«SÃO» MARTINHO OU UM DEUS PAGÃO...
São Martinho de Tours era filho de um Tribuno e soldado do exército romano. Nasceu (316) e cresceu na cidade de Sabaria, Panónia (actual Hungria), e foi educado na religião dos seus antepassados, isto é, no culto aos deuses mitológicos venerados no Império Romano. Aos 10 anos de idade entrou para o grupo dos catecúmenos (aqueles que se preparam para receber o baptismo). Aos 15 anos de idade, e contra a própria vontade, teve de ingressar no exército romano e dirigir-se para a Gália (região na actual França). Aos 18 anos abandonou o exército pois o Cristianismo não era compatível com as suas funções militares. Foi baptizado por Hilário, bispo da cidade de Poitiers.
Que mais fez Martinho?
Destruiu templos pagãos em barda. Foi tido como o grande inimigo do Politeísmo. Por esta sua actuação foi promovido a bispo.
Como diz Gonzalo Fernandez em "Destrucciones de templos en la Antigüedad Tardía" ( Archivo Español de Arqueología, 54. 1981),
«Una política sistemática de demolición de santuarios no comenzará hasta época teodosiana en Oriente y algo más tempranamente en la parte occidental del Imperio en la que en el decurso de la década de 370 se inicia en las Galias la actividad de Martín de Tours y tiene lugar la destrucción de un edificio sagrado de localización incierta llevada a cabo por monjes (Ambrosio, Ep; XL, 16 y XLI,1, y Paulino, Vita Ambros., 22). (...)
En las Galias la destrucción fue continua y despiadada por obra de Martín de Tours y de sus imitadores. E. Mâle se basa en argumentos numismáticos para fijar el 375 como término "post quem" de estas depredaciones y para centrar en vida del Turonense una serie de arrasamientos, en concreto los que sufrieron los santuarios de Bibracta en Mont-Beauvray, de Sequana en Notre-Dame des Fontaines, de Mercurio en Mont-Matre, del ubicado en el bosque de La Halette y de tres pequeños más en Normandía (...)"
Parece que, según nos cuenta su biógrafo (V. Mart 22.1-5), al obispo Martín de Tours se le presentaba el demonio bajo el aspecto de Júpiter y otros dioses paganos como Mercurio, Venus o Minerva. Hay que recordar que los cristianos consideraban demonios a los Dioses del Politeísmo.»
Além de destruir os templos dos Deuses romanos, deitou também abaixo várias árvores sagradas para a religião céltica gaulesa.
Vejamos agora no que consiste concretamente a lenda de S. Martinho.
De acordo com o conto cristão, Martinho era um cavaleiro romano (por coincidência ou talvez não, «Martinho» deriva de Marte, Deus da Guerra) que, num dia de frio, deu o seu manto (ou partilhou-o, cortando-o pela metade, segundo outra versão da história) a um pobre enregelado. Pouco depois, o Sol começou a brilhar.
Ora esta lenda parece ter sido urdida para encobrir uma tradição religiosa pagã, eventualmente céltica.
Repare-se que, no cenário do episódio resumidamente descrito acima, tem-se, no centro da acção, uma figura bélica que, ao despir uma peça de roupa, fica exposta e provoca o surgimento de luz e calor ( Sol).
Ora isto faz pensar num Deus bélico luminoso, trazendo por isso à memória a fúria guerreira do típico herói celta (a ferg), como por exemplo o irlandês Cuchulain, que, em estado de ira marcial, parece emitir bolas de fogo a partir do crânio, motivo pelo qual tem de ser mergulhado em tinas de água fria após determinada batalha para não se tornar nocivo ao seu próprio povo. Cuchulain tem também um halo luminoso (como se vê na segunda ilustração do topo deste tópico), em certas circunstâncias, tal como S. Martinho e, de resto, a generalidade, senão a totalidade, das representações hagiográficas cristãs.
Também na Irlanda, um dos Deuses mais ligados à guerra, Ogma, tem, entre os Seus epítetos, o de «Grian Ainech» ou «Rosto Solar». Lug, o Deus mais importante da mesma ilha, é também representado como um esplêndido combatente de face tão brilhante que nem pode ser contemplada de frente.
Na Celtibéria, o autor Macróbio escreveu, no século IV d.c., que o povo dos Accitani prestava culto a Neton, uma espécie de Marte (isto é, um Deus da Guerra, porque os Gregos e os Romanos, para se referirem ao significado e função de uma Divindade estrangeira, equacionavam-Na com um Deus grego/romano, como quem diz «Aquele é o Marte deles») ornado de raios (isto é, que emitia um brilho intenso):
Accitani etiam, Hispana gens, simulacrum Martis radiis ornatum, maxima religione celebrant, Neton vocantes.
Em Português,
«O Povo dos Accitanos, gente da Hispânia, celebra com grande devoção um similar a Marte, ornado de raios, ao Qual chamam Neton.»
No campo da Arqueologia encontraram-se pelo menos quatro inscrições dedicadas a esta Deidade, uma em Cáceres (Netoni), outra em Conímbriga (Netus), outra em Binéfar (Neitin) e a quarta em Botorrita (Neito). E parece excepcionalmente pertinente lembrar o que alegadamente diz o texto de uma inscrição ibérica dedicada a Neitin, a estela de Binefar, monumento funerário encontrado em Espanha, datado de entre os séculos II a.c. e I d.c., passo a citar:
«Na grande porta do céu, nas pastagens das planícies e nas ladeiras do grande vale está Neitin...»
http://www.raco.cat/index.php/Pyrenae/article/viewFile/164926/260054
A «porta do céu» é muito provavelmente a entrada para uma celestial morada dos mortos, o que ilustra porventura o papel psicopompo («condutor dos mortos» ao além) de Neitin, algo que teria então em comum com outras Divindades marciais europeias, nomeadamente Odin, celebrado nesta data pelos antigos pagãos germânicos.
Voltando à Irlanda céltica, sabe-se da existência de um Deus da Guerra denominado Net ou Neit (aparece com as duas grafias).
Não creio que a semelhança do nome e da função seja mera coincidência - o hispânico Neton e o irlandês Net devem realmente ser O mesmo.
Recorde-se também o ritual de batalha de certo tipo de guerreiros celtas, na Gália chamava-se-lhes «Gaesatae», que iam nus para o combate, armados apenas de dardos, com o intuito de atemorizar o inimigo. Ora estes guerreiros combatiam nus por causa do calor que supostamente emanava dos seus corpos em batalha.
Entre os Germanos existia também este tipo de combatentes, nus no campo de batalha, consagrados a Odin, Deus do Furor e do Êxtase Guerreiro.
De acordo com o conto cristão, Martinho era um cavaleiro romano (por coincidência ou talvez não, «Martinho» deriva de Marte, Deus da Guerra) que, num dia de frio, deu o seu manto (ou partilhou-o, cortando-o pela metade, segundo outra versão da história) a um pobre enregelado. Pouco depois, o Sol começou a brilhar.
Ora esta lenda parece ter sido urdida para encobrir uma tradição religiosa pagã, eventualmente céltica.
Repare-se que, no cenário do episódio resumidamente descrito acima, tem-se, no centro da acção, uma figura bélica que, ao despir uma peça de roupa, fica exposta e provoca o surgimento de luz e calor ( Sol).
Ora isto faz pensar num Deus bélico luminoso, trazendo por isso à memória a fúria guerreira do típico herói celta (a ferg), como por exemplo o irlandês Cuchulain, que, em estado de ira marcial, parece emitir bolas de fogo a partir do crânio, motivo pelo qual tem de ser mergulhado em tinas de água fria após determinada batalha para não se tornar nocivo ao seu próprio povo. Cuchulain tem também um halo luminoso (como se vê na segunda ilustração do topo deste tópico), em certas circunstâncias, tal como S. Martinho e, de resto, a generalidade, senão a totalidade, das representações hagiográficas cristãs.
Também na Irlanda, um dos Deuses mais ligados à guerra, Ogma, tem, entre os Seus epítetos, o de «Grian Ainech» ou «Rosto Solar». Lug, o Deus mais importante da mesma ilha, é também representado como um esplêndido combatente de face tão brilhante que nem pode ser contemplada de frente.
Na Celtibéria, o autor Macróbio escreveu, no século IV d.c., que o povo dos Accitani prestava culto a Neton, uma espécie de Marte (isto é, um Deus da Guerra, porque os Gregos e os Romanos, para se referirem ao significado e função de uma Divindade estrangeira, equacionavam-Na com um Deus grego/romano, como quem diz «Aquele é o Marte deles») ornado de raios (isto é, que emitia um brilho intenso):
Accitani etiam, Hispana gens, simulacrum Martis radiis ornatum, maxima religione celebrant, Neton vocantes.
Em Português,
«O Povo dos Accitanos, gente da Hispânia, celebra com grande devoção um similar a Marte, ornado de raios, ao Qual chamam Neton.»
No campo da Arqueologia encontraram-se pelo menos quatro inscrições dedicadas a esta Deidade, uma em Cáceres (Netoni), outra em Conímbriga (Netus), outra em Binéfar (Neitin) e a quarta em Botorrita (Neito). E parece excepcionalmente pertinente lembrar o que alegadamente diz o texto de uma inscrição ibérica dedicada a Neitin, a estela de Binefar, monumento funerário encontrado em Espanha, datado de entre os séculos II a.c. e I d.c., passo a citar:
«Na grande porta do céu, nas pastagens das planícies e nas ladeiras do grande vale está Neitin...»
http://www.raco.cat/index.php/Pyrenae/article/viewFile/164926/260054
A «porta do céu» é muito provavelmente a entrada para uma celestial morada dos mortos, o que ilustra porventura o papel psicopompo («condutor dos mortos» ao além) de Neitin, algo que teria então em comum com outras Divindades marciais europeias, nomeadamente Odin, celebrado nesta data pelos antigos pagãos germânicos.
Voltando à Irlanda céltica, sabe-se da existência de um Deus da Guerra denominado Net ou Neit (aparece com as duas grafias).
Não creio que a semelhança do nome e da função seja mera coincidência - o hispânico Neton e o irlandês Net devem realmente ser O mesmo.
Recorde-se também o ritual de batalha de certo tipo de guerreiros celtas, na Gália chamava-se-lhes «Gaesatae», que iam nus para o combate, armados apenas de dardos, com o intuito de atemorizar o inimigo. Ora estes guerreiros combatiam nus por causa do calor que supostamente emanava dos seus corpos em batalha.
Entre os Germanos existia também este tipo de combatentes, nus no campo de batalha, consagrados a Odin, Deus do Furor e do Êxtase Guerreiro.
Tomei entretanto conhecimento de que em Castelhano existe um ditado popular que diz «A todo o cerdo le llega su san Martín», ou seja, todo o porco tem o seu algoz, ditado este que evoca uma morte violenta como estando relacionada com São Martinho, o que pode indicar um carácter eminentemente guerreiro do dito beato. Sucede que em Espanha a tradicional matança do porco tem lugar no Outono, quando se celebra precisamente o S. Martin de Tours.
O Ganso
Outra lenda diz que S. Martinho, não querendo ser nomeado bispo, escondeu-se muma baia de cavalos, mas um bando de gansos fez barulho e denunciou-o. Assim, o ganso tornou-se no prato oficial da comemoração de S. Martinho.
Mas donde virá realmente esta lenda cristã?
Como se lê aqui, César diz, em «De Bello Gallico» («A Guerra das Gálias»), que o ganso era sagrado para as tribos célticas e que os Britões (Celtas da Grã-Bretanha) não o comiam. Os nórdicos também não. Talvez haja esteja aí a raiz de uma superstição medieval que proibia que se matassem gansos a meio do Inverno; e que os gansos continham as almas dos não baptizados (pagãos, portanto).
Na tradição céltica, e também na germânica, o ganso estaria relacionado com os Deuses da Guerra, que eram acompanhados por um cavalo e por um ganso. Na iconografia gaulesa, Épona, a «Égua Divina», Deusa adorada pelos soldados e eventualmente ligada ao mundo dos mortos, era representada cavalgando um ganso cornudo. Outra peça iconográfica gaulesa consiste numa estatueta de uma Deusa Guerreira a usar um elmo decorado com uma crista de ganso. O Marte céltico estaria provavelmente associado ao ganso. Entre os Germanos vizinhos dos Gauleses, Mars Thincsus (provavelmente, o Deus da Assembleia dos Guerreiros, a Thing) tinha um ganso por companhia. A mesma ave acompanha igualmente a representação de Mars Lenus (em Caerwent, Gales), podendo aí representar uma espécie de guardião contra a doença. Voltando à tradição germânica, consta que o ganso, para além de ser consagrado a Wotan (Odin), é também a personificação do fantasma da vegetação, e comê-lo é partilhar o poder deste espírito da vegetação.
Uma Divindade, ou epíteto, celta relacionada/o com Marte parece ser Ocelus, como se pode ler aqui. Ocelus, ou mais propriamente Ocelaecus, também surge como epíteto do Deus lusitano Arantius, Cujo par divino seria Arantia. Em Caerwent foi encontrada uma estátua de Ocelus na qual se vê um ganso ao pé de um guerreiro.
Em contraste com esta protecção do ganso como animal consagrado a uma das principais Deidades, institui-se no seio da Cristandade (Áustria) o costume de comer carne de ganso na festividade de S. Martinho.
O Ganso
Outra lenda diz que S. Martinho, não querendo ser nomeado bispo, escondeu-se muma baia de cavalos, mas um bando de gansos fez barulho e denunciou-o. Assim, o ganso tornou-se no prato oficial da comemoração de S. Martinho.
Mas donde virá realmente esta lenda cristã?
Como se lê aqui, César diz, em «De Bello Gallico» («A Guerra das Gálias»), que o ganso era sagrado para as tribos célticas e que os Britões (Celtas da Grã-Bretanha) não o comiam. Os nórdicos também não. Talvez haja esteja aí a raiz de uma superstição medieval que proibia que se matassem gansos a meio do Inverno; e que os gansos continham as almas dos não baptizados (pagãos, portanto).
Na tradição céltica, e também na germânica, o ganso estaria relacionado com os Deuses da Guerra, que eram acompanhados por um cavalo e por um ganso. Na iconografia gaulesa, Épona, a «Égua Divina», Deusa adorada pelos soldados e eventualmente ligada ao mundo dos mortos, era representada cavalgando um ganso cornudo. Outra peça iconográfica gaulesa consiste numa estatueta de uma Deusa Guerreira a usar um elmo decorado com uma crista de ganso. O Marte céltico estaria provavelmente associado ao ganso. Entre os Germanos vizinhos dos Gauleses, Mars Thincsus (provavelmente, o Deus da Assembleia dos Guerreiros, a Thing) tinha um ganso por companhia. A mesma ave acompanha igualmente a representação de Mars Lenus (em Caerwent, Gales), podendo aí representar uma espécie de guardião contra a doença. Voltando à tradição germânica, consta que o ganso, para além de ser consagrado a Wotan (Odin), é também a personificação do fantasma da vegetação, e comê-lo é partilhar o poder deste espírito da vegetação.
Uma Divindade, ou epíteto, celta relacionada/o com Marte parece ser Ocelus, como se pode ler aqui. Ocelus, ou mais propriamente Ocelaecus, também surge como epíteto do Deus lusitano Arantius, Cujo par divino seria Arantia. Em Caerwent foi encontrada uma estátua de Ocelus na qual se vê um ganso ao pé de um guerreiro.
Em contraste com esta protecção do ganso como animal consagrado a uma das principais Deidades, institui-se no seio da Cristandade (Áustria) o costume de comer carne de ganso na festividade de S. Martinho.
Álcool
Segundo a Wikipédia, a celebração do S. Martinho em Portugal é (...)de origem pagã, em homenagem ao santo conhecido como o "padroeiro dos bêbados"; é a celebração do vinho novo. São Martinho chegava a ser representado, nas festas em sua homenagem, pela “figura de um beberrão”. A festa é comemorada com as castanhas assadas. S. Martinho era um cornudo. (?)
Em algumas regiões de Portugal, na festa do São Martinho o chifre era usado como símbolo da embriaguês e concedido solenemente, como condecoração, a quem mais se tivesse destacado na degustação da bebida; ou era deixado à porta de algum beberrão. O chifre era levado solenemente na procissão pelos “irmãos de são Martinho”.
Segundo a Wikipédia, a celebração do S. Martinho em Portugal é (...)de origem pagã, em homenagem ao santo conhecido como o "padroeiro dos bêbados"; é a celebração do vinho novo. São Martinho chegava a ser representado, nas festas em sua homenagem, pela “figura de um beberrão”. A festa é comemorada com as castanhas assadas. S. Martinho era um cornudo. (?)
Em algumas regiões de Portugal, na festa do São Martinho o chifre era usado como símbolo da embriaguês e concedido solenemente, como condecoração, a quem mais se tivesse destacado na degustação da bebida; ou era deixado à porta de algum beberrão. O chifre era levado solenemente na procissão pelos “irmãos de são Martinho”.
Terá algo a ver com o terceiro corno, que na tradição céltica é um símbolo marcial?
O álcool tem efectivamente um lugar privilegiado neste dia - em Portugal, bebe-se sem freio a típica água-pé, e o vinho em geral, sobretudo o vinho novo. Esta mesma tradição existe em paragens mais setentrionais, nomeadamente na Alemanha (Colónia), onde se pratica o Martinsminne: beber o Martinsminne significa beber o novo vinho do ano na véspera do S. Martinho.
Na Suécia, o rei Olaf Tryggwason teve um sonho no qual S. Martinho lhe teria dito para não adorar os Deuses Tor e Odin e para beber o Martinsminne em vez do Odinsminne. E o ganso deste é chamado Martinsgans.
O culto de S. Martinho não passa pois de um sucedâneo do culto ao(s) Deus(es) da Guerra da Europa céltica e germânica, tendo entretanto uns quantos laivos dionisíacos, pois que, coincidência ou não, os antigos Gregos também celebravam o culto a Diónisos nesta altura do ano.
Quanto à data, parece confiável dizer-se que o 11, ou o 12, de Novembro era pelos antigos Germanos celebrado como o Festival dos Einherjar, ou de Odin, Deus da Guerra, da Magia e dos Einherjar.
Os Einherjar são os guerreiros mortos em combate que estão no Valhalla, palácio de Odin, onde combatem durante todo o dia, comem carne de javali e bebem hidromel servido pelas Valquírias, e donde partem de quando em vez em atroadoras cavalgadas fantasmagóricas durante as noites de tempestade invernais.
Trata-se pois de um dia dos guerreiros - e, conforme diz Teófilo Braga em «O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições» (volume I), Marte, o Deus da Guerra, tem uma função de psicopompo, isto é, de condutor das almas ao outro mundo, nomeadamente as almas dos guerreiros, tal como S. Martinho também tem, no dizer do mesmo autor, um carácter funerário (op. cit., vol. II, pág. 67). Observa-se aqui uma semelhança de carácter entre o latino Marte e o germânico Odin.
A respeito deste último (Odin=Wuotan), diz Teófilo Braga o seguinte: (vol. II, pág. 223): «(...) Quase todas as igrejas e capelas pertencentes a São Miguel elevam-se sobre montanhas originariamente consagradas a Wuotan. O São Miguel cai na época em que, no norte da Alemanha, se celebrava a festa de Wuotan, enquanto que no sul, onde o Verão é mais longo, esta última coincidia com o São Martinho. Muitos dos atributos de Wuotan couberam em partilha a São Martinho, que possui o cavalo branco, o seu manto, a espada, e que se mostra às vezes à frente dos exércitos. (...)»
A semelhança entre as várias tradições europeias nesta ocasião festiva observa-se também ao nível dos costumes populares ainda praticados. O consumo de carne de porco é em toda a Europa Ocidental um dos elementos desta celebração - em Portugal, por exemplo, diz-se «No dia de S. Martinho mata o porquinho e põe-te mal com o vizinho», o que, numa só frase, refere não apenas o suíno mas também uma atitude de certo modo marcial.
Em Portugal diz-se também «Todo o porco tem o seu S. Martinho», equivalente ao inglês «His Martinmas will come, as it does to every hog», o que significa que toda a gente tem de morrer, mas que inclui uma alusão à violência, o que por outro lado também evoca o facto de nesta altura do ano os povos antigos da Europa abaterem o gado que não podiam guardar, prática que se observa no Primeiro de Novembro português da Serra da Estrela. E, como as tradições estão muitas vezes encadeadas umas nas outras, e já que se fala em Primeiro de Novembro, parece pertinente recordar que, tal como os Latinos antigos faziam o ano começar no mês dedicado ao Deus da Guerra (o ano latino antigo começava em Março, mês de Marte), é possível senão provável que os seus parentes Celtas também começassem o ano com uma celebração em honra do seu Deus da Guerra, a avaliar pela proximidade entre o S. Martinho e o Samain ou Halloween.
Registe-se também a tradição alemã do Martinshörnchen (croissants de S. Martinho): a lenda diz que Martinho, enquanto soldado, usava a capa de Wotan, e por conseguinte as pessoas comem estes croissants feitos de uma determinada pasta porque os pães em forma de crescente são similares às pegadas do cavalo de Wotan, Deus da Guerra e da Sabedoria.
É particularmente relevante a tradição das Martinslampen («luzes» de S. Martinho): tal como a resplandecência de S. Martinho traz a luz às trevas, também no campo se acendem luzes em abóboras (semelhantes às abóboras luminosas do Halloween nos países anglo-saxónicos) pela noite dentro. Fazia-se inclusivamente uma procissão de luzes deste tipo, que se origina provavelmente no lucernarium, o acender de velas litúrgico.
Na Escócia e no norte de Inglaterra costumava-se chamar «mart» a um boi gordo, porque este animal era abatido no dia de S. Martinho.
Ainda a propósito do folclore europeu, observa-se uma curiosa semelhança entre um elemento da mitologia espanhola e uma referência pagã clássica: o duende Martinico tem no nome uma derivação do teónimo Marte, Deus da Guerra, e veste de vermelho, cor associada à segunda função indo-europeia (de acordo com Dumézil), isto é, a da guerra; por outro lado, a indumentária vermelha é típica de entidades similares a duendes e/ou gnomos, como se observa no conto tradicional galês da lontra vermelha, além do curioso testemunho de um soldado romano estacionado onde é hoje a Holanda sobre um indivíduo de muito baixa estatura com um comprido barrete vermelho na cabeça...
Não será despropositado também lembrar que o dia de S. Martinho se celebra nas proximidades da celebração pagã romana da Vinália, festival do vinho, consagrado a Júpiter.
A semelhança entre as várias tradições europeias nesta ocasião festiva observa-se também ao nível dos costumes populares ainda praticados. O consumo de carne de porco é em toda a Europa Ocidental um dos elementos desta celebração - em Portugal, por exemplo, diz-se «No dia de S. Martinho mata o porquinho e põe-te mal com o vizinho», o que, numa só frase, refere não apenas o suíno mas também uma atitude de certo modo marcial.
Em Portugal diz-se também «Todo o porco tem o seu S. Martinho», equivalente ao inglês «His Martinmas will come, as it does to every hog», o que significa que toda a gente tem de morrer, mas que inclui uma alusão à violência, o que por outro lado também evoca o facto de nesta altura do ano os povos antigos da Europa abaterem o gado que não podiam guardar, prática que se observa no Primeiro de Novembro português da Serra da Estrela. E, como as tradições estão muitas vezes encadeadas umas nas outras, e já que se fala em Primeiro de Novembro, parece pertinente recordar que, tal como os Latinos antigos faziam o ano começar no mês dedicado ao Deus da Guerra (o ano latino antigo começava em Março, mês de Marte), é possível senão provável que os seus parentes Celtas também começassem o ano com uma celebração em honra do seu Deus da Guerra, a avaliar pela proximidade entre o S. Martinho e o Samain ou Halloween.
Registe-se também a tradição alemã do Martinshörnchen (croissants de S. Martinho): a lenda diz que Martinho, enquanto soldado, usava a capa de Wotan, e por conseguinte as pessoas comem estes croissants feitos de uma determinada pasta porque os pães em forma de crescente são similares às pegadas do cavalo de Wotan, Deus da Guerra e da Sabedoria.
É particularmente relevante a tradição das Martinslampen («luzes» de S. Martinho): tal como a resplandecência de S. Martinho traz a luz às trevas, também no campo se acendem luzes em abóboras (semelhantes às abóboras luminosas do Halloween nos países anglo-saxónicos) pela noite dentro. Fazia-se inclusivamente uma procissão de luzes deste tipo, que se origina provavelmente no lucernarium, o acender de velas litúrgico.
Na Escócia e no norte de Inglaterra costumava-se chamar «mart» a um boi gordo, porque este animal era abatido no dia de S. Martinho.
Ainda a propósito do folclore europeu, observa-se uma curiosa semelhança entre um elemento da mitologia espanhola e uma referência pagã clássica: o duende Martinico tem no nome uma derivação do teónimo Marte, Deus da Guerra, e veste de vermelho, cor associada à segunda função indo-europeia (de acordo com Dumézil), isto é, a da guerra; por outro lado, a indumentária vermelha é típica de entidades similares a duendes e/ou gnomos, como se observa no conto tradicional galês da lontra vermelha, além do curioso testemunho de um soldado romano estacionado onde é hoje a Holanda sobre um indivíduo de muito baixa estatura com um comprido barrete vermelho na cabeça...
Tudo indica pois que «São Martinho» foi erigido pela Igreja como anti-Marte, inimigo dos Deuses dos ancestrais europeus.
Assim, tratando-se ou não de uma data consagrada ancestralmente ao Deus da Guerra na Sua vertente mais luminosa, certo é que nada impede que se Lhe dedique este dia, ou o seguinte, como fazem os modernos asatruars.
Assim, tratando-se ou não de uma data consagrada ancestralmente ao Deus da Guerra na Sua vertente mais luminosa, certo é que nada impede que se Lhe dedique este dia, ou o seguinte, como fazem os modernos asatruars.
5 Comments:
Eu tava vendo o que o thor santon vasco falavam de nos no gang da ervilha os caras se acham o maximo beato nao pode porno raxismu anti abraamismo lol como o thor cai facil em falacia ate antirra red que se foca em semita pra babar bantu igual reds fazem
Sabe o curioso da ala nazionalista?eles acham que nos somos o problema por pensar diferente mas a anti democracia deles que e veja que usam judeus como pretexto pra serem reds sub boreanistas antirras
Equivalem a covardia cuck de menosprezar minorias brancas internas liberdades sexuais de genero enquanto abracam aliens que se infiltram destroem o oeste/norte etc
Eu era um nazionalista anti democratico igual thor n etc so percebi o quao essas pessoas sao perigosas/danosas/psicopatas ao notar que ate vcs que divergiam mais de nos aceitavam outras visoes eles sao reds igual expurgos gulags etc e o santon diz que o direita e o unico psicopata dali
«Sabe o curioso da ala nazionalista?eles acham que nos somos o problema por pensar diferente mas a anti democracia deles que e veja que usam judeus como pretexto pra serem reds sub boreanistas antirras»
A lata dos atrofiados, eles que sempre foram e continuam a ser uns atrasos de vida, é merda como eles que tem atrasado o Movimento Nacionalista desde há quarenta anos em Portugal. Com efeito, não se limitaram a ser uma nulidade - foram, de facto, contraproducentes. O sucesso que a Ultra-Direita está a ter agora em Portugal já o podia ter tido há décadas e só o não teve devido aos abortos anti-democráticos, e o termo «aborto» é para ser lido literalmente, que eles não só não fizeram nada como até doutrinaram gerações de putos contra a Democracia, contribuindo para a estagnação do Nacionalismo enquanto a iminvasão crescia a olhos vistos. Tais aleijados do miolo são em (pequenita) parte responsáveis pelo actual grau de iminvasão que afecta Portugal, pois que, quando já era há muito altura de falar directamente para o povo, continuaram em vez disso a discursar pomposamente uns para os outros, nas suas tertúlias palermas em que todos concordam com todos à partida e nada sai dali a não ser os seus cretinos egos inchados por acharem que pertencem à elite «dos que sabem». No fundo, talvez seja isso que realmente querem, que sempre quiseram - posar uns para os outros como militantes de uma «cavalaria» de «eleitos» que desprezam o seu próprio «povinho» e gostam muito precisamente disso, de julgarem que são os bravos «acordados» de uma minoria ideológica e intelectualmente «privilegiada», os infames borregos do mais mentecapto rebanho de toda a Política.
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