quarta-feira, maio 08, 2019

DIA DA EUROPA

Estátua representando Zeus e Europa, sita em Creta, que é de certa forma a fronteira entre a Europa e o Oriente; o elemento aquilino, a ave na mão de Europa, porventura um reforço da alusão a Zeus (que de qualquer modo é o touro), ajuda a dar ao conjunto um fulgor urânico, celestial, diamantino, metálico, que glorifica o mito como fundamento da Europa autêntica

A escolha do nove de Maio como dia da Europa está perto do dia da derrota oficial da Alemanha em 1945. Parece um exorcismo de fantasmas, muito curiosamente no mesmo dia em que na Antiguidade se celebrava, em Roma, berço directo da Europa, o festival da Lemúria, celebração destinada precisamente a apaziguar e exorcizar os espíritos dos mortos... conta Ovídio, nos «Fastos», que Rómulo criou o evento para acalmar o espírito do seu irmão Remo, que ele próprio tinha assassinado...
É discutível se a intenção original de quem em trezentos e sessenta e cinco dias foi precisamente a de escolher o da derrota de um Povo europeu diante de outros; uma celebração colectiva assente na desgraça de um dos celebrantes não é se calhar a mais dignificante, especialmente quando se quer realçar a igualdade entre todos. Por outro lado, celebrar a derrota de um totalitarismo diante de forças democráticas (a ocidente, entenda-se, porque no leste europeu a história foi diferente...) é sempre bom, bate certo com o espírito genuinamente europeu de valorização da Liberdade. Independentemente disso, a coincidência do Dia da Europa com a data de uma celebração pertencente à herança etno-religiosa europeia tem pinta de ser um bom augúrio para a salvaguarda do que mais interessa no chamado Velho Continente, que existência dos Europeus como identidade etno-civilizacional.