terça-feira, outubro 31, 2023

HOLOCAUSTO, COMPARAÇÕES, MATANÇAS E INDIGNAÇÕES SELECTIVAS

A comparação da matança de 7 de Outubro com o Holocausto que representantes de Israel têm feito costuma ser criticada pelos bem-pensantes de serviço. Uma espécie de jornalista dizia há umas horitas em canal notiioso que tal comparação era ofensiva para a «honra» das vítimas do holocausto ou algo assim. Desceu ao pormenor de pegar nos números: o que os nazis fizeram foi, disse ele, matar cerca de quatro mil judeus por dia, enquanto as vítimas israelitas no mais recente atentado do Hamas se teriam ficado pelas mil e duzentas. Ou seja, o Hamas matou menos de um terço de judeus do que os nazis costumavam fazer em média. Então e se fossem dois terços? Ou três quartos? O jornalista esqueceu-se de dizer aos Judeus qual é a opinião dele sobre a percentagem certa para os de Israel estarem autorizados a sentirem uma determinada intensidade de indignação... Compreende-se que a maralha politicamente correcta, entre a Extrema-Esquerda e a direitinha domesticada, esteja habituada a ser mui selectiva nas suas «indignações», mas faz mal em julgar que pode dar, nessa matéria, lições de moral seja a quem for.

Esta selectividade da indignação brota da sua selectividade do sentimento, como já se percebe há que tempos e este episódio é dos mais flagrantes que se têm visto. Assim que Israel começou a reagir, mas ainda nem tinha entrado com tropas na faixa de Gaza, começaram logo os «bem-pensantes» a guinchar que «vem aí genocídio!»; vituperam, com ares moralistas, a morte de civis em Gaza, mas também não querem que os civis possam sair de Gaza, ou seja, a menos que Israel já tenha desenvolvido algum mirabolante sistema ultra-sofisticado de lasers disparados do espaço para abater terroristas e só terroristas, a menos que isso seja possível, o que isto significa é que os «pró-palestinianos» querem é que Israel fique quieto depois de atacado, porque é exactamente nisto que se traduz, na prática, aquilo que «exigem». Quando, depois disto, nem sequer comentam o abjecto facto de que o Hamas tem pelo menos um centro de comando por baixo de um hospital, isto é só a gota de água, aliás, um mega-balde numa banheira que há muito já alagou a casa de banho inteira. Isto é a completa impunidade moral do Hamas. Não admira que este pessoal faça o que faz, não precisa de ter limites, sabe que tem bem as costas quentes com os etno-masoquistas que mandam bitaites na opinião publicada ocidental. Não admira, também, que o ex-presidiário que manda no Brasil já se sinta à vontade para dizer que o Hamas não é terrorista, é o seu estilo, depois de apoiar «tacitamente» a invasão russa da Ucrânia, pudera, está habituado à lei do mais forte, eventualmente é assim nas favelas, que aliás lhe são muito familiares, tanto que ele se gabou publicamente, sem pudor, de ser o único candidato presidencial que pode entrar numa favela sem medo, «se calhar» tem lá amigos. Nisto, o fulano está bem enquadrado na ONU, que recentemente aprovou uma resolução a pedir um cessar-fogo sem condenar o Hamas como terrorista, enquanto a proposta anterior, do Canadá, que também pedia um cessar-fogo mas condenara o Hamas como terrorista, foi chumbada, e isto tudo completa e rigorosamente à vontade diante do mundo inteiro. Em tal contexto, Israel não poderia fazer menos do que desprezar abertamente a ONU. A própria Decência não lhes permitiria outra coisa.