segunda-feira, abril 29, 2024

EX-PRESIDENTE AFIRMA QUE PCP QUERIA INSTAURAR REGIME TOTALITÁRIO EM PORTUGAL

O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes afirmou esta Vernes que durante o Período Revolucionário em Curso (PREC) o PCP se preparava para estabelecer um regime totalitário em Portugal e considerou que a descolonização foi trágica. Ramalho Eanes falava perante o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante uma aula-debate sobre o 25 de Abril com alunos de escolas secundárias e universidades, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa.
A propósito dos antecedentes do 25 de Novembro de 1975, o general e primeiro Presidente eleito em democracia começou por referir que não queria “tecer considerações nenhumas sobre o PCP” e que teve “óptimas relações com Álvaro Cunhal”, um homem que “muito estimava” e “muito considerava”. “Mas naquela altura o PCP, talvez acossado pela Extrema-Esquerda, preparava-se efectivamente para estabelecer em Portugal um regime totalitário”, afirmou, acrescentando: “Não tenho dúvidas”.
Citando Melo Antunes, Eanes sustentou que na altura era necessário “reinstitucionalizar o aparelho militar” para que se opusesse “a qualquer tentativa armada de conquista do poder”.
“Por razões diversas, e como as coisas se agudizavam, surgiu o Documento dos Nove, que o Conselho da Revolução todo praticamente subscreveu e que foi subscrito por milhares de oficiais. Isso demonstrou que a instituição militar estava muito mal, estava desinstitucionalizada, tinha de uma maneira geral perdido a sua fidelidade ao povo e à democracia e tinha criado fidelidades perversas em relação às filiações partidárias”, prosseguiu.
Em concreto sobre os acontecimentos de 25 de Novembro, Eanes disse que houve “uma ofensiva militar”, no seu entender “organizada levianamente pela Extrema-Esquerda, mas em que o PCP não podia ter deixado de intervir”, perante a qual ele e outros militares foram obrigados a agir. “Tivemos essa acção, enfim, e repito que podia ter levado a uma guerra civil e que foi indispensável o 25 de Novembro. Repito: foi indispensável, para que as promessas de honra dos militares à população fossem realizadas”, defendeu.
Segundo Eanes, o desfecho do 25 de Novembro deveu-se aos “militares que se tinham mantido fieis à promessa de honra que tinham feito à população, que era devolver-lhes a liberdade, mas a liberdade sem condicionamentos” e que “resolveram, perante uma insurreição armada responder — bom, e a uma insurreição armada, naturalmente, só se responde com armas”.
O 25 de Abril foi único, foi fundador. É ele que concede a liberdade aos portugueses. É ele que devemos festejar, comemorar e sobretudo reflectir. Mas não devemos esquecer a perturbação natural que se seguiu, em que houve um combate de ideologias, de modelos de sociedade, em que houve um PREC que criou uma situação insustentável, uma situação de medo e uma situação que nos levou perto de uma guerra civil”, declarou.
Nesta aula-debate, Eanes relatou que estava em Angola e recebeu a notícia do 25 de Abril sem surpresa, porque “tinha participado nas diferentes reuniões que se tinham realizado para organizar uma resposta ao regime”, com “grande alegria” e “grande esperança”, porque “os portugueses iam ter a liberdade” e “finalmente, acabar-se-ia a guerra” colonial. “Mas não tive dúvidas nenhumas de que a descolonização iria ser trágica, como foi. Aliás, eu digo isto com à vontade, com grande à vontade. Eu sei que muita gente vai contar que acha que a descolonização foi uma coisa maravilhosa. Não foi”, considerou.
Na sua opinião, foi trágica porque “deixou aqueles países, Angola e Moçambique, numa situação de guerra que durou anos e que destruiu tudo” e porque “fez regressar ao continente muitos angolanos”.
“Eles tinham nascido em Angola, eles eram angolanos, não conheciam outra pátria que não fosse aquela, não tinham outra terra que não fosse aquela, terra em que tinham os seus mortos, em que tinham tido nascido os seus filhos, e de repente são obrigados, perdendo tudo, a regressar a uma terra que tinha sido a dos seus antepassados, mas que eles não conheciam, que eles não amavam. São os retornados”, acrescentou.
*
Fonte: https://eco.sapo.pt/2024/04/26/eanes-afirma-que-pcp-se-preparava-para-estabelecer-regime-totalitario/?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques&fbclid=IwZXh0bgNhZW0CMTEAAR0YZ6YWmipCDM0YS3i40jwlptmhxmzejFAusv6yQMmP_kF5eNn1FMLbE4s_aem_AZsSEezBsd4y4bHPJG7QwaFoynZQatShPtIN-UVB6zgd6TqgNc9Td1531g7zl2EN_2hfz6-khdv558BDV5JgfZOZ

* * *

Já Mário Soares tinha dito o mesmo... mais importante do que isso, nunca o PCP se demarcou da totalitária URSS, e todavia continua por aí, impune, mais recentemente a defender «subtilmente» a invasão de um país soberano no leste europeu... para cúmulo da impunidade, ainda é louvado pela «direitinha» de CDSs e quejandos como espécie de obreiro da Democracia. Quanto à conversa de que os nascidos em Angola eram angolanos, isso já é no discurso de Eanes uma influência salazarista, a de considerar o Ius Soli como determinante, o que convém a impérios mas não, seguramente, a Nações que tenham alógenos no seu território.