segunda-feira, novembro 22, 2004

CENSURA RIGOROSA

Ninguém escapa ao olho inquisidor da polícia ideológica instalada por todo o Ocidente. Qualquer aceno ou sorriso feito na direcção proibida, é motivo de escandaleira destinada a atemorizar o cidadão que possa eventualmente sentir simpatia pelos «proibidos» (ou que simplesmente se atreva a dizer que o rei vai nu), para que estes «proibidos» sejam socialmente isolados e condenados.

É o totalitarismo na sua versão mais subtilmente... rasca.



JORNAL ALUDE À CLAQUE "ULTRAS SUR"
Figo censurado por "ligação nazi"

Os eventos racistas ocorridos no particular entre Espanha e Inglaterra continuam a gerar convulsão na Velha Albion, tendo, desta feita, o jornal "Sunday Mirror" vindo censurar jogadores do plantel do Real Madrid - Figo e Raúl foram manchete - pelas "ligações" à claque "Ultras Sur", conotada com ideais de extrema direita e descrita pelos ingleses como "os nazis de Madrid".
Segundo o periódico britânico, as "chocantes" fotografias de Figo e Raúl, publicadas pelo mesmo jornal, segurando cachecóis da referida falange de apoio, "vão reacender a controvérsia gerada após os abusos racistas a jogadores ingleses", constituindo-se como uma "vergonha" para o futebol espanhol.

Desmontagem
Para além de envolver o nome de Figo nesta polémica, a publicação inglesa revela ainda o funcionamento da "mais radical" claque do Real Madrid, revelando o passado criminoso de alguns dos seus dirigentes, a ideologia fascista - ou "franquista" - da mesma, e o apoio que terá recebido por parte de direcções do clube "merengue" - citando uma frase do já falecido presidente "blanco" Ramón Mendoza, em 1997: "Se tivesse agora 20 anos, também eu seria um Ultra Sur".
Como exemplo de racismo, o "Sunday Mirror" refere que Ronaldo e Roberto Carlos, dada a sua raça, têm a sua presença "proibida" na publicação da claque.
Record tentou contactar Luís Figo e o seu advogado Luís Vicente, não tendo, contudo, sido capaz de recolher qualquer tipo de reacção junto dos citados.

FIFA apoiaria retirada da ofendida Inglaterra
O líder da FIFA, o suíço Joseph Blatter, declarou ontem que, caso a selecção inglesa tivesse optado por abandonar o encontro particular em Espanha - por força dos abusos racistas vociferados contra alguns dos seus internacionais -, contaria com o seu apoio e, por arrasto, com o do órgão que superintende.
"Compreenderia se o fizessem, e apoiá-los--ia nessa retirada", iniciou "Sepp", para concretizar: "Estou impressionado com o que sucedeu, e triste por esta nova manifestação de racismo num estádio que é um templo do futebol. Só posso pedir, em nome da FIFA, desculpas pelo que se passou porque, em ano de centenário da FIFA, e quando promovemos o jogo limpo, é algo que dói."

Autor: JORGE DIAS


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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

(DESTAQUE PARA OS DOIS ÚLTIMOS PARÁGRAFOS)


Quem controla quem?

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LUÍS OSÓRIO


As conclusões da Alta Autoridade para a Comunicação Social são claras e resumem-se a uma ideia: pressões do Governo estiveram na origem da saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI. Para piorar o cenário, nos últimos dois dias, a administração da RTP, também por influência do executivo de Santana Lopes, foi acusada de interferência em critérios editoriais. O alegado facto esteve na origem do abandono de funções de toda a direcção de informação do canal do Estado.
Os dois casos, a que se somou o conturbado processo da saída de Fernando Lima do Diário de Notícias, são surpreendentes. Não tanto por colocarem em risco a liberdade de expressão, mas por provarem que o Governo é quase infantil na forma como (não) gere a sua relação com a comunicação social. Dito de outra forma: a questão não é a interferência de ministros, algo que infelizmente faz parte da história de todos os governos sem excepção, mas sim a maneira inábil como essa influência é feita.
O que está a acontecer não é difícil de entender.
A classe política é formada, numa enorme percentagem, por pessoas que já não representam, directa ou indirectamente, o verdadeiro poder. Na política, e por inerência também neste triste Governo, não estão, com uma ou outra excepção, pessoas respeitadas pelos poderes académicos, financeiros, mediáticos e empresariais. São ministros e secretários de Estado que foram crescendo nos corredores dos partidos e que, tantas vezes, acabam por viver com um estatuto totalmente ilusório. E nestes novos tempos, a que tantos ainda não se adaptaram, muitos jornalistas e fazedores de opinião têm um poder de influência superior a esta classe política. E, assim, regra geral, qualquer tentativa de controlo acaba por prejudicar os que caem nessa tentação. Alguém pode comparar o estatuto de Marcelo Rebelo de Sousa ao de Rui Gomes da Silva? E de comparar a respeitabilidade de Rodrigues dos Santos à do próprio Morais Sarmento? E alguém duvida de que esses episódios, com maior ou menos grau de gravidade, feriram o Governo de morte?
Há uns dias, num jantar de aniversário de uma revista de economia, Celeste Cardona foi gozada por alguns financeiros no momento em que entrou para um carro de administração da Caixa Geral de Depósitos. Quando se virou para trás, para ver quem tinha sido a pessoa que a afrontara, ouviu na cara o que antes alguém lhe dissera pelas costas. O episódio impressionou-me muito, mas nele está a explicação de uma nova ordem. O verdadeiro poder não está nos políticos ou nos jornalistas. O poder está em gente sem rosto, filhos das leis do mercado e de uma economia virtual que lhes ofereceu o cume da hierarquia.
E nessa hierarquia, algo de dramático para a democracia, os governantes têm carros com motorista, secretárias, gabinetes faustosos, mas são muito mais sujeitos a pressões do que os jornalistas. Pressões a que não podem dizer que não e que colocam em risco a democracia. Que Alta Autoridade poderá julgar esse controlo?




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22 de novembro de 2004 às 19:02:00 WET  

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