagãos desde 1990.
A BBC informou também, mas em 2001, que cerca de dez mil pessoas estiveram presentes no complexo megalítico pré-histórico de Stonehenge para celebrar o solstício de Verão, o que representa um acréscimo de duas mil pessoas relativamente ao ano anterior.
Nota do bloguista: em 2007, a mesma fonte (BBC) noticiou que esta celebração solsticial em Stonehenge contou com a presença de 24.094 indivíduos, o que significa que em sete anos o número de celebrantes nesta festividade aumentou o triplo.
Devido a estes e a outros números, sobretudo relativos à Wicca (umas das formas actuais do Paganismo ocidental), há já quem considere o Paganismo como a religião de crescimento mais rápido no Ocidente. Por «Ocidente», inclui-se naturalmente a Austrália, onde um censo recente relativo à religião indica que cinco por cento da sua população identifica-se como pagã.

Há, segundo Cooper, pelo menos cinco factores que contribuíram para esta retorno ao Paganismo no Ocidente. Individualmente, cada um destes vectores não pode ser visto como contribuições definitivas, mas, em conjunto, abriram a porta para ulteriores desenvolvimentos da identidade religiosa. São eles:
- o carácter incompleto da cristianização;
- o re-encantamento do mundo;
- a globalização;
- a incapacidade do Cristianismo;
- a busca da identidade.

O primeiro, diz respeito ao facto de a evangelização da Europa se ter feito à custa de muitas cedências aos paganismos locais, isto apesar de, ao mesmo tempo, o Cristianismo ter sido sempre intolerante para com os cultos religiosos indígenas, intolerância essa que se observa inclusivamente no pensamento de duas das maiores figuras intelectuais da Cristandade, Agostinho e Tomás de Aquino, ambos apoiantes da conversão activa dos pagãos, tendo o segundo feito a apologia da supressão de outras religiões por meio do uso da força para alcançar tal efeito. Dum modo ou doutro, muito do que era pagão foi ficando, aberta ou disfarçadamente, no seio da cultura popular e também da erudita. Como dizia Alain de Benoist, «o Paganismo nunca esteve muito longe de nós, tanto na História como na mente sub-consciente, e também no ritual, na literatura, etc..»

O segundo, constitui uma reacção ao desencantamento do mundo suscitado pelo Cristianismo mais puro e duro (o da Reforma Protestante), que no dealbar da Idade Média se afastou decididamente de tudo o que fosse pagão. O Racionalismo e Cientificismo contribuíram para a dessacralização do mundo, ao negarem sistematicamente toda e qualquer visão sagrada da realidade, o que por sua vez conduziu ao laicismo e ao relativismo absoluto. Sucedeu entretanto que, ao contrário do que os positivistas e irreligiosos previam, a sociedade ocidental não se está a tornar hoje menos religiosa, antes pelo contrário - retorna o espírito do sagrado, do encantamento, ou seja, observa-se, segundo Cooper, o «reencantamento» da sociedade ocidental. A modernidade fica pois para trás, com a sua insuficiência em dar um sentido superior à vida, sendo substituída pela pós-modernidade, que é uma ânsia por uma nova consciência histórica, tradicional, continuadora duma memória mais antiga. Assim se entende, segundo outro autor citado por Cooper, o ressurgimento do Paganismo, que é, diz, uma espécie de escape ao mundo moderno urbano, na ideia de que o Cristianismo tem pouco ou nada a oferecer no que respeita aos grandes ciclos da Natureza. Discordo em parte desta perspectiva, visto que o Paganismo está longe de se poder explicar no contexto dum simples «retorno ao campo», embora a vontade de reestabelecer um contacto com a Natureza, perdido em tempos, desempenhe aqui um papel relevante.

O terceiro tem a ver com uma interacção entre culturas num contexto de homogeneização do mundo. Michael Cooper faz sua a teoria de que as raízes da globalização remontam aos séculos quinze e dezasseis com a expansão europeia em todo o planeta e consequente colonização e imitações culturais. E os fluxos culturais acabam por não ser apenas do Ocidente para fora e são também de fora do Ocidente para dentro: tal como a Europa influenciou outras partes do globo, agora há outras partes do globo a influenciar a Europa e seus derivados. O resultado disto acaba por ser uma legitimação da existência de várias visões do mundo, e assim se vai estabelecendo uma cultura de pluralismo.
E, digo eu, perante a tentativa ideológica, voluntária, sistemática, de homogeneizar o mundo, erguem-se almas, vozes e braços em prol das especificidades locais, naturais. O novo Paganismo também se compreende neste contexto.

O quarto explica-se pela insuficiência da doutrina cristã para responder às grandes questões dos Europeus da época pós-cristã. Há quem adira ao Paganismo como rejeição do Cristianismo, o qual oprimiu a Europa por demasiado tempo, rebaixando a mulher e desrespeitando o ambiente, mercê do seu desprezo pela Natureza e consequente dessacralização da mesma, observável na «desmitologização» da realidade. Philip Carr-Gomm, líder duma das maiores e mais antigas organizações pagãs - a Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas - sugere que o ressurgimento do Paganismo deve-se à queda das religiões estabelecidas que não são capazes de ir ao encontro das necessidades espirituais das pessoas, bem como pela crise ambiental e autoritarismo que trouxeram. Cooper indica, noutra parte do seu trabalho, que cerca de 56% dos jovens europeus vêem o ambiente, a poluição e o aquecimento global como suas principais preocupações.

E, digo eu, o Cristianismo mutilou as culturas tradicionais, étnicas, ao suprimir os seus vértices superiores, isto é, os seus Deuses.
Prudence Jones e Nigel Pennick, autores da obra «História da Europa Pagã» (editada em Portugal pela Europa-América), afirmam que o novo ímpeto pagão constitui uma resposta ao desejo de recolocar a Humanidade no seu contexto maior, que é ao mesmo tempo temporal e espacial, cronológico e físico - físico no sentido em que o mundo natural é uma parte essencial da vivência humana e cronológico no sentido da continuidade com as grandes mentalidades tradicionais, cujas raízes se perdem na noite dos tempos. O Paganismo oferece, segundo estes dois autores, «uma possível filosofia religiosa para uma sociedade multicultural.»

E agora, cereja no topo do bolo, o quinto factor, que, quanto a mim, é o mais relevante, pois que, quanto a mim, é tanto o quinto factor como a quinta-essência do Paganismo actual - a busca da identidade, para utilizar as palavras de Cooper (eu por mim não busco identidade nenhuma, já a encontrei, aliás, sempre a tive).
Assim, durante séculos o Cristianismo ofereceu à Europa uma identidade, mas a rejeição progressiva do Cristianismo faz com que uma busca identitária se inicie. A formação da União Europeia parece poder criar uma nova identidade, mas enfrenta um desafio no facto de os Europeus se verem a si mesmos em relação à sua própria etnicidade. O vácuo criado pela queda do Cristianismo, incapaz de lidar com os temas que mais interessam aos Povos, leva a que os Europeus cada vez mais se voltem para outros caminhos que possam preencher o vazio pós-cristão. A grande divulgação das filosofias orientais levou a que se começasse a valorizar vias espirituais alternativas, e, neste novo caos (no sentido original do termo, isto é, «abertura», ou seja, estádio em que tudo está em aberto, em potencial, nada está definido) o Europeu acaba por se voltar para o fundo mais genuíno de si mesmo, isto é, o do culto aos seus Deuses antigos.


Perante esta realidade, novos missionários cristãos preparam-se para tentar manter o Cristianismo à tona, inclinando-se então para uma tentativa de introdução da fé do Judeu Morto no seio da cultura actual, viva e movimentada, tornando-a mais acessível aos afectos e menos clericalizada, menos institucionalizada, e com aspecto menos autoritário - aconselham a que, ao invês de se declararem donos da verdade, optem por se apresentar como «testemunhas da verdade», convencendo os demais, em diálogo, de que no seu credo se pode obter a verdade, e, se possível, a fazerem uma perninha com uma espécie de ecologismo bíblico (a Natureza é boa porque foi criada por Deus, etc.)...

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12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ESSE DITO PARTIDO (P.N.P.),DO MARROQUINO DO CASTRO NUNCA VAI SAIR DO PAPEL É UMA FRAUDE.
EU FARTO-ME DE RIR COM ESSA ESCUMALHA DE MERDA,HAHAHA.

8 de março de 2008 às 08:33:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

então não foi a susana que disse que era casada com um mulato e tinha filhos mulatos numa reunião qualquer no porto? Era o que dizia no outro post. O quê? Agora já foi o outro marroquino? Cá pra mim isto é tudo uma data de valelas...

8 de março de 2008 às 11:48:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

A culpa não é do Castro. A Susana Barbosa é que o afirmou sem qualquer tipo de problema. Isto foi dito numa reunião do MPP!! Não adianta virem com merdas que foi n sei quem ou que é mentira. Claro que a senhora ao dizer isto o MPP cortou definitivamente qualquer tipo de colaboração com esse partido.

8 de março de 2008 às 12:31:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

a lina veio do ppd/psd; o castro do cds/pp
mas que rica aliança democrática :)
e tu amigo caturo! antes de seres do PNR votavas em quem?
com amigos do pcp e do be,
deixa-me cá advinhar hummm

8 de março de 2008 às 20:11:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Se foi numa reunião do MPP que a Doutoura disse que o marido era meio preto é favor informarem em que data se realizou essa reunião, porque nas actas das reunioes do MPP não consta esse pormenor. O Apelido Barbosa é mesmo da Doutoura ou é um apelido emprestado pelo marido meio preto?

8 de março de 2008 às 21:03:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Oh Minho Timorense..és tão urso ahah No MPP não se fazem actas nem queremos saudosistas do velho regime. Vai levar na peida mais os teus amigos do Partido da Liberdade.

8 de março de 2008 às 22:35:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

"Amigos! Eu não sei o que vos diga mais, mas quero dizer-vos que quanto mais forem os castelhanos e maior a sua grandeza, mais acrescentada ficará a nossa honra e louvor quando os vencermos. Quanto ao facto de estarem nas hostes dos castelhanos os meus irmãos não vos preocupeís, pois garanto-vos que mesmo que entre eles estivesse meu pai eu não deixaria de lutar pelo meu Mestre, nem deixaria de defender a terra que me criou."

- D. Nuno Álvares Pereira, Batalha dos Atoleiros

9 de março de 2008 às 10:41:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

caturo! o teu vasto auditório espera por um teu comentário técnico pelo sucesso eleitoral dos partidos racialistas de nuestros hermanos. só não conseguiram eleger deputados por apenas uns escassos centenas de milhar de votos

10 de março de 2008 às 12:47:00 WET  
Blogger Caturo said...

e tu amigo caturo! antes de seres do PNR votavas em quem?

MPT.

10 de março de 2008 às 13:04:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

E como é que aderiste á mossad?

10 de março de 2008 às 16:06:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Pois,mas no blogue da Susana Barbosa os filhos não são mulatos!

10 de março de 2008 às 22:00:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

O problema não são os filhos mas sim o marido que é mulato!!!

Ela que ponha a foto do marido. Era o punhas ahah

10 de março de 2008 às 23:20:00 WET  

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