... COMEÇA MARÇO, MÊS DE MARTE...

Estatueta de Marte encontrada nos Pirinéus - o estilo é evidentemente clássico, romano, mas denota certamente influência indígena, como se pode ver na imagem do touro que traz no cinturão, e também no elmo, munido de três cornos taurinos. Crê-se, por via destes e doutros indícios, (segundo Olivares Pedreño) que o touro fosse consagrado ao Deus da Guerra dos povos do norte e do ocidente da Península Ibérica - na Lusitânia e na Galécia, chamar-Se-ia eventualmente Bandua; alguns Galaicos, e talvez Lusitanos, aplicar-Lhe-iam também o teónimo Cosus.

Março é, como o próprio nome indica, o mês do Deus da Guerra Marte, também chamado Mavorte, Maurs, Mamers, Marmar, etc..

Neste dia, os Sálios, sacerdotes de Marte, transportavam os Doze Escudos Sagrados de Marte, caídos do Céu, dançando por toda a cidade e entoando o seu arcaico cântico marcial, o Carmen Saliare. O espectáculo durava até 24 de Março.

O Primeiro de Março era também o fim do Carnaval nos tempos antigos, fim do ano sacral e começo da Primavera.

O dia de hoje era ainda consagrado a Juno Lucina, Deusa do Nascimento, que protege especialmente as mulheres e o nascimento. No Seu culto, as mulheres têm de desprender o cabelo e desmanchar qualquer nó que tenham em si - na roupa, por exemplo - de modo a simbolizar a total ausência de qualquer coisa que estorve o nascimento.

Nesta ocasião, os maridos rezam pelo bem-estar e saúde das suas esposas. É um dia de grande celebração e rebaldaria, trocam-se presentes entre familiares e amigos, num ambiente festivo, de jogo, música e danças pelas ruas.

«Gentil Lucina, rezo para que poupes as raparigas grávidas dos seus trabalhos de parto e gentilmente faças brotar as crianças dos seus ventres.»

(Ovídio, Fastos, II.451-52)

Independentemente disso, as calendas de cada mês são consagradas a esta Deusa.

O ano latino arcaico, composto de dez meses, começava em Março. Por conseguinte, as virgens vestais - sacerdotisas da Deusa Vesta - renovavam neste dia o Fogo Sagrado da Pátria.