sábado, novembro 28, 2020

MOÇAMBIQUE - CRIANÇAS DE CABO DELGADO CASADAS À FORÇA COM HOMENS MAIS VELHOS

Crianças deslocadas do conflito de Cabo Delgado com 11 anos estão a ser casadas à força com homens mais velhos (40 a 50 anos de idade) para elas e as famílias poderem sobreviver, alerta a organização não-governamental (ONG) Care.
As meninas casam-se entre os 12 e 17 anos, mas nalguns casos até se casam antes disso, com 11 anos. Às vezes, os pais oferecem-nas em casamento porque precisam de recursos e ficam com menos uma boca para alimentar", descreve Graça Gonçalves, agente para questões de género da Care.
Outra vezes, "as meninas ficam separadas dos pais, durante a fuga dos locais de conflito, tornando-se nas novas chefes de família e precisam de fornecer comida para os irmãos mais novos”, acrescenta, citada num comunicado da ONG.
A situação não é nova - Moçambique já era um dos países do mundo com maior taxa de casamentos precoces -, mas está a agravar-se com o conflito.
O casamento infantil é um grande problema porque as pessoas fogem sem nada e os campos de deslocados não têm recursos suficientes e estão sobrelotados", sublinha Graça Gonçalves.
A falta de instalações sanitárias, de locais de banhos, a ausência de espaços separados para mulheres e meninas ou o simples facto de estarem mais distantes "deixa as mulheres e meninas vulneráveis a ataques, especialmente durante a noite”, descreve.
Uma das actividades realizada pela Care consiste em mostrar às mulheres e jovens como devem denunciar abusos e como podem defender-se.
Há uma semana, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) referiu que a guerra em Cabo Delgado está a provocar um aumento de casos de gravidez precoce devido a abusos sexuais de menores.
Os alertas juntam-se a outro lançado há um mês pelo Centro de Integridade Pública (CIP), ONG moçambicana, sobre abusos sexuais contra mulheres deslocadas, em troca de ajuda humanitária, considerando haver silêncio do Governo e Nações Unidas sobre o assunto. 
A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
A província onde avança o maior investimento privado de África, para exploração de gás natural, está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico desde 2019.
UMA CRIANÇA VIOLADA A CADA SEIS HORAS EM MOÇAMBIQUE
Uma criança foi vítima de violação sexual a cada seis horas em Moçambique entre Janeiro e Setembro deste ano, afirma a organização não-governamental (ONG) World Vision, citando dados do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique.
Essas informações são reveladoras de quão sinuoso é o caminho que o país ainda tem pela frente, numa altura em que acaba de ser assinalado o 31.º aniversário da Convenção dos Direitos da Criança", refere a organização, numa nota de imprensa enviada hoje à comunicação social.
Segundo o documento, 99% das crianças vítimas de violação sexual são raparigas e o maior número de casos foi registado nas províncias de Maputo e Gaza, no sul, e Nampula, no norte do país.
A ONG apela ao país para que encontre estratégias para descobrir as "causas primárias da violência contra a criança", referindo que isso passa pela consolidação e implementação "sem contemplações" da legislação para a sua protecção, além da sensibilização e educação contínuas da sociedade.
É indispensável que neste processo a participação e a voz da criança não sejam um dado adquirido, mas constituam um objectivo concreto a ser obrigatoriamente alcançado", acrescenta a nota.
A World Vision Moçambique apontou ainda que os níveis de violência contra a criança, com destaque para violação sexual, aumentaram com a pandemia de covid-19, em Gaza, Zambézia, Tete e Nampula, segundo resultados de um inquérito realizado naquelas províncias.
Mais do que nunca, este é o momento em que devemos colocar a protecção dos direitos da criança no centro do roteiro político global para uma melhor reconstrução", conclui.
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Fonte: https://tvi24.iol.pt/internacional/mocambique/meninas-deslocadas-de-cabo-delgado-estao-a-ser-casadas-a-forca-com-homens-mais-velhos?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=ed-tvi&fbclid=IwAR1S76W85-4_ICGK8SQW2_WLKd61pw-fLIYU1c4zWKdmF2UywFCNviW6j2A   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa).

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Onde andarão os colectivos do feminismo mais esquerdista que não se manifestam para que haja forças da ONU a intervir aqui...