Eu já aqui tinha colocado este artigo, mas vale sempre a pena repeti-lo e engrossá-lo em diversas passagens, as mais importantes e significativas a vermelho:
Um sociólogo mostrou, em números, que o insucesso escolar dos descendentes de imigrantes cabo-verdianos, afinal, não é tão diferente do dos “outros” - os autóctones, presumia-se - que também reprovam muito. E quanto mais escolarização aqueles jovens têm maior o sentimento de pertença, “mais cabo-verdianos são”. Num auditório, os discursos abordavam a “integração dos descendentes de cabo-verdianos na diáspora”, ou seja, falava-se de portugueses jovens, coloridos de ascendências várias, que começam agora a integrar o mercado de trabalho, mas que, embora constitucionalmente iguais, estão ausentes da cadeia de poderes. O fosso entre “Uns e Outros” sentia-se na plateia, perante uma mesa de oradores, representantes de várias autarquias, municípios de vastas populações de emigrantes, mas sem resquícios deles nos poderes de decisão. Preconceito das instituições portuguesas? Ou fragilidade destas novas gerações de “coração cabo-verdiano” e “razão portuguesa”?.
O sociólogo Luís Machado, exibiu, numa amostragem de 361 jovens “portugueses-cabo-verdianos” entre os 15 e os 29 anos, que há descendentes de imigrantes já em todos os níveis de ensino. 60 por cento nasceram em Portugal e têm nacionalidade portuguesa. E como se sentem eles? Onde pertencem?. O estudo do ISCTE revela: sentem-se primeiro “mais cabo-verdianos”, depois “africanos”, a seguir “portugueses” e no fim “europeus”.
“Os mais escolarizados tem um sentimento de pertença mais forte, mas não há problema nisto. Pode haver problemas, sim, se os jovens se sentem pouco portugueses”, explicou o especialista.
O Encontro que reuniu em Lisboa uma centena de descendentes da diáspora, diria que mais cabo-verdianos portugueses, com salpicos holandeses, franceses, luxemburgueses, norte-americanos e italianos. Foi um palco de “comunicações de doutores” e de espelho de “brilhos” uns dos outros . Os painéis deixaram o vazio, de quase nada se saber, sobre os “descendentes” nos outros países. É preciso saber para comparar.
Na plateia, os jovens portugueses de origem cabo-verdiana decidiram falar pouco de si próprios! Era delicado. “Se sou portuguesa, tenho os mesmos direitos que os outros, e se falo já estou a auto-descriminar-me!”, disse uma jovem jurista, que ousou, sem resposta, perguntar às Câmaras: “O que decidimos nós, sobre nós?”.
O Francisco, sociólogo, com origem em Santiago, falou de descriminação. Há “portugueses-cabo-verdianos” que tem estudos, mas não conseguem sair da construção civil... não temos na prática os mesmos direitos”.
Depois há outros como a Carla e a Conceição, estudantes, na casa dos 20, que nasceram em Portugal e ainda não conseguiram a respectiva nacionalidade... ”os documentos estão lá (no gabinete) há mais de três anos... se calhar só com a nova lei que vem aí...” Mas, por causa disso, uma delas não pode entrar para a Força Aérea, ramo a que se candidatara.
Os desabafos foram muitos: deselegâncias, descriminação, secundarização, dificuldades de aprendizagem do português, burocracias., mas também relatos de escolas onde há dezenas de nacionalidades e onde 70% dos alunos são de origem cabo-verdiana. “Há lusos (autóctones) que já falam crioulo”, disse Elizabete Ramos.
Nos bastidores deste seminário - cujas conclusões saídas de reuniões de grupos fechados, pouco perceptíveis, são no entanto reveladoras de uma imperiosa necessidade de “educação, educação, educação”, - Grace, da Holanda, notou que neste país se vive melhor, “os cabo-verdianos são mais livres, não têm medo, falam mais... Em Portugal, são pouco solidários, têm receio de ofender os doutores, não chamam as coisas pelos nomes”. Posição diferente expressou David Leite, da França: “em Portugal os cabo-verdianos têm uma relação próxima com os políticos e até conseguem influenciar as leis”. Em França, diz “perante outras comunidades maiores, os cabo-verdianos nem se notam, diluem-se, não fazem eco”. Dos Estados Unidos, Ambrizeth nota que ali as coisas são diferentes.:os cabo-verdianos juntam-se muito com os portugueses. Há maior esclarecimento sobre as leis e quando Condoleza Rice foi eleita “todos os cabo-verdianos apoiaram. Sentiram-se bem”. Do Luxemburgo, Albano Graça, disse que “os jovens de ascendência cabo-verdiana têm muita dificuldade na escola, igual para todos, e onde têm de aprender o luxemburguês, o inglês, o francês e o crioulo. Por isso, têm de ir para a Bélgica estudar”.
Foram relatos de angústias, comuns aos povos que circulam entre territórios de culturas diferentes, numa sociedade global multicultural. Por isso começa a evidenciar-se a necessidade de uma evolução para um patamar de cidadania, para além das raças e cores, cimentada em direitos e deveres iguais, para que os seres humanos vivam com dignidade.
Em Portugal fica o repto: É preciso educar os portugueses e perguntar o que pensam e como aceitam os “Outros”. É um estudo por fazer.
Saliente-se: a maioria dos cabo-verdianos nascidos em Portugal têm já nacionalidade portuguesa, mesmo sentindo-se mais cabo-verdianos e africanos do que portugueses... e claro, são daqueles que marcam bem a «diferença» entre ser português e ser europeu. E esta africanidade dos cabo-verdianos «portugueses» acentua-se tanto mais quanto mais se instruem, o que não deixa de ser significativo, visto que, ao estudarem, percebem com mais clareza o quão afastados se encontram dos Europeus.
Quer isto dizer que esta gente só serve para afastar Portugal dos seus verdadeiros irmãos de Estirpe, que são os outros povos da Europa.
Entretanto, note-se que têm dificuldade na aprendizagem do Português, o que, de resto, eu e qualquer pessoa de ouvidos abertos já sabia... efectivamente, há neste campo uma vantagem inequívoca dos imigrantes do leste, cuja maioria aprende a falar bom Português em tempo recorde.
Muito mais alarmante é constatar que estes «lusófonos» contribuem para que a população jovem genuinamente portuguesa seja alienada da sua verdadeira identidade, ou que, pelo menos, comece a ter necessidade social de aprender a falar a língua do iminvasor africano.
O que entretanto não se esperava é que se dissesse que os «vitimados» negrinhos cabo-verdianos têm afinal influência na feitura das leis em Portugal... muito nos conta quem assim fala...
32 Comments:
E pelos vistos também querem fazer os trabalhos que os portugueses não querem. Ou talvez não. Coitadinhos, não têm bons empregos, e estudaram tanto. Esquecem-se é que muitos portugueses que estudaram também não tem bons empregos.
também gostei daquela que disse que não falava para não se auto- descriminar.
tenho é pena dos emigrantes portugueses que são explorados na islândia pelos nossos irmãos louros e de olhos azuis
O capitalismo selvagem tem muitas cores.
bico calado!
são da nossa estirpe e os islandeses são nosso amigos.precisam de mão-de-obra não qualificada por isso os tugas vão ajudá-los e não roubar postos de trabalho
O capitalismo não tem estirpe.
Brilhante resposta, anónimo de Terça-feira, Maio 29, 2007 12:10:00 PM. Numa única afirmação, deitou completamente por terra o «argumento» anterior. :)
Coitadinhos, não têm bons empregos, e estudaram tanto. Esquecem-se é que muitos portugueses que estudaram também não tem bons empregos.
Pois, mas eles foram escravizados durante não sei quanto tempo e tal, tinham direito a uma compensaçãozita... pois era...
também gostei daquela que disse que não falava para não se auto- descriminar.
Um fartote de riso...
ó imbecil! a emigração portuguesa acabou com a revolução de abril
Ummm... não tenho opinião tão rosada sobre o trabalho que os portugueses fazem por essa Europa fora. Não percebi esse argumento, "precisam de mão de obra não qualificada". Não é esse o mesmo argumento usado por cá para justificar a imigração? E não costuma ser o contra-argumento que se não fossem para lá trabalhar sem condições e por metade do ordenado haveria nativos que o fizessem? Compreendo a questão étnica - não vou entrar no jogo de que "somos muito diferente" - e europeus são europeus (tenho visões diferentes sobre a imigração de Leste e a africana, por exempl), mas sinto-me duplamente humilhado enquanto português quando vejo os meus concidadãos a serem esplorados em condições de quase escravatura: pelo drama pessoal dos mesmos e, não posso negar, pela imagem que transmite enquanto povo.Não tenho detalhes sobre a situação na Islândia, mas basta ver Inglaterra, Holanda e até Espanha...
Claro está, a situação decorre do empobrecimento progressivo da força de trabalho nacional, incluíndo a utilização de mão-de-obra imigrante por cá. O jogo é mesmo esse: fazer a rotação populacional em "escada" de forma a permitir o máximo de saldo exploratório no global. E nesse jogo nós somos, de momento e nos últimos 30 anos, um dos elos mais fracos, suportando situações que mais nenhum outro povo europeu suporta.
Quanto ao texto em si, só quem vive num condomínio fechado com os filhos num colégio e depois vem falar das "condições óptimas, plenas de multiculturalidade" para os filhos *dos outro* é que enventualmente não quer ver as evidências.
O capitalismo na sua feicao mais liberal, de facto ultra-liberal, e um dos responsaveis pela iminvasao. Mas existem outros factores, que nao economicistas, para explicar a lenta, mas visivel erosao das identidades europeias.
Caro Oestreminis, li alguns dos seus comentarios e daqui bem longe envio-lhe os meus parabens.
A sua trajectoria assemelha-se,de uma certa forma, ao meu percurso politico.
As minhas cordiais saudacoes
Miazuria (Miguel Angelo Jardim)
Também subscrevo as palavras do Oestreminis.
Essa rotatividade também pode ser considerada, mesmo a nível interno, como factor de erosão cultural. Veja-se o caso dos professores que normalmente poderiam funcionar como elementos de fixação e transmissão às novas gerações.
o pnr devia de apoiar e denunciar a escravidão dos portugueses na europa. ah pois isso é areia de mais para a camioneta dos meninos da rua da prata.
tá quieto rapazinho!
bem desconfiava que o dr.miguel ângelo jardim tinha sido COMUNISTA
e neste momento defendes a teologia da libertação? ou a missa em latim?
P/S: esta minha questão foi feita com respeito
errata: apoiar os portugueses
o miazura ainda mantém contactos com os movimentos de libertação?MPLA, FRELIMO,e PAIGC
o miazura ainda mantém contactos com os movimentos de libertação?MPLA, FRELIMO,e PAIGC
LOL! Coitado do amigo Miguel
O facto de ter pertencido ao partido comunista, pode ser muito bom para ser usado contra o próprio sistema, acaba por ser uma mais valia para o movimento nacionalista, assim é sempre mais dificil eles se refugiarem nos comentários de que somos nazis, fascistas, etc, etc...
prefiro conviver com um ex-comunista do que com aqueles que ainda dizem, em certos agrupamentos nacionalistas, que ser marxista é uma coisa acessória na causa nacional, esquecendo-se do seu imperalismo e universalismo igualitário
:)
Um forte abraço para o Dr. Miguel A.J
Saudacoes ao Pantera e ao Anonimo Conta-me como foi....
Quanto a teologia da libertacao, sim, aplico os seus metodos de analise a luta de libertacao dos povos europeus,ahahahah!
Quanto a missa em latim, claro que a defendo! Uma boa oportunidade para recordar as minhas aulas de latim...
Ahahahahah!
Com todo o humor possivel!
Saudacoes
Miazuria (Miguel Angelo Jardim)
AH! Ja me esquecia: fui, sou e serei, sempre, SOCIALISTA!
Nao tenho complexos!
Nao confundir com os sucias, neos e caqueticos, que pela Europa vao enganando as pessoas.
Miazuria (Miguel Angelo Jardim)
Social-fascista!!!!
Oh Miguel, para acabar com bocas a teu respeito, se eu fosse a ti, escrevia e publicava a tua biografia. Assim uma espécie de A Minha Luta à portuguesa.
parem com essas bocas foleiras.
ele já disse que não é judeu por parte da mãe
PORRA!!!! Obrigam-me a escrever asneiras!
E que nao ha mesmo paciencia com esta mania dos judeus!
Por favor, estudem, leiam mais um pouco...Nao custa muito!
Existem bibliotecas, livrarias, sitios na net...
A ignorancia cura-se!
A Minha Luta?!Ahahahahahah!
O homem que a escreveu, em alemao,ate e do mesmo signo que o meu e nasceu no mesmo mes!
Isto e mesmo para deixem-me rir....
Miazuria (Miguel Angelo Jardim)
De facto... isto dos judeus é de um anacronismo em termos ibéricos que não percebo... se os Nazis fossem canadianos tinhamos pessoas em Portugal a queixarem-se dos esquimós.
Caro Miazuria, agradeço as suas palavras. Devo confessar não conhecer em detalhes o seu percurso político, embora o consiga intuír. Seja como for tenho lido com interesse os seus artigos no Arqueofuturista
mas ter sangue judeu, mesmo «só» por via paterna, vai contra a continuidade etno-cultural portuguesa. ou JÁ não será assim?
portuguesa e/ou europeia
Caro Oestreminis, obrigado pelas suas palavras.
Espero que possamos ter bons debates, serios,rigorosos, sobre o que se passa hoje em Portugal e no mundo.
Subscrevo inteiramente o seu raciocinio analogico sobre os esquimos em Portugal!
Bem apanhado e nao menos bem reflectido.
Tem inteira razao!
Os meus melhores cumprimentos,
seu
Miazuria (Miguel Angelo Jardim)
shalom!
De facto, a comparação com os hipotéticos nazis canadianos anti-esquimós está bastante pertinente... ;)
"A Minha Luta?!Ahahahahahah!
O homem que a escreveu, em alemao,ate e do mesmo signo que o meu e nasceu no mesmo mes!"
Meu carneiro!
Um abraço
Big Brother
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