RELIGIÃO ÉTNICA (ISTO É, PAGÃ) A CRESCER NO NORTE DA OSSÉTIA
Na terra donde vieram os Alanos, que ocuparam a Lusitânia durante dez anos, ouvem-se mais e mais nítidos os chamamentos dos Deuses ancestrais.
No primeiro domingo de Julho, bosque de Santo Hetag - situado numa ilha das margens do rio Ardon, perto da capital, Vladikavkaz - é o mais popular e concorrido local de peregrinação da Ossétia do Norte, ou Alânia (donde partiram os Alanos, povo de estirpe irânica que veio para a Ibéria juntamente com os invasores germânicos, os Vândalos, e que por volta do século V d.c. se fixou na Lusitânia), visto que milhares de pessoas aí se juntam para celebrarem o maior festival do País, que é de origem pagã embora tenha sido cristianizado - e que, recentemente, se tornou num motivo de acesa polémica.
No meio do bosque, há um templo coberto de cúpula ao qual os adoradores afluem, levando consigo cerveja caseira e três tartes triangulares, tendo cada uma delas uma costela de carneiro.
Após rezarem num altar provisório, deixam aí as suas oferendas numa caixa de metal e acendem velas.
Banqueteiam-se a seguir num piquenique, ora em mesas ao ar livre, ora em longas cabanas feitas de tijolo.
Nos anos oitenta, as autoridades soviéticas tentaram proibir estas festividades, chegando ao ponto de colocar um anel policial em torno do bosque para impedir a realização das peregrinações.
Como isto não resultou, tentaram a seguir transformar a celebração num feriado nacional, desprovido da sua carga religiosa. Houve actuações de músicos e de grupos de dança, bem como competições desportivas.
Quando a União Soviética desabou em 1991, o aspecto religioso deste festival foi retomado em todo o seu esplendor – porque, de facto, os ateísmos insípidos e amesquinhantes passam, o Sagrado intemporal permanece, nem que seja adormecido e, tarde ou cedo, triunfa.
«Nesses anos, o povo osseta teve necessidade da religião tradicional. Os eventos (conflitos político-militares com muçulmanos na sua raiz, mais uma «novidade»…) que se deram na Ossétia do Norte e na Ossétia do Sul constituíram uma ameaça para os Ossetas, o que os levou a agarrarem-se ao reviver da sua religião nacional. Havia necessidade de um santuário e escolheram o Bosque Hetag, porque fica no meio da Ossétia.», informa Timur Dzeranov, estudioso especializado da questão da prática religiosa.
E continua: «A religião tradicional osseta foi apenas parcialmente preservada. Não há um sistema de valores unificado. Nem o Cristianismo nem a influência pagã são totalmente dominantes.»
Ao contrário do que sucede nas outras repúblicas do norte do Caucaso, onde o Islão está bem implantado, a Ossétia do Norte tem uma alta proporção de cristãos, embora a religião de Mafoma também esteja aí presente. Ao mesmo tempo, há uma espécie de corrente «subterrânea» de antigos costumes pagãos.
De acordo com Dzeranov, «Tanto a Igreja Ortodoxa como a comunidade muçulmana estão a tornar-se mais fortes na Ossétia. Hoje em dia as mesquitas estão cheias de gente e muitos ossetas estão a lembrar-se das suas raízes muçulmanas. Paralelamente, outros credos atraem aderentes - protestantes, baptistas, pentecostais, testemunhas de Jeová.
Há também grandes esforços no sentido de reviver a religião tradicional osseta, mas tenho a impressão de que as comunidades muçulmana e cristã são mais bem organizadas e não há o mesmo tipo de consistência quando se trata da religião tradicional.»
Diz uma lenda local que Santo Hetag, filho de um príncipe muçulmano kabardiniano, converteu-se ao Cristianismo e teve de fugir daqueles que o queriam obrigar a voltar ao Islão. Chegou à Ossétia e, como os seus perseguidores tentavam ainda apanhá-lo e matá-lo, ele rezou a pedir ajuda num espaço aberto e parte da floresta desceu das montanhas e cobriu-o. Vendo este milagre, os seus inimigos fugiram.
A lenda tem, como se vê, uma aparência formal cristã. Não obstante, é suficientemente pagã para que actualmente haja ossetas suficientemente conscientes da sua herança religiosa étnica para realizarem aí uma crescente re-paganização.
Efectivamente, tudo indica que a festividade actual tem muito pouco a ver com o Cristianismo. Um monge noviço da igreja ortodoxa russa queixa-se disto nos seguintes termos: «Isto é um local sagrado, um sítio que é testemunha da intervenção de Deus. Na tradição cristã é costume honrar lugares como este, e as igrejas são frequentemente aí construídas. O modo de honrar este sítio já é um assunto diferente. Antes da revolução (russa, 1917) estava lá uma capela de São Jorge. Mas isso pouco há de cristão no que por lá resta.»
Os cristãos tendem a mostrar ambivalência a respeito do local; os muçulmanos, por seu turno, criticam-no fortemente. O mufti da Ossétia do Norte, Murat Tavkazakhov, condenou os «estúpidos políticos» por promoverem o festival. E falou assim aos jornalistas: «Condenamos o Paganismo e lamentamos profundamente que os pagãos tenham inventado outros Deuses além do Todo-Poderoso. Estamos enojados por este dia de Santo Hetag, este dia pagão! Uma árvore não se pode defender a si mesma, portanto como pode defender a minha família? Portanto, para quê rezar a uma árvore? O Todo-Poderoso não tem quaisquer intermediários.»
O mufti referia-se aqui aos costumes ossetas observados nos santuários, derivado das crenças nas antigas Deidades.
Pena que, aparentemente, ninguém tenha perguntado ao mufti se a kaaba de Meca se protegeria a si própria caso fosse atacada, ou se defenderia a família dele, ou se o Alcorão era capaz de evitar que o deitassem pela sanita abaixo (efectivamente, não foi capaz de o evitar, consta...), ou mesmo se o seu Alá impediu os cristãos de expulsarem os muçulmanos da Ibéria e da Europa de sudeste... ou impediu os hindus de travarem a conquista islâmica da Índia e até de recuperarem território, tendo nessa região do mundo mais força do que os arautos de Mafoma...
Relativamente ao modo como a celebração de Hetag é hoje realizada, há alguns adeptos das autênticas tradições ossetas que lamentam o modo como estas têm sido aproveitadas para que alguns cometam excessos em matéria de alcoolismo, além de sujarem o local com detritos alimentares.
No meio do bosque, há um templo coberto de cúpula ao qual os adoradores afluem, levando consigo cerveja caseira e três tartes triangulares, tendo cada uma delas uma costela de carneiro.
Após rezarem num altar provisório, deixam aí as suas oferendas numa caixa de metal e acendem velas.
Banqueteiam-se a seguir num piquenique, ora em mesas ao ar livre, ora em longas cabanas feitas de tijolo.
Nos anos oitenta, as autoridades soviéticas tentaram proibir estas festividades, chegando ao ponto de colocar um anel policial em torno do bosque para impedir a realização das peregrinações.
Como isto não resultou, tentaram a seguir transformar a celebração num feriado nacional, desprovido da sua carga religiosa. Houve actuações de músicos e de grupos de dança, bem como competições desportivas.
Quando a União Soviética desabou em 1991, o aspecto religioso deste festival foi retomado em todo o seu esplendor – porque, de facto, os ateísmos insípidos e amesquinhantes passam, o Sagrado intemporal permanece, nem que seja adormecido e, tarde ou cedo, triunfa.
«Nesses anos, o povo osseta teve necessidade da religião tradicional. Os eventos (conflitos político-militares com muçulmanos na sua raiz, mais uma «novidade»…) que se deram na Ossétia do Norte e na Ossétia do Sul constituíram uma ameaça para os Ossetas, o que os levou a agarrarem-se ao reviver da sua religião nacional. Havia necessidade de um santuário e escolheram o Bosque Hetag, porque fica no meio da Ossétia.», informa Timur Dzeranov, estudioso especializado da questão da prática religiosa.
E continua: «A religião tradicional osseta foi apenas parcialmente preservada. Não há um sistema de valores unificado. Nem o Cristianismo nem a influência pagã são totalmente dominantes.»
Ao contrário do que sucede nas outras repúblicas do norte do Caucaso, onde o Islão está bem implantado, a Ossétia do Norte tem uma alta proporção de cristãos, embora a religião de Mafoma também esteja aí presente. Ao mesmo tempo, há uma espécie de corrente «subterrânea» de antigos costumes pagãos.
De acordo com Dzeranov, «Tanto a Igreja Ortodoxa como a comunidade muçulmana estão a tornar-se mais fortes na Ossétia. Hoje em dia as mesquitas estão cheias de gente e muitos ossetas estão a lembrar-se das suas raízes muçulmanas. Paralelamente, outros credos atraem aderentes - protestantes, baptistas, pentecostais, testemunhas de Jeová.
Há também grandes esforços no sentido de reviver a religião tradicional osseta, mas tenho a impressão de que as comunidades muçulmana e cristã são mais bem organizadas e não há o mesmo tipo de consistência quando se trata da religião tradicional.»
Diz uma lenda local que Santo Hetag, filho de um príncipe muçulmano kabardiniano, converteu-se ao Cristianismo e teve de fugir daqueles que o queriam obrigar a voltar ao Islão. Chegou à Ossétia e, como os seus perseguidores tentavam ainda apanhá-lo e matá-lo, ele rezou a pedir ajuda num espaço aberto e parte da floresta desceu das montanhas e cobriu-o. Vendo este milagre, os seus inimigos fugiram.
A lenda tem, como se vê, uma aparência formal cristã. Não obstante, é suficientemente pagã para que actualmente haja ossetas suficientemente conscientes da sua herança religiosa étnica para realizarem aí uma crescente re-paganização.
Efectivamente, tudo indica que a festividade actual tem muito pouco a ver com o Cristianismo. Um monge noviço da igreja ortodoxa russa queixa-se disto nos seguintes termos: «Isto é um local sagrado, um sítio que é testemunha da intervenção de Deus. Na tradição cristã é costume honrar lugares como este, e as igrejas são frequentemente aí construídas. O modo de honrar este sítio já é um assunto diferente. Antes da revolução (russa, 1917) estava lá uma capela de São Jorge. Mas isso pouco há de cristão no que por lá resta.»
Os cristãos tendem a mostrar ambivalência a respeito do local; os muçulmanos, por seu turno, criticam-no fortemente. O mufti da Ossétia do Norte, Murat Tavkazakhov, condenou os «estúpidos políticos» por promoverem o festival. E falou assim aos jornalistas: «Condenamos o Paganismo e lamentamos profundamente que os pagãos tenham inventado outros Deuses além do Todo-Poderoso. Estamos enojados por este dia de Santo Hetag, este dia pagão! Uma árvore não se pode defender a si mesma, portanto como pode defender a minha família? Portanto, para quê rezar a uma árvore? O Todo-Poderoso não tem quaisquer intermediários.»
O mufti referia-se aqui aos costumes ossetas observados nos santuários, derivado das crenças nas antigas Deidades.
Pena que, aparentemente, ninguém tenha perguntado ao mufti se a kaaba de Meca se protegeria a si própria caso fosse atacada, ou se defenderia a família dele, ou se o Alcorão era capaz de evitar que o deitassem pela sanita abaixo (efectivamente, não foi capaz de o evitar, consta...), ou mesmo se o seu Alá impediu os cristãos de expulsarem os muçulmanos da Ibéria e da Europa de sudeste... ou impediu os hindus de travarem a conquista islâmica da Índia e até de recuperarem território, tendo nessa região do mundo mais força do que os arautos de Mafoma...
Relativamente ao modo como a celebração de Hetag é hoje realizada, há alguns adeptos das autênticas tradições ossetas que lamentam o modo como estas têm sido aproveitadas para que alguns cometam excessos em matéria de alcoolismo, além de sujarem o local com detritos alimentares.
11 Comments:
Cerveja caseira parece bom, mas um hidromel também não ficava nada mal.
de 3 passaram para 6 portanto um aumento de 100%
prá frente é que é o caminho e para trás mija a burra
até aqui está tudo muito bem.
mas não eras tu que defendias que os comunas poderiam também ter consciência racial e defenderem a continuidade etno-cultural da nossa estirpe?
o materialismo/ marxismo é inimigo visceral das religiões. em marx a única realidade é a acção;o resto são posições tomadas em função da acção. por isso, caturo. não faz sentido dizer-se colaborador ou aliado do marxismo na sua acção e não na sua doutrina.
mas não eras tu que defendias que os comunas poderiam também ter consciência racial e defenderem a continuidade etno-cultural da nossa estirpe?
Poder, podem. Mas o facto de poderem ter não implica que tenham de facto.
Há efectivamente nacional-comunistas e comunistas puros. Os primeiros podem ser nossos camaradas, os segundos não.
não faz sentido dizer-se colaborador ou aliado do marxismo na sua acção e não na sua doutrina
Quando é que eu alguma vez disse isso?...
O melhor mesmo é um bom tinto Alentejano!
"Para Ur,o santuário,ele veio,
Enki,o rei da abismo,decreta o destino:
"Ó cidade,bem fornecida,banhada por muita água,boi sólido,
Estrado de abundância da Terra,joelhos abertos,verde como a montanha,
Floresta Hashur,cheia de sombra,heróica...
Possam as tuas perfeitas leis divinas ser bem dirigidas,
A grande montanha Enlil,no Céu e na Terra,proferiu o teu exaltado nome;
Cidade cujos destinos foram decretados por Enki,
Sagrada Ur,possa tu erguer-te do alto Céu."
Hino a Enlil (excerto)
"Agora que Céu e Terra viram seus destinos;
Trincheiras e canais reconduzidos foram a seu devido curso,
E as margens do Tigre e do Eufrates se definiram,
Que mais havemos de fazer?
Que mais havemos de criar?
Ó Anunaki,vós poderosos deuses do Céu,que mais havemos de fazer?"
Considerações assírias sobre a criação do Homem
"O Céu foi criado,
A Terra foi criada,
Quem deverá agora viver,ó deuses?"
Crónica asteca "A História dos Reinos"
"Ninguém viveu mais que uma criança morta e P´eng Tsu morreu jovem.
O céu e a Terra são tão velhos como eu e as dez mil coisas são uma só."
Chuang Chou( c. 300 a.C.)
"Quem sois?Donde vindes?Nunca vi ninguém como vós."(O Corvo Criador olhou o Homem e ficou surpreendido ao verificar como este ser tão estranho era tão semelhante a ele próprio.)
Mito esquimó da Criação
"Há alguns loucos que declaram que um criador fez o mundo.
A doutrina que afirma que o mundo foi criado é imprudente e deve ser rejeitada.
Se Deus criou o mundo,onde estava Ele antes da criação?...
Como poderia Deus ter feito o mundo sem matéria-prima?
Se se disser que Ele a fez primeiro e depois o mundo,enfrenta-se uma regressão infindável...
Saibam que o mundo é incriado,como o próprio tempo,sem princípio nem fim.
E baseia-se nos princípios..."
(Mahapurana[A Grande Lenda],de Jinasena [Índia,século IX]
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