segunda-feira, março 11, 2019

ISRAEL - PRESIDENTE CONTESTA PRIORIDADE DOS JUDEUS AFIRMADA POR PRIMEIRO-MINISTRO

A âncora de TV Rotem Sela foi surpreendida pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, após criticar o alerta da ministra da Cultura, Miri Regev, sobre a possibilidade de um governo árabe no país. Netanyahu respondeu a Stela dizendo acreditar que o país não pertence a todos os cidadãos, declaração que gerou furor nas redes sociais.
O presidente israelita, Reuven Rivlin, rebateu as recentes declarações do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu argumentando que os árabes-israelitas não eram "eleitores de segunda classe" e que "não há cidadãos de primeira classe" no país.
"Somos todos iguais na urna eleitoral. Judeus e árabes, cidadãos do Estado de Israel. 120 membros do Knesset [Parlamento de Israel] não podem mudar o seu carácter como Estado Judeu", disse ele em comunicado citado pelo The Times of Israel, numa cerimónia marcando o 40º aniversário da assinatura do acordo de paz Israel-Egipto. O presidente posteriormente tweetou a mesma frase, dessa vez em Árabe.
Prosseguiu dizendo que "aqueles que acreditam que o Estado de Israel deve ser judeu e democrático no sentido pleno da palavra devem lembrar que o Estado de Israel tem completa igualdade de direitos para todos os seus cidadãos".
​O presidente disse acreditar que a campanha eleitoral — em andamento no país desde a dissolução do Knesset — tem virado as prioridades políticas “de cabeça para baixo”, denunciando as “observações totalmente inaceitáveis ​​sobre os cidadãos árabes de Israel” feitas por alguns políticos, em uma aparente repreensão da postura de Netanyahu.
Rivlin é correligionário de Netanyahu no Likud, o partido governista de Direita no país. Embora se oponha à criação de um Estado palestino assim como o colega, primeiro-ministro, o presidente mantém relacionamento tenso com Netanyahu há anos. 
Em Israel, o presidente é eleito para um mandato de sete anos pelo Parlamento (Knesset) em votação secreta. O cargo carrega uma série de funções essenciais, como a concessão de autorização para que o chefe de governo possa formar o gabinete. Escolhido para o posto em 2014, Rivlin deve permanecer no cargo até 2021.
Reacção entre personalidades
Conhecida pelo papel de Mulher-Maravilha, a actriz israelita Gal Gadot usou o Instagram para discordar de forma objectiva do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, para quem Israel não é "um Estado de todos os seus cidadãos". Gadot escreveu em comentários na rede social: “Ame o seu próximo como a si mesmo”.
"Isto não é uma questão de Direita ou Esquerda, judeu ou árabe, secular ou religioso. É uma questão de diálogo, de discutir paz e igualdade e nossa tolerância para com o outro. A responsabilidade de semear esperança e luz para um futuro melhor para nossos filhos é nossa", concluiu a actriz, que raramente se manifesta sobre política.
A retórica de Gadot também foi repetida pela famosa actriz israelita Maya Dagan, que escreveu na secção de comentários: “Ela não é corajosa. Ela é normal. Ela é sensata. Ela é uma cidadã do Estado que se importa. Que ama o nosso país. Apenas como eu. Assim como todas as pessoas que moram aqui. Esse medo de não poder expressar a sua opinião é ilógico. Junto-me a si e reafirmo o que você disse".
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Fonte: https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/2019031113473694-israel-netanyahu-judeus-israel/


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A actriz Gal Gadot bem pode dizer que «isto não é uma questão de Direita ou de Esquerda», mas é. É uma confrontação entre uma posição de Direita autêntica, ou seja, etnicista, e uma posição de Esquerda, que veicula a prioridade do Estado multi-étnico sobre o da identidade étnica dos seus legítimos detentores.
Lá, como cá, o grande combate político é o mesmo: de um lado, uma elite universalista, multi-etnicista, tendencialmente anti-fronteiras, ideário infiltrado em partidos de Direita, como acima se vê, e cá também; do outro, o primado da soberania de cada Estirpe na sua própria terra, que é o lado nacionalista propriamente dito, mobilizado pelos partidos nacionalistas e com potencial de crescimento no seio das classes populares.