segunda-feira, dezembro 24, 2007

ATLETAS IRANIANAS EM RISCO DE SEREM EXCLUÍDAS DAS OLIMPÍADAS

O vice-presidente do Comité Olímpico Iraniano, Abdolreza Savar, anunciou novas regras para lutar contra aquilo que ele define como «subjugação aos costumes ocidentais».
Num memorando enviado a todas as federações desportivas, Savar, que tem a seu cargo a vigilância do «comportamento apropriado dos atletas masculinos e femininos», afirmou que «punições severas serão aplicadas aos que não seguirem regras islâmicas durante as competições desportivas», tanto no país como fora dele. O memorando declara também que «nenhum treinador masculino pode treinar ou acompanhar as atletas quando estas viajarem para o estrangeiro.»

Savar disse também que «se não se encontrarem treinadores do sexo feminino, as nossas equipas femininas não irão participart em competições internacionais.»

As atletas iranianas, que estão entre as melhores do Médio Oriente, têm sido restringidas nas provas internacionais, chegando tal restrição à exclusão, devido âs regras islâmicas excepcionalmente rígidas que o governo iraniano lhes impõe. Exemplos disto são a equipa iraniana de voleibol, que, tendo sido em tempos uma das melhores da Ásia, não pôde mais recentemente participar em nenhuma competição internacional precisamente porque não tem treinadora.

O presidente do Comité Olímpico iraniano também exige que se respeitem regras islâmicas no vestuário das atletas, bem como ao contacto com homens - expressou por exemplo o seu desgrado a respeito do facto de um árbitro masculino ter agarrado e levantado a mão de uma atleta iraniana vencedora duma competição de Tae-Kwon-Do em Macau.
Garante, Sacar, que nenhuma atleta irá participar nos próximos Jogos Olímpicos em que haja a possibilidade de alguma delas entrar em contacto físico com qualquer indivíduo do sexo masculino.

E porquê?

Porque, segundo Savar, o objectivo do Irão «não é só ganhar medalhas, mas promover a cultura islâmica, e portanto o Irão irá inaugurar uma exposição dedicada aos valores islâmicos durante as Olimpíadas de Pequim» de 2008.

Entretanto, outras mulheres iranianas foram impedidas de praticar os seus desportos, como por exemplo a campeã de rali Laleh Seddigh (doze meses de proibição de participação em qualquer corrida), conhecida como «a Schumacher do Oriente», acusada de mexer ilegalmente no motor do seu automóvel, acusação esta que a desportista diz não passar de um pretexto falso para a excluírem, precisamente devido ao seu sexo.