terça-feira, outubro 02, 2018

SOBRE O JIHADISTA TUGA PRESO EM ESPANHA

O português Fábio Medeiros de Almeida, detido em Espanha desde Outubro de 2015 por suspeitas de pertencer a uma rede de recrutamento do Estado Islâmico, foi esta Martes [da semana passada] condenado a uma pena de quatro anos de prisão por "doutrinamento passivo" com vista ao terrorismo. Os restantes arguidos, Sanae Boughroum, Laila Haira e Saif Eddine, foram condenados a sete anos de cadeia pelos crimes de captação e doutrinamento para o terrorismo. Depois de ter cumprido quase três anos de prisão preventiva, restará a Fábio Almeida um ano de cadeia. No final deverá ser enviado para Portugal uma vez que França, onde vivia, terá proibido a sua entrada no território devido às ligações ao Estado Islâmico.
Ao contrário do que sustentava a acusação, o juiz António Dias Delgado, da terceira secção da Audiência Nacional, não considerou provada a pertença do radical português - nem dos restantes acusados - a uma organização terrorista. De acordo com a sentença lida pelo magistrado, citado pelo El País, "não basta um novo desejo de impor umas ideias pela violência , mesmo que se manifeste publicamente". 
O tribunal entendeu que o grupo não constitui uma "estrutura completa" anda que assumissem "diversas funções, papeis ou actuações com o objectivo de conseguir a coacção necessária para impôr os seus objectivos finais. No entanto, não assumiam "dentro de uma estrutura hierarquizada funções ou a disponibilidade para efectuar actos delituosos indeterminados.
Fábio Almeida, um português natural dos Açores que imigrou com os pais para França aos 9 anos, foi detido na madrugada de 4 de Outubro na urbanização Calalberche, em Santa Cruz del Retamar, que fica no limite da região de Toledo. Com ele estava Sanae Boughroum, a espanhola de ascendência marroquina com quem tinha iniciado um relacionamento pela internet e com quem casara na noite anterior - tinha sido esse o propósito da viagem.
Há meses que os dois planeavam, em segredo, viajar para a Síria ou para outro palco da jihad como a Líbia. Segundo os investigadores. os dois radicalizavam-se mutuamente através da internet e por telefone. Uma das chamadas monitorizadas ocorreu a 4 de Julho de 2015. Nesse dia, Sanae, de 33 anos, enviou ao português um video, através da aplicação Whatsapp, com a morte por afogamento de cinco prisioneiros do Estado Islâmico. Um vídeo posterior mostra a execução de outro grupo de detidos com recurso a explosivos. Fábio não teve dúvidas. "É um castigo baixo", disse.
Os dois conheciam-se pessoalmente desde Abril desse ano - e pela internet algum tempo antes. Fábio viajou de propósito para Espanha para conhecer aquela que viria a ser a sua futura noiva. Quando voltou a casa, nos arredores de Paris, estava decidido a casar-se, recordou à SÁBADO a mãe do radical português, numa reportagem publicada a 30 de Maio.
Os dois faziam planos para se casar. E Fábio, que dizia à família estar preparado para morrer e para fazer a jihad, treinava em segredo, em batalhas de airsoft. Na internet, chamava-se Abderrahman. Passava horas ao computador. A ver vídeos e imagens de propaganda terrorista. Nos seus dispositivos as autoridades encontraram mais de 65 mil fotografias e vídeos de armas e decapitações.
Nem a filha menor do português escapava às suas ideias. Então com quatro anos, Fábio Medeiros forçava-a a usar o niqab. Nas escutas registadas pelas autoridades diz à companheira: "O meu pai disse-me que preferia que estivesse bebendo, fumando e fornicando em vez de estar na religião muçulmana. Disse que sou a vergonha dos Portugueses. Sabes uma coisa? A mim passaram-me coisas pela cabeça, não imaginas… portugueses de merda, os kafir [infiéis] merecem morrer todos". Na época, Fábio era condutor de autocarros na região de Paris. 
A investigação espanhola foi aberta a 12 de Janeiro de 2015. Nessa altura, a Comisaría General de Información (CGI), o departamento secreto de recolha de informações da Polícia Nacional vocacionado para o combate ao terrorismo, partilhou os resultados da investigação às redes sociais de Achraf Jouied. Marroquino de 24 anos, conhecido por Ashraf Al Andalusi, estaria na Síria e era um dos responsáveis pela utilização das redes sociais para para recrutamento a favor do Estado Islâmico.
Foi nesta análise que foram descobertos os contactos de Achraf Jouied com Sanae Boughroum. Através do Facebook ela entraria em contacto com potenciais recrutas, sobretudo mulheres. Se os contactos fossem satisfatórios, passavam para a troca de mensagens através do WahtsApp, onde Sanae e Laila, outra mulher agora condenada, geriam pelo menos três grupos com mais de uma centena de membros.
As escutas a que esteve sujeita mostram que para além do recrutamento, mostrava ter contactos na Síria e ligações a Ayoub El Khazzani, o autor do atentado frustrado ocorrido em França a 22 de Agosto de 2015, no comboio de alta velocidade que unia Amsterdão a Paris. "A não materialização do atentado produziu em Sanae Boughroum uma grande tristeza, chegando inclusivamente a chorar, lamentando que a missão não tenha tido êxito e maldizendo os que evitaram que ocorresse um massacre a bordo do comboio", sustentava a acusação.
Em tribunal, todos se declararam inocentes e não serem terroristas. Os juizes consideraram provado que Sanae decidiu estabelecer estruturas de captação e recrutamento de novos membros para o Estado Islâmico e que desde 2014 se dedicava a captar outras mulheres. Ela própria tinha como objectivo viajar para a Síria.
Como colaboradora principal tinha a já referida Laila Haira. Juntas utilizavam o Facebook para iniciar os primeiros contactos com as suas vítimas e quando as conversas davam a entender que havia uma certa afinidade ideológica, passavam para conversas mais privadas através do WhatsApp, em grupos distintos, cuja capacidade máxima era de 100 membros. As duas geriam pelo menos três grupos destes.
Houve pelo menos três jovens marroquinas que se viram imersas neste processo. O processo, consideraram os juízes, era eficaz. Para prová-lo deram como exemplo o caso de Raja A., uma mulher que foi doutrinada e decidiu viajar para a Síria - só não o conseguindo porque foi presa antes e condenada a cinco anos de prisão por colaboração com uma organização terrorista.
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Fonte: https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/portugues-condenado-em-espanha-por-ligacoes-ao-terrorismo

Como viveu este jovem em França?

O rapaz, então com cerca de 25 anos, passava o tempo com os amigos, na maioria árabes.
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Fonte: https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/o-jihadista-portugues-dos-acores-preso-em-espanha

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Pois claro... imigração que é já iminvasão do terceiro mundo a dominar bairros inteiros em solo europeu dificilmente poderia deixar de produzir coisas destas e doutras que eventualmente estão por vir.