terça-feira, outubro 02, 2018

COMO CRESCE O PARTIDO NACIONALISTA ALEMÃO AFD

O assassinato de um cidadão alemão em Chemnitz por dois candidatos a asilo cuja solicitação de asilo havia sido negada e o empenho da polícia alemã em acobertar o caso contribuíram para o salto do apoio ao partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) que, de acordo com uma nova pesquisa de opinião, ultrapassou o Partido Social Democrata (SDP) tornando-se a segunda força política da Alemanha.
O apoio à AfD subiu para 17%, enquanto o apoio ao SPD despencou para 16%. A aliança da União Democrata Cristã (CDU) com a União Social Cristã da Chanceler Angela Merkel conta com 28,5% de acordo com uma sondagem do Insa Institute publicada pelo jornal Bild em 3 de Setembro.
A ascensão da AfD, que tem vindo a ser alimentada pela fúria generalizada a respeito da decisão de Merkel de permitir a entrada no país de mais de um milhão de imigrantes, predominantemente muçulmanos de África, Ásia e Médio Oriente e o subsequente crescimento dos crimes violentos, reflecte um realinhamento na política alemã, na qual os eleitores rejeitam cada vez mais a ortodoxia multicultural dos partidos tradicionais.
Quando foram realizadas as eleições federais em 24 de Setembro de 2017, a coligação CDU/CSU obteve 32,9% dos votos, o pior desempenho eleitoral em quase 70 anos. O SPD conquistou 20,5%, o pior desempenho da história do partido. A AfD arrebatou 12,6%, tornando-se o terceiro maior partido do país no parlamento alemão.
Os resultados da eleição mostraram que mais de um milhão dos tradicionais eleitores da CDU/CSU transferiram os seus votos para a AfD. Sinalizando que a apreensão em relação à imigração em massa não se limita aos eleitores conservadores, o SPD de Centro-Esquerda teve uma debandada de 500 mil votos que foram transferidos para a AfD, já o partido de Extrema-Esquerda. A Esquerda perdeu 400 mil eleitores. Além disso, quase 1,5 milhão de eleitores que votaram pela primeira vez optaram pela AfD. A tendência manteve-se, corroborada consistentemente por pesquisas de opinião desde a eleição de 2017.
Os principais partidos estão a reagir com o que alguns observadores dizem ser medidas desleais, visando deslegitimar e criminalizar a AfD, entre elas pedindo que o partido seja monitorizado pelo Estado.
Os adversários da AfD, que muitas vezes classificam o partido como "Extrema-Direita" ou "extremista", alegam que os supostos laços do partido com grupos neonazis representam uma ameaça existencial à ordem constitucional da Alemanha. Os partidários da AfD contra-argumentam que o establishment politicamente correcto da Alemanha, com medo de perder o seu poder e influência, procura banir um partido legítimo que se comprometeu a colocar em primeiro lugar os interesses dos cidadãos alemães.
Os pedidos para que a AfD seja monitorizada pela inteligência alemã intensificaram-se nos últimos dias devido à participação de membros da AfD em protestos em massa em Chemnitz contra a escalada vertiginosa da criminalidade perpetrada por imigrantes, protestos nos quais cerca de 50 vândalos e neonazis também estavam presentes.
Os protestos eclodiram depois de um alemão/cubano de 35 anos chamado Daniel Hillig ser esfaqueado até à morte por dois imigrantes em 26 de Agosto durante o festival anual da cidade.
Inicialmente a polícia recusou-se a revelar a identidade dos criminosos, porém em 27 de Agosto vazou nas redes sociais um levantamento realizado pela polícia, o documento foi subsequentemente removido dos sites alemães, mas permanece num site russo, que revela que os assassinos eram imigrantes ilegais do Iraque e da Síria. Ambos tinham histórias criminais extensas mas foram autorizados pelas autoridades alemãs a vagar livremente pelas ruas alemãs. Posteriormente a polícia confirmou que o documento vazado era autêntico, ressaltando que abriu uma investigação sobre a suspeita de "violação de segredos oficiais".
Milhares de pessoas foram para as ruas por vários dias para protestarem contra o assassinato e a inércia das autoridades alemãs no tocante à escalada da criminalidade dos imigrantes. Os protestos (e contra-protestos) uniram um amplo espectro da sociedade alemã, entre eles apoiantes da AfD, bem como membros do assim chamado "cenário da Extrema-Direita". Ao final de uma das passeatas, uma parcela dos manifestantes apelou para a violência insultando imigrantes que passavam pelo local. Esse incidente acabou por moldar a narrativa dos média que transformou o protesto de alemães contra o crime de um imigrante em ataques da Extrema-Direita contra migrantes inocentes.
Pouquíssimos, provavelmente nenhum, dos políticos mais influentes da Alemanha condenaram o assassinato de Hillig, contudo, num piscar de olhos, condenaram os ataques contra os migrantes.
Em 27 de Agosto, Steffen Seibert, porta-voz do governo condenou, numa entrevista colectiva à imprensa nacional, a "caça aos seres humanos de aparência diferente, de origem diferente" nas ruas de Chemnitz.
A chanceler Merkel ecoou: "temos imagens de vídeo que mostram que houve perseguições, tumultos, que havia ódio na rua, isto é inaceitável no nosso estado de direito".
Mais tarde emergiu que todas as alegações do governo basearam-se num único vídeo de 19 segundos intitulado "Caça aos Humanos em Chemnitz", que foi postado no YouTube e na sequência transmitido pela TV estatal ARD. O vídeo mostra um indivíduo perseguindo outro, o que parece ser um incidente isolado.
Além disso, um manifestante fazendo a saudação nazi durante o protesto em Chemnitz foi destaque nas manchetes do país; descobriu-se ser um extremista de Esquerda que se infiltrou na passeata para enxovalhá-la. Não obstante, foi dada a largada na narrativa mediática.
O presidente da Comissão de Assuntos Internos do Parlamento alemão, Burkhard Lischka (SPD), alertou para o perigo de uma guerra civil: "Há um pequeno grupo de vândalos de Direita no nosso país que levará as suas fantasias violentas de guerra civil às nossas ruas. O facto de haver no Bundestag (parlamento alemão) um partido que aplaude esses excessos contra concidadãos estrangeiros como moralmente justos e legítimos, mostra que a maioria no nosso país deve-se tornar ainda mais ruidosa quando o assunto é Estado de Direito, democracia e coesão da nossa sociedade."
O vice-presidente do Bundestag, Thomas Oppermann exigiu que a AfD seja monitorizada pelo Serviço Nacional de Inteligência da Alemanha, Departamento Federal de Protecção da Constituição (Bundesamt für Verfassungsschutz, BfV): "a questão dos refugiados divide a sociedade e a AfD surfa de maneira cada vez mais radical nessa onda".
O ministro do interior da Alemanha, Horst Seehofer (CSU) contra-argumentou dizendo que não via nenhuma base para monitorizar a AfD. Sem participar numa reunião à porta fechada da CSU em Brandemburgo, Seehofer defendeu os manifestantes que participaram nos protestos em Chemnitz: "o simples facto de as pessoas protestarem não as torna nazis". Enfatizou: "a imigração é a mãe de todos os problemas."
O primeiro-ministro da Saxónia Michael Kretschmer (CDU) depois desmentiu a sustentação do governo : "não houve nenhum vandalismo, não houve nenhuma perseguição, não houve nenhum pogrom nesta cidade."
O porta-voz do procurador do Estado da Saxónia Wolfgang Klein ressaltou: "após examinar todo o material disponível, concluímos que não houve perseguições em Chemnitz".
Ao ser solicitado a rectificar as suas afirmações, Seibert reiterou-as: "Não vou entrar numa discussão semântica sobre uma palavra. É claro que se o Gabinete do Procurador Geral faz uma afirmação, eu presto atenção. No entanto, é importante salientar que um vídeo mostra como as pessoas de origem estrangeira foram perseguidas e como foram ameaçadas. Na realidade houve declarações ameaçadoras, praticamente um chamamento à acção de justiceiros. De modo que, na minha opinião, não tenho nada a acrescentar."
Assim como Seibert, Merkel recusou-se a recuar: "Vimos imagens que revelaram com muita clareza o ódio e a perseguição a pessoas inocentes. É preciso distanciar-se dessas coisas. Isto é tudo, nada a acrescentar".
Escrevendo para Tichys Einblick, um conceituado blog alemão, o comentarista Oswald Metzger resumiu: "Não houve nenhuma multidão de vândalos, não houve perseguições, não houve pogrom nesta cidade." O primeiro-ministro saxão, Michael Kretschmer (CDU), corrigiu de forma contundente as reportagens virtualmente histéricas, além de falsas, de incontáveis meios de comunicação sobre os eventos em Chemnitz após as facadas que levaram à morte uma pessoa. Até a chanceler e a porta-voz do governo haviam, como todos sabem, divulgado esses relatos falsos ao público, dando-lhes assim publicidade.
"Por demasiado tempo muitos cidadãos de todas as camadas sociais perceberam que os problemas de integração até mesmo de imigrantes de terceira e quarta geração aumentaram, não diminuíram, especialmente entre os turcos. A imigração em massa dos últimos três anos, sob o lema do 'direito ao asilo', aumentou significativamente o medo das sociedades paralelas, do crime e da alienação cultural.
"Quando penso nas frequentes, indistinguíveis e generalizadas acusações contra o 'Chemnitz castanho' (castanho é a cor do nazismo), os partidos tradicionais não terão porquê perguntar, salvo raríssimas excepções, a razão de continuarem a perder votos para a expressiva AfD.
"Quando os cidadãos assustados são gradativa e incessantemente tachados de nazis, acusações que, a propósito, usadas em excesso, equivalem a uma banalização desenvergonhada dos crimes nazis; muitas vezes esses cidadãos, não raramente, respondem com a observação de indiferença: 'paciência, então sou nazi!'
"O extremismo não pode ser combatido com exclusão e sim observando-se os factos. Aqueles que querem-se aproximar dos cidadãos apreensivos devem sair das trincheiras ideológicas".
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Soeren Kern é membro sénior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/13044/alemanha-partido-anti-imigracao

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Em suma:
 - os políticos querem esconder a verdade;
 - quanto mais o povo descobre a verdade mais vota nos Nacionalistas.
É assim que se confirma, novamente e outra vez, e mais uma vez ainda, que a Democracia constitui aliada potencial, e já natural, do Nacionalismo.