segunda-feira, outubro 22, 2007

O SALAFISMO

Numa conferência internacional sobre o Salafismo que teve recentemente lugar na cidade holandesa de Nijmegen, concluiu-se que o movimento fundamentalista do Salafismo dissemina-se rapidamente em todo o mundo através da internet - e, com a simplicidade da sua mensagem, exerce poderosa atracção sobre os muçulmanos desenraizados, nomeadamente os jovens, não apenas os que vivem nos países islâmicos, mas também os que habitam em solo europeu.

O Salafismo deriva do Wahabismo, seita saudita da qual Osama bin Laden e o grupo marroquino em solo holandês Hofstad (ao qual pertence o assassino de Theo van Gogh) são militantes.

Está esta corrente de tal modo presente em várias partes do mundo que há já quem pense que há vários movimentos salafistas…
Os salafistas representam a visão teológica que pretende um retorno ao estilo de vida dos primeiros muçulmanos, tal como os protestantes de Lutero quiseram um retorno da Cristandade ao modo de ser dos primeiros cristãos. Trata-se de um discurso bem alicerçado na tradição muçulmana que tem mostrado ser altamente atractivo para muitos jovens muçulmanos em todo o mundo.
Um observador norueguês, Thomas Hegghammer, justifica assim a popularidade salafista: «numa época de grandes mudanças e de falta de alternativas ideológicas, a mensagem clara e simples do Salafismo tem muito a oferecer aos jovens muçulmanos em busca de identidade
E, acrescento eu, não são apenas os jovens nascidos em famílias muçulmanas que se sentem atraídos pelo simplismo brutal do Islão mais radical - há no Ocidente uma massa jovem (e talvez não só) potencialmente integrável nas fileiras islâmicas, composta, por um lado, de europeus marginais e desenraizados, normalmente militantes de extrema-esquerda, e, por outro, de filhos de imigrantes não europeus, especialmente receptivos a toda e qualquer mensagem de rancor e violência que lhes permita afirmar-se contra a sociedade «racista» dos brancos europeus.

Outro especialista, Roel Meijer da Universidade Radboud, salientou que o Salafismo é um dos movimentos religiosos que mais rapidamente cresce a nível mundial: «os salafistas comunicam principalmente através da internet. Em paralelo com a ascensão deste meio de comunicação o movimento difundiu-se rapidamente em todo o mundo.»

Desde o ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque que o Salafismo tem andado a ser estudado por vários serviços secretos. O estudo académico deste movimento está contudo surpreendentemente atrasado, o seu desenvolvimento tem sido relativamente lento.

Um das características doutrinais do Salafismo consiste no manuseamento efectivo do chamado «takfir», prática que consiste em rotular os muçulmanos que divirjam do Salafismo como heréticos ou descrentes. Os salafistas desprezam os chiitas e os sufis, e evocam uma antiga profecia de Maomé segundo a qual no final dos tempos haveria setenta e três grupos de muçulmanos e só um deles seria salvo e entraria no Paraíso.
Existem, sem embargo, divisões no seio do Salafismo, e até na Alcaida há quem dele discorde.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"há no Ocidente uma massa jovem (e talvez não só) potencialmente integrável nas fileiras islâmicas, composta, por um lado, de europeus marginais e desenraizados, normalmente militantes de extrema-esquerda..."

O quê?
O Flávio e os da sua seita são da extrema-esquerda?

23 de outubro de 2007 às 12:25:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Não anda muito longe disso. Acresce que eu disse «normalmente militantes de extrema-esquerda» porque estava a falar de um modo geral, precisamente porque queria englobar casos em que os simpatizantes do Islão não fossem formalmente militantes de extrema-esquerda.

23 de outubro de 2007 às 13:46:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Não anda muito longe disso"

Fonix, vou já transferir-me para a extrema-direita.

23 de outubro de 2007 às 15:24:00 WEST  

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