quinta-feira, agosto 25, 2005

DE UMA MANEIRA OU DOUTRA

Daniel Pipes, conhecido (mas só lá fora...) analista político que se tem especializado na questão islâmica, acha que o terrorismo muçulmano não ajuda a causa do Islão - antes pelo contrário, só a prejudica.
Em traços gerais, afirma que a ala violenta do Islão perturba a acção da sua outra ala, legal e política, porque alerta os Ocidentais contra o perigo que a religião de Mafoma representa. A este respeito, estabelece uma comparação muito bem observada com aquilo que acontece ao sapo na água a ferver: se se colocar um sapo numa tina com água muito quente, ele dela se escapa imediatamente; mas se, em vez disso, se puser o mesmo sapo numa tina com água morna e, depois, lentamente, se for aquecendo essa água, a lume brando, o sapo vai-se acomodando e acaba por morrer cozido.
O mesmo se passa com os Ocidentais, no dizer de Daniel Pipes: não fosse o terrorismo, e continuariam despreocupadamente a perder terreno na sua própria terra perante o avanço lavadinho e «pacífico» (nunca a expressão «paz podre» teve melhor aplicação) da horda mafomética.

Naturalmente que o terrorismo também traz vantagens ao Islão, como o próprio D. Pipes reconhece: efectivamente,
- mobiliza milhares senão mesmo milhões de jovens contra o Ocidente;
- infunde terror a todos os Ocidentais, que, em demasiados casos, ficam de tal modo assustados que, relativamente aos islâmicos, começam a pensar que «é melhor dialogar com eles que os gajos são malucos...»;
- elimina inimigos do Islão da maneira mais fácil, inimigos esses que ainda por cima nem sequer são considerados como mártires pela maioria da população ocidental, adormecida (Theo van Gogh vem de imediato à memória);
- testa as defesas policiais e militares do inimigo;
- prejudica a economia ocidental em mais de um nível.

Mas há mais uma coisa que o terrorismo islâmico faz e que Pipes parece não ter visto (mas que alguns dos seus comentadores viram e muitíssimo bem): é que esta divisão entre Islão terrorista e Islão «moderado», tem o mesmo efeito que o daquela clássica táctica de interrogatório policial do bom-polícia/mau-polícia, ou good-cop/bad-cop. Como os leitores já devem ter visto uma carrada de vezes em filmes americanos, nos interrogatórios policiais há sempre um polícia «mau», que ameaça e espanca o interrogado, e um polícia «bonzinho», que, depois do espancamento do interrogado, tenta que a conversa vá a bem. E o suspeito interrogado, desejoso de escapar à tortura e à pressão, reconhece no polícia bonzinho uma tábua de salvação e conta-lhe tudo, antes que o «mau» tenha ideias mais sádicas para arrancar informações ao desgraçado que lhe caiu nas mãos.
Ora o que acontece no caso do terrorismo islâmico tem exactamente esse aspecto, e, em demasiados casos, esse efeito: depois de um ataque terrorista islâmico, há muita gente que, assustada, apressa-se a acreditar que também há muçulmanos bons, e que com esses há-de ser possível conversar e levar as coisas pelo melhor caminho, que diabo, eles não podem ser todos uns animais sanguinários... há-de haver alguém entre eles que acabe com este horror... E vêm os moderados muçulmanos fazer a sua parte, dizendo que o Islão no fundo é uma religião de paz, e que, muita atenção, convém não discriminar o Islão porque isso só fortalece os terroristas... (leia-se: eu sou um gajo porreiro, mas olha que o meu colega é perigoso, por isso o melhor é dares-me aquilo que eu quero que eu depois lá o conseguirei acalmar...).

E é assim que, com terror ou sem terror, os Ocidentais continuam, tal como o sapo, a ser cozidos.
Cozidos e mal pagos, diria o sábio povo.

O problema é pois tão velho como o mundo - quem usa a força, pode-se defender; quem a não tem, depende dos outros, ficando pois à mercê dos interesses alheios.

2 Comments:

Blogger João said...

É a história da "religião da paz". Sempre que há um atentado ou situações de violência dizem-nos sempre isso. Ou então "não foram muçulmanos" ou "a culpa é da política do ocidente".Aliàs, quem leia o Alcorão vê logo o pacifismo que aí é exposto.

25 de agosto de 2005 às 16:09:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Por alguma razão eles gostam tanto de ler o "Mein Kampf". É uma espécie de segundo Alcorão!...

25 de agosto de 2005 às 16:56:00 WEST  

Enviar um comentário

<< Home