segunda-feira, dezembro 11, 2006

Sáturnes, 26 de Abril de 2778 AUC

ANIVERSÁRIO DO RETORNO DO CVLTI DEORVM EX PATRIA

Janus


Palatua

Neste dia no qual os Romanos honravam Janus, Deus dos Inícios, Bruma, a Deusa do Inverno, e Palatua, Deusa protectora da cidade e dos rebanhos, eventualmente equivalente à lusitana Trebopala, sucedeu em 361 e.c. (era comum ou cristã), ou 1114 A.U.C. (Ab Urbe Condita, ou Desde a Fundação da Cidade de Roma[753 a.c.]), ou, se se quiser, 399 da era de César (datação que vigorou nos documentos régios portugueses até ao reinado de D. João II), que o Imperador Juliano declarou a tolerância religiosa, isto é, a permissão de todos os cultos; e declarou também a restauração dos cultos pagãos, iniciando assim um curto período de florescimento religioso europeu.

Esta data é pois duplamente simbólica naquilo que mais fundamentalmente caracteriza o Ocidente - dum lado, a diversidade religiosa, do outro, o culto das suas Deidades ancestrais.

Os cristãos tinha imposto a sua religião em todo o Império, alicerçados no poder político de Constantino, e Juliano, enquanto teve de dividir o Império com o seu primo, Constâncio, ocultou a sua preferência pelo Paganismo.
Em 360 e.c., os Gauleses e Germanos do exército romano na Gália incitaram-no à revolta e ergueram-no (tinham-no em grande consideração) contra Constâncio, que mandava na parte oriental do Império.
Assim que se tornou no único Imperador de Roma, proclamou a restauração da religião ancestral.

Juliano morreu em combate no ano de 363, contra os Persas. Pensam uns que terá sido atingido por um dardo persa; acreditam outros que quem o assassinou foi um dos cristãos do seu próprio exército, pois que nem todos os soldados romanos eram pagãos.

Juliano marchou contra a corrente. Num mundo progressivamente dominado pelo credo do crucificado, ele ousou restaurar os cultos antigos; homem de grande cultura, recebeu na sua infância os ensinamentos, quer dos cristãos, quer dos pagãos, e sempre preferiu estes últimos. Numa época em que a moda era a cara rapada, Juliano usava barba, à maneira dos antigos filósofos, como o imperador Marco Aurélio...
Juliano situava-se, filosoficamente, num âmbito neo-platónico, com influências do estoicismo.

Após a sua morte, os cristãos retornaram ao poder, e a força da cruz oriental só voltou a ser abalada em 394, pela revolta de Arbogast, general de origem franca que levou Eugenius ao poder, mas por pouco tempo.

Palavras de Juliano, que condensam a sua filosofia: «A primeira coisa que devemos ensinar é a reverência aos Deuses. Porque é apropriado que nós façamos o nosso serviço aos Deuses como se Eles próprios estivessem presentes em nós e nos contemplassem, e, mesmo que não sejam vistos por nós, podem dirigir o Seu olhar, que é mais poderoso do que qualquer luz, tão longe quanto os nossos pensamentos mais profundos».

Para quem quiser ler algo sobre o percurso deste imperador, há esta valiosa página. E aqui podem ler-se alguns dos textos religiosos escritos por Juliano - duas orações.

Recomenda-se também, vivamente, o romance histórico «Juliano», de Gore Vidal.

Avé JANUS, JÚPITER, BRUMA, PALATUA e todos os outros Deuses do Ocidente