E AGORA, O QUE FAZER?

Estava agora a ver o director do ACIME (Alto Comissariado para a Integração das Minorias Étnicas) a dizer coisas no programa «Diga Lá Excelência», da RTP2. Há muito que não me deparava com uma tão grande colecção de afirmações asquerosas, de mentiras, de deturpações, de «argumentos» profunda e abissalmente repulsivos.

Algumas observações do sujeito, soltas, de entre o que me vem à memória:
- o sujeito chega a dizer que os imigrantes devem ter direito de voto, o que significa uma perda de direito do Povo Português sobre o seu próprio território, uma partilha forçada com uma gente alienígena;
- o sujeito afirma, a propósito do arrastão, que «não podemos acreditar em tudo o que vemos», e que as pessoas na praia estavam a fugir da polícia, dando a entender que esta estava a ser violenta: o que o sujeito se atreve a ignorar, à frente dos olhos de toda a gente, é que só os negros fugiam à polícia, enquanto os brancos permaneceram sentados na areia, o que quer dizer qualquer coisa quanto à culpabilidade dos que fugiam;
- a seguir, o sujeito diz que os pobres negros são olhados de lado nos transportes públicos só por serem negros, a tal ponto que num dos dias que se seguiram ao arrastão, houve pessoas que saltaram do combóio da linha de Sintra em andamento «só porque» um grupo de «jovens» negros tinha entrado na composição: diz o sujeito que isto se deveu a uma paranóia colectiva, porque os «jovens» limitaram-se a entrar nas carruagens, observação esta que faz por ignorar, com um descaramento absolutamente REVOLTANTE, que os assaltos cometidos na linha de Sintra por grupos de «jovens» negros fazem parte do quotidiano daquelas paragens africanizadas;
- o sujeito, a respeito do motim de França, esquiva-se a comentar a questão com um mínimo de seriedade, limitando-se a realçar que Sarkozy disse algo de inqualificável ao chamar «escumalha a uma minoria», o que constitui uma distorção abjectamente falsificadora, dado que o ministro francês do interior só chamou escumalha aos «jovens» que disparavam fogo real contra a polícia;
- ainda a respeito do mesmo motim, o sujeito afirma que tudo começou com a morte de dois jovens que fugiam à polícia; a entrevistadora lembrou que eles morreram electrocutados, mas o sujeito não desarma e lança um insinuante «Ainda não foi esclarecido o que se passou...», dando a entender que a polícia pode ser culpada pelo óbito dos petizes norte-africanos; e chega ao ponto de declarar que quando a polícia persegue dois jovens norte-africanos, não se pode partir do princípio de que a polícia tem razão.

Ora esta última afirmação constitui uma desautorização do princípio das forças de segurança, pretendendo colocá-las ao nível de mais uma gangue de rua, porque só a respeito de uma luta entre gangues de rua é que se pode partir do princípio de que não se sabe quem é que tem razão.

(E, pelo meio, trata os entrevistadores pelo nome próprio, num intimismo de moda particularmente peganhenta e ridícula tão ao gosto do politicamente correcto).

E porque é que o sujeito se esforça tanto por culpabilizar as autoridades francesas pelo sucedido no hexágono gaulês?

É pela habitual pimbalhice politicamente correcta tão característica dos políticos da sua laia?

Também, mas não é só por isso.

É que o sujeito tem o à vontade suficiente para declarar que o modelo que defende para a imigração e integração em Portugal, é o modelo francês.

Sim, mesmo numa altura em que o motim em França, que ainda não acabou, evidencia à saciedade que esse modelo falhou redondamente e é de uma gritante tendência suicidária, mesmo numa altura destas, o sujeito vem dizer que é precisamente esse modelo que está a ser adoptado em Portugal.

Ora, quando um sujeito destes consegue agir livremente, empossado com autoridade estatal, dizendo na cara dos governados as obscenidades que disse sem que ninguém se revolte, o que é que se pode fazer?

Como é que nos vamos livrar de coisas como este sujeito?

Como é que as deitamos abaixo dos cargos que ocupam e as neutralizamos?

Como é que sobrevivemos se não conseguirmos deter gente desta?

O que é que vamos fazer quando nos metem a morte pela casa adentro e nos querem obrigar a dar-lhe as boas-vindas?

A lendária Tróia muito sofreu com o mítico cavalo de madeira, mas se se tiver uma visão global das coisas, a sorte dos Troianos era menos cruel do que a nossa - pelo menos, não foram forçados a ver os seus próprios líderes a atar-lhes as mãos atrás das costas e depois a abrir os portões da cidade para deixar os inimigos entrarem já sem disfarce algum.