«CATÓLICO MAS NÃO CRENTE»
Tornou-se polémica há dois ou três dias a declaração que líder do PSD, Rui Rio, candidato a primeiro-ministro, proferiu durante um debate televisivo a respeito da sua fé: «eu sou católico mas não sou crente».
Ora de um ponto de vista estritamente doutrinal, ou seja, em matéria de autêntica coerência ideológica, o que Rio afirma constitui um absurdo, contradição óbvia - pois se o cristão é o indivíduo que aceita Cristo como Deus e concorda com tudo o que disse o referido carpinteiro judeu, não tem sentido afirmar que um dado cristão concorda com Jesus «mas só culturalmente». R. Rio é, à sua medida e no seu contexto, isto mesmo, mais um dos muitos «cristãos culturais» que pululam no campo da Direita, muitas vezes na parte mais extrema da dita, da qual também constitui exemplo o criminoso Anders Breivik, que se dizia, precisamente, «cristão cultural».
Numa perspectiva histórico-civilizacional, contudo, compreende-se - o Cristianismo foi há muito transformado em «religião da família», e daí passou a «Religião Nacional», o que, ironicamente, tornou o credo cristão numa espécie de novo paganismo, ou seja, religião étnica de todo um Povo, como o politeísmo romano, grego, céltico, indiano ou japonês.
Que haja, entretanto, quem se indigne com as palavras de Rio, eis o que se revela particularmente curioso... num país onde a maioria da população se diz católica mas, segundo certa sondagem (https://sicnoticias.pt/programas/acha-que-conhece-o-seu-pais/2017-05-24-Acredita-na-vida-depois-da-morte-?fbclid=IwAR3DAoVv5QRplDPPLvb8VYwzcfBB_l6A0QY2zZ80H7nI39R4JzpitN_x5Ww), não acredita na vida para além da morte, o que será que tanta desta gente entende por ser-se católico... um católico que não acredite na vida para além da morte é uma contradição óbvia; e, se ele disser que é crente mas não acredita na vida para além da morte, então além de contraditório também é absolutamente ignorante (se não for também integralmente burro que nem um cepo).
Visto de outra maneira, isto tudo é pessoal que, quando se diz «crente», está na verdade a dizer-se «leal», mais concretamente leal ao grupo: «eu sou leal à religião dos meus antepassados, lá o que a religião diz não me interessa, isso é para os padres, mas sou leal!, viva os Templários e o Afonso Henriques a lutar pela fé e tal, Deus Vult e etc!»; é gente para quem ser crente é ser parte de um exército contra os maçónicos!, os mouros!, os comunas!; e, para esses, a afirmação de Rio parece uma desistência ou uma cedência quando na verdade é só uma contradição menor em clima de honestidade...
2 Comments:
vc viu que nojo aquele caso do "corredor" diverso da georgia um cara levou perpetua so por filmar produzindo provas contra os 3 isso so mostra que quando ocidentais forem dar corretivos em aliens nao devem filmar nem dar as provas pro regime senao usam contra si
https://www.youtube.com/watch?v=OJY1i61msY0
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