segunda-feira, agosto 14, 2023

BATALHA DE ALJUBARROTA - VITÓRIA DA NAÇÃO CONTRA O IMPÉRIO E A ELITE TRANSNACIONAL


No dia 14 de Agosto de 1385 as forças portuguesas lideradas no terreno por D. Nuno Álvares Pereira e D. João I derrotaram pesadamente as tropas castelhanas de D. Juan I, que tinham consigo o traidor Pedro Álvares Pereira, irmão de dux de armas português acima citado. Os invasores castelhanos trouxeram cavaleiros franceses, bem como combatentes italianos; do lado de Portugal, estava um contingente de arqueiros ingleses, com os seus então temidos «longbow», ou arco longo, terror dos inimigos da velha Albion.
Nesta ocasião, todo o povo se levantou pela causa nacional, tendo, na quase lendária padeira de Aljubarrota, um símbolo assaz significativo: mulher forte, guerreira, lutando ao lado dos homens, fazendo lembrar referências às antigas mulheres celtas, que alegadamente combatiam por vezes ao lado dos maridos. Coincidentemente, até o seu nome próprio, Brites, recorda a antiga celticidade.
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Perdura doravante o exemplo de uma Nação em armas que, pela sua independência, enfrentou um oponente cuja superioridade numérica ganha laivos de inverosimilhança quando se sabe que perdeu a batalha; entretanto, os Portugueses, é bom lembrar, tinham a elite do seu próprio país contra si, uma vez que o grosso da nobreza e do alto clero de Portugal estava por Castela. 
Esta foi pois uma vitória do povo, até mesmo ao nível do aspecto técnico-militar, uma vez que parece ter-se tratado de uma das primeiras ocasiões na história medieval militar da Europa em que uma massa de combatentes a pé - em princípio de origem plebeia - consegue, mesmo contra números esmagadores, levar de vencida a cavalaria. 
Uma vitória que só pôde acontecer porque, quem parecia estar na iminência da derrota, insistiu em manter livre a Pátria, conseguindo assim fazer história que ainda não estava feita, permitindo que brilhassem os defensores da Nacionalidade em todos os níveis sociais, do mestre de Avis que, mesmo sendo bastardo lutou pelo seu poder, e também de D. Nuno Álvares Pereira, sempre inspirado na pérola da cultura tradicional europeia que é a literatura arturiana - mais concretamente na figura de Galaaz ou Galaaz, cavaleiro do Graal, modelo pessoal do Condestável - à padeira de Aljubarrota, Brites, figura emblemática, como que telúrica, talvez ecoando a presença de antigas Deusas da Guerra Cujo sopro move a Grei. 

Avançava do lado oposto o irmão de D. Nuno Álvares Pereira - D. Pedro Álvares Pereira, que liderou tropas castelhanas contra Portugal, ou não fosse frequente no seio da nobreza a traição à Nação, que a essa nobreza interessava inequivocamente menos do que a linhagem nobre, daí a incompatibilidade, tarde ou cedo, entre um regime autenticamente nacionalista e uma sociedade hierarquizada em que os membros da classe dirigente devem mais lealdade aos seus homólogos estrangeiros do que à sua própria Nação. A vitória de Aljubarrota não é «o nascimento» de uma Nação que nesta altura já tinha séculos de história, mas sim uma vitória da Nacionalidade sobre os princípios tradicionais medievais de aristocracia.