A MAIS ANTIGA UNIVERSIDADE DE ROMA REJEITA A VISITA PAPAL
A universidade mais antiga de Roma, «La Sapienza», não quer lá o papa.
A Igreja tinha agendada uma visita do papa a este antigo e tradicional bastião do saber na inauguração do novo ano académico, mas acabou por cancelá-la perante os protestos de vários professores e estudantes contra a postura de Ratzinger perante o caso de Galileu Galilei. Quando era ainda cardeal, o alemão afirmou o seguinte, no ano de 1990, num discurso proferido em Parma: «Na era de Galileu Galilei, a Igreja era mais fiel à razão do que o próprio Galileu. O processo levado a cabo contra Galileu era correcto e razoável.» Vários cientistas, professores e estudantes ficaram indignados e não esqueceram esta declaração.
Esta atitude originou uma viva polémica em Itália, com vários políticos de primeiro plano, entre os quais Romano Prodi e Berlusconi, a criticarem veementemente a intolerância laicista e, segundo Berlusconi, inspirada pela mentalidade da Esquerda radical. E não há dúvidas de que até têm uma certa razão, ou há liberdade para se dizerem as imbecilidades todas que se quiser ou não há liberdade para se afirmar seja o que for.
De qualquer modo, e qualquer que seja o fundamento histórico que Ratzinger julgue ter para dizer o que disse, não deixa contudo de ser sintomático que o actual papa apoie a repressão inquisitorial de que Galileu foi vítima, tendo de negar o que tinha afirmado para se salvar do providencial castigo que a Inquisição aplicava a quem punha em causa os sagrados dogmas alegadamente revelados a um povo semita pelo seu Deus semita pretensamente único...
Porque, tanto num caso como noutro, o que está em causa não é a correcção das teorias em si, mas sim a liberdade para as expressar. E a Igreja opôs-se inequivocamente a esse princípio, mas quer agora reivindicar para si o direito que negou a Galileu e a muitos outros, entre os quais Giordano Bruno, que, por não ter negado o seu próprio pensamento, como fez Galileu, acabou queimado vivo em praça pública.
A Igreja tinha agendada uma visita do papa a este antigo e tradicional bastião do saber na inauguração do novo ano académico, mas acabou por cancelá-la perante os protestos de vários professores e estudantes contra a postura de Ratzinger perante o caso de Galileu Galilei. Quando era ainda cardeal, o alemão afirmou o seguinte, no ano de 1990, num discurso proferido em Parma: «Na era de Galileu Galilei, a Igreja era mais fiel à razão do que o próprio Galileu. O processo levado a cabo contra Galileu era correcto e razoável.» Vários cientistas, professores e estudantes ficaram indignados e não esqueceram esta declaração.
Esta atitude originou uma viva polémica em Itália, com vários políticos de primeiro plano, entre os quais Romano Prodi e Berlusconi, a criticarem veementemente a intolerância laicista e, segundo Berlusconi, inspirada pela mentalidade da Esquerda radical. E não há dúvidas de que até têm uma certa razão, ou há liberdade para se dizerem as imbecilidades todas que se quiser ou não há liberdade para se afirmar seja o que for.
De qualquer modo, e qualquer que seja o fundamento histórico que Ratzinger julgue ter para dizer o que disse, não deixa contudo de ser sintomático que o actual papa apoie a repressão inquisitorial de que Galileu foi vítima, tendo de negar o que tinha afirmado para se salvar do providencial castigo que a Inquisição aplicava a quem punha em causa os sagrados dogmas alegadamente revelados a um povo semita pelo seu Deus semita pretensamente único...
Porque, tanto num caso como noutro, o que está em causa não é a correcção das teorias em si, mas sim a liberdade para as expressar. E a Igreja opôs-se inequivocamente a esse princípio, mas quer agora reivindicar para si o direito que negou a Galileu e a muitos outros, entre os quais Giordano Bruno, que, por não ter negado o seu próprio pensamento, como fez Galileu, acabou queimado vivo em praça pública.
Assim, assiste-lhe, indubitavelmente, razão para protestar contra a intolerância laicista; mas quanto a coerência para o fazer, não tem nenhuma.
Resta-lhe apenas o descaramento auto-vitimista habitual.
5 Comments:
E viva os Iluminatti e os altares da Ciencia!
Fora o obscurantismo católico!
Ó Caturo, e a ti, já te convidaram para lá ir botar faladura?
Este post assenta numa teoria errada. As frases do Papa foram descontextualizadas, o que está aqui em causa é uma minoria de professores da esquerda antifa (a maioria dos professores recusaram-se a assinar) a quererem protagonismo e a dar mostras de, eles sim, serem intolerantes. O Papa já por várias vezes elogiou Galileu e a frase em questão está fora de contexto pois ao afirmar que a Igreja teve a atitude científica certa referia-se ao método como exigia provas e duvidava das coisas até ser provado o contrário (coisa que muitos cientistas hoje não fazem) e não à atitude censória para com Galileu, que quer este Papa quer o anterior já condenaram veementemente. Vejam a celeuma criada à volta desta questão na imprensa italiana e compreenderão.
O tópico baseia-se numa notícia lida na única fonte encontrada. Não deixa de ser estranho que ninguém a refira em lado nenhum da comunicação social portuguesa... nem os beatos conservadores se manifestam contra a dita intolerância dos sessenta e sete professores que assinaram o protesto (e que o anónimo resolve dizer que de «antifas» se trata).
Duvido de qualquer modo que dezenas de professores universitários apoiassem uma acção desta natureza se o papa tivesse na mesma ocasião condenado a atitude da Igreja para com Galileu.
http://www.ekklesia.co.uk/node/6595
Proibir um cientista de se exprimir e obrigá-lo a desdizer-se sob pena de morte, não pode de modo algum ser considerado como uma «atitude científica», por mais que agora se queira branquear o passado da Igreja.
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