O DIMI E A JIZIA

Tendo no passado dia um do corrente constatado que certo camarada pensa que «dimi» significa simplesmente «colaborador», trago aqui uma explicação do verdadeiro e integral significado deste termo.

O Sura 9, “Arrependimento,” verso 29, ordena explicitamente que os muçulmanos guerreiem e submetam os Judeus e os cristãos - o «Povo do Livro», o qual uma vez subjugado entra na dima, ou seja, a protecção por parte dos muçulmanos, transformando-se assim em dimi, isto é, povo protegido:

9.29 . Combatei aqueles que não crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, nem abstêm do que Deus e Seu Mensageiro proibiram, e nem professam a verdadeira religião daqueles que receberam o Livro, até que, submissos, paguem o Jizya.

Vale a pena lembrar, a propósito desta guerra «santa», que o próprio Maomé empreendeu em 631 um ataque contra a guarnição de Tabuk pertencente aos Romanos de Bizâncio (Império Romano do Oriente) e sita no norte da Arábia, isto porque Alá ordenou ao seu mensageiro que lutasse contra o Povo do Livro (judeus e cristãos). O combate só não se deu porque as forças bizantinas daí se retiraram entretanto.

Ibn Juzayy, um especialista do Islão nascido na Andaluzia, afirmava que a supracitada parte do Alcorão era um mandamento para lutar contra o «Povo do Livro», em particular os cristãos, porque estes não proibiam a carne de porco e resistiam ao Islão. Dizia ele que os outros especialistas concordavam em que era preciso receber a jizia (imposto dos dimis) de Judeus e de cristãos, acrescentando que os zoroastrianos tinham sido aceites como merecedores do mesmo tratamento que o «Povo do Livro», mas que havia dúvidas a respeito dos idólatras e dos sabianos. Ibn Juzayy especificou que não se podia receber a jizia de mulheres, de crianças e de loucos, e que o significado da jizia era precisamente «submissão e obediência». Entretanto, a historiadora Bat Ye’or dá a saber que na realidade histórica há realmente testemunhos abundantes de que a jízia foi realmente imposta a crianças, a viúvas, a orfãos, e até a mortos...
E, em 640, a população conquistada da cidade de Nikiou, no norte do Egipto, estava de tal modo miserável que, para pagar a jizia, teve de oferecer os seus filhos aos invasores muslos.

O Tafsir al-Jalalayn, que é uma das principais exegeses do Alcorão, afirma que quando no verso 29 se especifica que os muçulmanos devem lutar contra «aqueles que não seguem a religião da verdade», está a referir-se aos não muçulmanos, visto que o Islão «abroga todos os outros credos».

Ibn Kathir, outro dos grandes autores islâmicos, diz claramente que as pessoas dos Povos do Livro que rejeitam Maomé, estão na realidade a ser falsos para com as suas próprias religiões: «(...) seguem as suas religiões, não porque sejam a lei de Alá, mas porque essas religiões eram dos seus antepassados. Se fossem verdadeiros crentes, a sua fé tê-los-ia guiado para Maomé, porque todos os profetas deram a boa nova do advento de Maomé e mandaram que se lhe obedecesse.(...)»

As-Sawi, mais outro doutor do Islão, especifica que o pagamento da jizia significa que os não muçulmanos são «humildes e obedientes aos julgamentos do Islão».

Deve também recordar-se o que disse o comandante beduíno al-Mughira bin Sa’d quando no ataque islâmico à Pérsia encontrou o general persa Rustam: «Chamo-te para o Islão ou então terás de pagar a jizia em estado de humilhação».
Rustam respondeu: «Sei o que significa a jizia, mas o que significa "estado de humilhação"?»
Al-Mughira explicou: «Tu pagas enquanto estou sentado com o chicote sobre a tua cabeça.»

Do mesmo modo, Ibn Kathir afirma que os dimis têm de ser «humilhados e rebaixados. Portanto, os muçulmanos não podem honrar as pessoas da dimah ou elevá-las acima dos muçulmanos, porque eles (dimis) são miseráveis, desgraçados e humilhados.»