DEVOTO DA PÁTRIA SIM, MAS SÓ SE FOR UMA PÁTRIA «DE ESQUERDA»...

Sempre achei e acho cada vez mais piada à popularidade que de que goza o lema «Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas sim o que tu podes fazer pelo teu País», dito pelo antigo presidente norte-americano J. F. Kennedy, espécie de «mártir» da Esquerda liberal norte-americana e, alegadamente, do povo norte-americano em geral, um D. Sebastião lá do sítio, como se sabe.

E acho piada porque, bem vistas as coisas, este «slogan», que parece reunir um consenso aprovador generalizado por parte de quem o cita em toda a comunicação social, é, essencialmente, um princípio fascista.

Consiste, como é fácil de ver, na valorização do sacrifício individual em prol da Pátria. Este é um dos pilares do Fascismo, senão mesmo o principal, de acordo com o que dizia o próprio Benito Mussolini: «o fascista é conservador e progressista, revolucionário e reaccionário, burguês e operário, religioso e anti-clerical, o fascista é tudo e o seu contrário consoante as situações, tendo como único ponto fixo a Pátria.»

E se fosse Mussolini, Salazar ou Franco, a dizer o que Kennedy «impunemente» declarou, como seria a recepção de tal ideia nos dias de hoje?...

Um dos principais lemas do Estado Novo era «Tudo pela Nação, nada contra a Nação». Sucede que, ironicamente, a frase de Kennedy vai mais longe do que a do regime salazarista, é mais radical na sua asserção patriótica - não se limita a afirmar o primado da Nação; em vez disso, chega ao ponto de desvalorizar o interesse do indivíduo.

Desvalorizar.

Diz, claramente, que o indivíduo não deve sequer pensar em que o País possa fazer algo por ele, ao invés deve preocupar-se somente em defender/enaltecer a Pátria.

Fosse um dos demonizados líderes da Direita a proclamar tal ideal, não se lhe poupariam críticas acérrimas, bem como análises a «confirmar» que os «fachos» são inequivocamente partidários do esmagamento das liberdades e dos interesses dos homem livre e autónomo.

Mas como, no contexto, o beneficiário de tal devoção patriótica seria um Estado liderado por uma figura eminente da Esquerda ocidental (nem há anti-americano nenhum que o critique...), o dito é a modos que bonita e edificante...

E digo isto sem querer puxar a brasa à minha sardinha, como sói dizer-se. Não sou e nunca fui fascista, visto que para mim a Liberdade e a Democracia são bens de primeira necessidade no que à política diz respeito. Além do mais, condeno o imperialismo e, sobretudo, a concepção fascista de Nação, que é, bem vistas as coisas, contrária ao Nacionalismo.