quarta-feira, outubro 31, 2018

FEDERAÇÃO DE TAUROMAQUIA EXIGE DEMISSÃO DE MINISTRA DA CULTURA


A ministra da Cultura admitiu, na Martes, discutir em sede de especialidade do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) um eventual alargamento dos espectáculos abrangidos pela redução do IVA de 13% para 6%, mas excluiu a tauromaquia por ser uma questão de civilização.
A afirmação surgiu na sequência de críticas lançadas pela deputada do CDS-PP Vânia Dias da Silva por a descida do IVA excluir a tauromaquia, acusando o Governo de “discriminação” e de imposição de uma “ditadura do gosto”, tendo a ministra da Cultura reagido: “Senhora deputada [do CDS-PP] a tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização e manteremos como está”.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, a Federação Portuguesa de Tauromaquia exige a “imediata demissão” da ministra por ter “insultado todos os portugueses” e por ter “atacado de forma cega” a cultura e a Constituição da República Portuguesa, que “ainda há dias” jurou defender.
“É inaceitável que um governante se proponha governar por convicções ideológicas preconceituosas, discriminatórias e atentatórias do Estado de Direito. Mais inaceitável se torna, quando se trata de uma ministra que sempre lutou, muito e bem, pelo direito à diferença e contra a discriminação”, lê-se no comunicado.
A Protoiro considera que Graça Fonseca, ao afirmar que “discriminar a tauromaquia não é uma questão de gosto, mas uma questão de civilização”, está a “insultar mais de três milhões” de pessoas em Portugal que “todos os anos assistem livremente a espetáculos tauromáquicos em praças, na TV e que enchem ruas de cidades e aldeias de norte a sul do país”, onde decorrem iniciativas relacionadas com a tauromaquia popular.
“Nós pertencemos à civilização de Picasso, Hemingway, Vargas Llosa, Amália, Lobo Antunes, Júlio Pomar, Pedro Cabrita Reis, Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Sampaio, Manuel Alegre, entre muitos outros cidadãos e artistas apreciadores das touradas”, lê-se no comunicado.
Segundo a Prótoiro, Graça Fonseca demonstrou “o quanto não está preparada” para as funções para as quais foi nomeada, “nem para defender” a Constituição da República Portuguesa.
“A sua demissão não é uma questão de gosto, mas de civilização”, afirma a mesma federação.
A Federação Portuguesa de Tauromaquia contesta que o sector tenha sido excluído do regime de IVA do espectáculo, que vai passar, caso o OE2019 seja aprovado, dos actuais 13% para os 6%.
O secretário-geral da Prótoiro, Helder Milheiro, considera que estão em causa propostas “manifestamente ilegais e inconstitucionais”.
“Quando o Estado impõe medidas à população, por uma questão de gosto, deixa-se de viver em democracia, mas numa tirania. Quem tem preconceitos, sejam eles os agora tornados públicos pela ministra ou de outra qualquer natureza, não pode exercer cargos públicos”, afirmou a Prótoiro.
Nesse sentido, Helder Milheiro dá como exemplo o caso do antigo ministro da Cultura, João Soares, que, “por muito menos” abandonou a mesma pasta.
“Alerto para o que disse, na altura, António Costa: ‘Já recordei aos membros do Governo que, enquanto membros do Governo, nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo'”, recordou o responsável da federação.
No comunicado, a Prótoiro recorda a Constituição e decretos-lei para defender a tauromaquia, acrescentando que “aguardou” que Graça Fonseca “apresentasse publicamente um pedido de desculpas” aos portugueses ou que “tivesse a dignidade de sair pelos próprios pés” após esta situação.
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Fonte: https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/federacao-portuguesa-de-tauromaquia-exige-demissao-da-ministra-da-cultura-2

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Saúdo a ministra da cultura pela sua frontalidade, coragem e lucidez. Não é por se ser ministra da Cultura que se abandonam princípios, sobretudo num caso que não é uma questão de gosto mas sim de civilização. Uma questão de gosto é apreciar ou não um filme de acção ou de terror prenhe de cenas sangrentas, isso é que é uma questão de gosto - enquanto se tratar de uma actividade em que ninguém é maltratado, pois de facto é só mesmo uma questão de gosto, pelo que quem não gosta não vê. Quando em vez disso há inocentes a serem sangrados, torturados e mortos só porque há quem aprecia o «bailado» da violência sanguinária, então não se trata de uma questão de gosto mas sim, objectivamente, de civilização. Uma questão de civilização balizada pelo espírito da lei que protege os direitos dos animais e que o asqueroso lóbi tauricida conseguiu contornar através de um regime de excepção proposto pelo CDS/PP e aprovado pela maioria dos deputados. 

2 Comments:

Blogger Helena Vilaarinho said...

Neste assunto estamos mesmo em sintonia. Subscrevo o que escreves.
Fiquei chocadíssima com a entrevista que Manuel Alegre deu ao Público(tu não te chocas eu sei porque presumo que o consideres "traidor" à Pátria). Só prova a minha teoria que para se ser uma besta não é necessário estar numa linha direita ou de esquerda.
Nunca pensei ouvir da boca dele que liberdade ou libertinagem fosse a mesma coisa.

https://www.publico.pt/2018/11/01/politica/noticia/manuel-alegre-tipo-intolerancias-touradas-cria-bolsonaros-1849611?fbclid=IwAR2hpdvbBztjbjjJDcLKoDtbe0r71A1lfaW8Y58z3W2Gfqtf7X6zE8NhnZI

2 de novembro de 2018 às 14:28:00 WET  
Blogger Caturo said...

Já o ouvi a dizer outras merdas de um descaramento ímpar, como quando disse que não devia haver tantos referendos porque isso ia contra a «tradição portuguesa da democracia representativa», é de meter nojo aos cães. Que ele apoie as touradas não me surpreende demasiado, aliás, eu já o sabia, mas quando o soube isso não me surpreendeu grandemente, os grandiloquentes dessa geração têm esse tipo de convicções «tradicionalistas»...

4 de novembro de 2018 às 00:01:00 WET  

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