CHURROS E PORRAS
É sempre empobrecedor quando se perdem termos autênticos, designações genuinamente populares e se substituem estas por outras, mais inócuas, menos «chocantes». É, no mínimo, triste. E torna-se irritante por ser triste e não ter justificação séria: trata-se certamente de algum vago desagrado da parte de uns poucos, de algum «não parece bem...», de alguma merda dessas.
No ano passado, as barracas que vendiam farturas, na Feira do Livro, sita no Parque Eduardo VII, anunciavam, nos seus placares, a venda de farturas, churros e porras. Foi só nessa altura que eu fiquei a saber que um daqueles canudos de massa contendo creme de chocolate/baunilha/morango, etc., eram denominados «porras». Os churros, nessa barraca, eram outra coisa: umas tiras de massa menos grossas que as porras e sem recheio. Em todas as outras barracas de farturas de Lisboa e arredores, chamam-se «churros» às «porras». Mas, ali, fiquei a saber o verdadeiro nome da referida guloseima popular.
Claro que, entretanto, deve ter havido alguma alma «sensível» que não gostou do termo «porra» e, vai daí, as barracas que estão na Feira do Livro deste ano chamam agora «churros» às porras e, aos churros, passam a chamar «churrinhos».
Churrinhos.
O ambiente ficou assim mais bem educadinho. E mais pobrezinho, e mais acanhandinho, e mais tacanhinho, mas enfim, mais bem educadinho.
Ora porra para os churrinhos e sobretudo para quem se ofende com palavras vernáculas e genuínas. Ouvi muitas vezes dizer que este país era triste e pobre, mas pensei que era só por motivos económicos.
No ano passado, as barracas que vendiam farturas, na Feira do Livro, sita no Parque Eduardo VII, anunciavam, nos seus placares, a venda de farturas, churros e porras. Foi só nessa altura que eu fiquei a saber que um daqueles canudos de massa contendo creme de chocolate/baunilha/morango, etc., eram denominados «porras». Os churros, nessa barraca, eram outra coisa: umas tiras de massa menos grossas que as porras e sem recheio. Em todas as outras barracas de farturas de Lisboa e arredores, chamam-se «churros» às «porras». Mas, ali, fiquei a saber o verdadeiro nome da referida guloseima popular.
Claro que, entretanto, deve ter havido alguma alma «sensível» que não gostou do termo «porra» e, vai daí, as barracas que estão na Feira do Livro deste ano chamam agora «churros» às porras e, aos churros, passam a chamar «churrinhos».
Churrinhos.
O ambiente ficou assim mais bem educadinho. E mais pobrezinho, e mais acanhandinho, e mais tacanhinho, mas enfim, mais bem educadinho.
Ora porra para os churrinhos e sobretudo para quem se ofende com palavras vernáculas e genuínas. Ouvi muitas vezes dizer que este país era triste e pobre, mas pensei que era só por motivos económicos.
2 Comments:
Eu recebi um e-mail do meu colega da empresa em que tinha uma foto de uma barraca de churros que dizia: churros de porras todos los domingos y festivos, aí eu fiquei pensando o que tem a ver porrada (o significado literal da palavra)com a história? Foi aí que encontrei a resposta nesse blog. Muito boa a explicação, adorei. Valeu
Gostei muio da informação e sobretudo a maneira como a expressou. Ótimo texto.
~Desde Brasil~
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