quarta-feira, janeiro 10, 2018

DIRIGENTE DA ENTIDADE SÉRVIA DA BÓSNIA AFIRMA QUE INDEPENDÊNCIA É OBJECTIVO LEGÍTIMO

A independência da entidade dos sérvios da Bósnia é um "objectivo político legítimo", considerou hoje o seu líder político Milorad Dodik, apesar de precisar que não constitui um propósito "imediato".
Desde o final da guerra civil inter-étnica (1992-1995) com a assinatura dos acordos de Dayton que a Bósnia-Herzegovina está dividida em duas entidades a Federação croato-bosníaca e a República Srpska (RS), a entidade dos sérvios da Bósnia. Estão unidas por frágeis instituições centrais comuns, cuja autoridade é cada vez menos respeitada.
Milorad Dodik, que tem protagonizado uma aproximação ao Presidente russo Vladimir Putin, tem-se referido com alguma frequência às aspirações independentistas da sua entidade, que hoje celebra a sua "festa nacional" apesar das críticas da liderança bosníaca (muçulmana) em Sarajevo e das chancelarias ocidentais.
"O nosso objectivo é o mais elevado grau de independência possível para a Republika Srpska. Caminhamos nessa direção, é um objectivo político legítimo", declarou Milorad Dodik em entrevista à televisão estatal da Sérvia (RTS). No passado, considerou a Bósnia um "conceito falhado", um local "que ninguém deseja".
"Temos necessidade de lutar para preservar os direitos que adquirimos", prosseguiu Dodik. E no decurso das celebrações da "festa nacional", frisou que "o Povo Sérvio tem dois Estados, a República da Sérvia e a Republika Srpska".
A independência da entidade sérvia da Bósnia "não é um sujeito para este momento", admitiu no entanto. "Não abordamos a questão da independência como se tivéssemos a intenção de tomar hoje essa decisão".
Segundo o último recenseamento, em 2013, a Bósnia possuiu 3,5 milhões de habitantes, com cerca de 50% de bosníacos (muçulmanos), 33% de sérvios e 15% de croatas.
Entre os fundadores em 1992 da RS inclui-se Radovan Karadzic, o ex-líder político condenado a 40 anos de prisão pelo extinto tribunal de Haia para a Jugoslávia (TPIJ) por genocídio e crimes contra a humanidade no decurso da guerra civil.
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Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/934754/lider-da-entidade-servia-da-bosnia-independencia-e-objetivo-legitimo   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa.)

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Mais do que simplesmente legítimo, trata-se de um verdadeiro direito humano básico que certa elite ocidental quis sufocar. O general americano que tratou do assunto da Bósnia teve o despudor ofensivo de declarar que não haveria lugar no futuro para Estados étnicos... Não há, na verdade, nada em política que seja tão legítimo como um Estado étnico - a cada Nação o seu próprio Estado, em cada Estado uma só Nação é um imperativo da ética e, já agora, da paz.