segunda-feira, dezembro 11, 2006

ANIVERSÁRIO DO RETORNO DO CVLTI DEORVM EX PATRIA

Janus


Palatua

Neste dia no qual os Romanos honravam Janus, Deus dos Inícios, Bruma, a Deusa do Inverno, e Palatua, Deusa protectora da cidade e dos rebanhos, eventualmente equivalente à lusitana Trebopala, sucedeu em 361 e.c. (era comum ou cristã), ou 1114 A.U.C. (Ab Urbe Condita, ou Desde a Fundação da Cidade de Roma[753 a.c.]), ou, se se quiser, 399 da era de César (datação que vigorou nos documentos régios portugueses até ao reinado de D. João II), que o Imperador Juliano declarou a tolerância religiosa, isto é, a permissão de todos os cultos; e declarou também a restauração dos cultos pagãos, iniciando assim um curto período de florescimento religioso europeu.

Esta data é pois duplamente simbólica naquilo que mais fundamentalmente caracteriza o Ocidente - dum lado, a diversidade religiosa, do outro, o culto das suas Deidades ancestrais.

Os cristãos tinha imposto a sua religião em todo o Império, alicerçados no poder político de Constantino, e Juliano, enquanto teve de dividir o Império com o seu primo, Constâncio, ocultou a sua preferência pelo Paganismo.
Em 360 e.c., os Gauleses e Germanos do exército romano na Gália incitaram-no à revolta e ergueram-no (tinham-no em grande consideração) contra Constâncio, que mandava na parte oriental do Império.
Assim que se tornou no único Imperador de Roma, proclamou a restauração da religião ancestral.

Juliano morreu em combate no ano de 363, contra os Persas. Pensam uns que terá sido atingido por um dardo persa; acreditam outros que quem o assassinou foi um dos cristãos do seu próprio exército, pois que nem todos os soldados romanos eram pagãos.

Juliano marchou contra a corrente. Num mundo progressivamente dominado pelo credo do crucificado, ele ousou restaurar os cultos antigos; homem de grande cultura, recebeu na sua infância os ensinamentos, quer dos cristãos, quer dos pagãos, e sempre preferiu estes últimos. Numa época em que a moda era a cara rapada, Juliano usava barba, à maneira dos antigos filósofos, como o imperador Marco Aurélio...
Juliano situava-se, filosoficamente, num âmbito neo-platónico, com influências do estoicismo.

Após a sua morte, os cristãos retornaram ao poder, e a força da cruz oriental só voltou a ser abalada em 394, pela revolta de Arbogast, general de origem franca que levou Eugenius ao poder, mas por pouco tempo.

Palavras de Juliano, que condensam a sua filosofia: «A primeira coisa que devemos ensinar é a reverência aos Deuses. Porque é apropriado que nós façamos o nosso serviço aos Deuses como se Eles próprios estivessem presentes em nós e nos contemplassem, e, mesmo que não sejam vistos por nós, podem dirigir o Seu olhar, que é mais poderoso do que qualquer luz, tão longe quanto os nossos pensamentos mais profundos».

Para quem quiser ler algo sobre o percurso deste imperador, há esta valiosa página. E aqui podem ler-se alguns dos textos religiosos escritos por Juliano - duas orações.

Recomenda-se também, vivamente, o romance histórico «Juliano», de Gore Vidal.

Avé JANUS, JÚPITER, BRUMA, PALATUA e todos os outros Deuses do Ocidente