quarta-feira, dezembro 20, 2023

FRANÇA - PARLAMENTO APROVA LEI DE IMIGRAÇÃO MAIS DURA COM O APOIO DA ULTRA-DIREITA

O texto foi aprovado por 268 votos a favor, do bloco `macronista`, do principal partido de Direita Les Républicains (LR) e do Rassemblement National (RN, Extrema-Direita) e 186 contra, basicamente da coligação de Esquerda Nova União Ecológica e Social Popular (NUPES).
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, frisou a maioria "muito grande" e manifestou a sua satisfação pelo facto de o bloco `macronista`, o maior mas que não tem maioria absoluta, ter mantido a sua união.
A aprovação resulta de um acordo alcançado esta Martes numa comissão mista Assembleia-Senado, em que houve uma clara maioria de Direita, e que endurece a proposta inicial e é muito semelhante à que tinha sido inicialmente aprovada na câmara alta (Senado), com maioria conservadora.
O `golpe` ocorreu quando a líder da Extrema-Direita Marine Le Pen anunciou que o seu partido RN apoiaria o texto e tentou apropriar-se da sua aprovação, proclamando "uma vitória ideológica".
Darmanin denunciou que estas declarações foram apenas "um golpe político", uma vez que o RN finalmente cedeu à sua política de não aceitar mais imigrantes de fora da União Europeia (UE).
O acordo perturbou a ala esquerda do `macronismo`, e três dos ministros que representam essa tendência (Saúde, Ensino Superior e Habitação) ameaçaram demitir-se se o projecto fosse aprovado.
Macron convocou uma reunião de emergência no Eliseu com a primeira-ministra, Élisabeth Borne, e com os presidentes dos partidos que compõem o seu bloco, bem como com os chefes dos grupos parlamentares destas formações.
Nessa reunião ficou acordado não retirar o texto alcançado, mas, em vez disso, abriu-se a possibilidade de uma segunda leitura caso o projeto fosse adiante graças à Extrema-Direita do RN.
Após essa reunião, Borne dirigiu-se à Assembleia (câmara baixa do Parlamento francês) para se reunir com os deputados do grupo `macronista` para instá-los sobre a importância da disciplina de voto, depois de alguns membros proeminentes do grupo terem anunciado que votariam contra.
O texto acordado limita a 10000 trabalhadores por ano, mas não bloqueia, o objectivo do Governo de regularizar os imigrantes indocumentados que trabalham em sectores que não encontram mão-de-obra, como a construção ou a hotelaria.
Além disso, estende-se para cinco anos a partir dos seis meses actuais, o período de espera durante o qual os imigrantes legais de países terceiros podem solicitar alojamento ou auxílio familiar.
O direito automático ao trabalho dos requerentes de asilo também é abolido (actualmente existe um período de espera de seis meses). Outro elemento é que as condições de acesso ao trabalho para estudantes estrangeiros são mais rigorosas.
Adicionalmente, estabelece-se o objectivo de criação de quotas anuais de imigração, cria-se o crime de residência ilegal em solo francês, inicialmente punível com pesadas multas, e prevê-se a retirada da nacionalidade para os binacionais que cometam determinados crimes.
Por outro lado, é proibida a entrada de menores em centros de detenção administrativa para imigrantes indocumentados e são aumentadas as penas para os traficantes de imigrantes.
É "o texto mais regressivo" das últimas décadas, lamentaram, num comunicado conjunto, várias dezenas de organizações não-governamentais (ONG) que trabalham com imigrantes ou defendem os direitos humanos.

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O ministro Darmanin bem pode estrebuchar o quanto quiser que esta foi, com toda a evidência, uma vitória ideológica - logo, verdadeiramente política - dos Nacionalistas. Claro que a RN não conseguiu exactamente tudo o que queria, pois que a Política é a arte do possível, como disse Bismarck, logo, implica sempre alguma negociação e cedência, sobretudo em Democracia; de uma maneira ou doutra, alcançar o que alcançou mesmo sem fazer parte do governo, é de mestre... ou então é só de quem já tinha o maior trunfo em política democrática e soube usá-lo com inteligência normal e mediana, não é preciso ser um génio para ganhar quando se tem, repito, o maior dos trunfos do jogo: a tendência ideológica com mais potencial de toda a Política, que é a natural tendência popular para pôr em primeiro lugar a sua própria gente. O «egoísmo» racial, étnico, nacional. É este «egoísmo», verdadeiramente o Sagrado Egoísmo das Nações na sua forma mais visceral e meta-política, este espírito tribal, que faz com que a Democracia leve água ao moinho do Nacionalismo, pois que, sendo a Democracia a supremacia da vontade popular, sucede, logicamente, que, quanto mais democrática for a sociedade, mais se fará a vontade popular, e quanto mais se fizer a vontade popular, mais o espírito tribal actuará e exercerá poder.

O que destarte se verifica em França poderia estar também a acontecer em Portugal se o Nacionalismo em Portugal estivesse já numa fase mais adiantada, e só não está porque andou décadas a reboque de um ideário imbecilmente ditatorial que, mercê do seu cretino ódio à Democracia, afastou a hoste nacionalista do seu próprio povo em vez de dele a aproximar.





2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O que é que vem a seguir à ultra-direita?! Mega-direita?

21 de dezembro de 2023 às 00:50:00 WET  
Blogger lol said...

Chamam extrema esquerda de progressistas social democratas e centro direita de nazistas

21 de dezembro de 2023 às 22:07:00 WET  

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