sexta-feira, novembro 24, 2017

MINISTRO TUGA PREOCUPADO «COM A DEMOCRACIA» POR CAUSA DAS REDES SOCIAIS...

O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse hoje, durante uma visita oficial ao Brasil, que o mau uso das redes sociais ameaça os intelectuais e a natureza da Democracia.
"Há mesmo um risco de os intelectuais serem substituídos pelas redes sociais e nós temos que considerar este risco possível como uma ameaça a natureza das nossas democracias", disse Augusto Santos Silva, numa conferência na Universidade de São Paulo (USP), uma das mais renomadas instituições de pesquisa e Ensino Superior do Brasil.
Convidado para participar no debate "Conhecimento, informação e acção política: estão os intelectuais a ser substituídos pelas redes sociais?", o ministro português disse que "o populismo e a desinformação disseminados pelas 'fake news' (notícias falsas) são grandes ameaças à polícia e a sociedade".
"Olhando primeiro para o populismo como cultura política que está a crescer na Europa e na América do Norte, é preciso considerar que ele se caracteriza pelo anti-elitismo, mas acima de tudo pelo anti-pluralismo e por um apelo a abordagem moralista e emocional da política. Essa concepção está a colocar em causa o pluralismo que construiu as democracias", explicou.
Sobre as notícias falsas, Augusto Santos Silva avaliou que estas alimentam o crescimento da desinformação já que têm três traços preocupantes: a indistinção entre informação e propaganda, a não separação de notícias e boatos e também a junção da apresentação dos factos com as opiniões.
"Esta tendência que se vê muito nas redes sociais também está a contaminar os nossos media tradicional e traz consigo a ideia de que podemos ser menos rigorosos na apuração dos factos e que os mecanismos de apuração podem ser dispensados (...). Tudo isto constitui uma ameaça à Democracia e a função dos intelectuais", ponderou.
Apesar das críticas que fez ao mau uso das redes sociais, Augusto Santos Silva foi enfático ao reconhecer a função destas na sociedade contemporânea.
"As redes sociais existem, as novas tecnologias de informação e plataformas de comunicação existem, continuarão a existir e serão ainda mais eficazes e presentes na nossa vida privada e social. Este é o nosso presente e o nosso futuro. O modelo de comunicação que elas permitem é positivo e muito poderoso", disse.
O ministro salientou que uma forma de combater os desvios causados por o mau uso das redes sociais é convocar os intelectuais a fazerem uma ampla defesa da razão e do debate no ato de comunicação.
"Hoje, entendemos que a razão é dada pela troca de argumentos. A razão não é uma verdade revelada (...). Outro antídoto [contra o mau uso das redes sociais] é a defesa da mediação e das instituições", destacou, acrescentando: "Uma alternativa [que temos] é reafirmar a função dos intelectuais, sustentando que é preciso mais pesquisas, mais conhecimento (...). Precisamos de jornalismo e de intelectuais actuando nas redes sociais. Isto significará uma utilização muito mais capaz delas".
O Ministro dos Negócios Estrangeiros português está em São Paulo, onde também participou da cerimónia de entrega da Ordem do Mérito Empresarial da República Portuguesa ao presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, visitou o local onde funcionará a primeira escola portuguesa do Brasil e encontrou-se com representantes da comunidade luso-brasileira.
Na sexta-feira, Augusto Santos Silva seguirá para o Rio de Janeiro, onde terá uma série de reuniões oficiais.
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Fonte: https://www.dn.pt/sociedade/interior/mau-uso-das-redes-sociais-ameaca-os-intelectuais-e-a-democracia-diz-augusto-santos-silva-8939942.html

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A verdade vem ao de cima e assim despedaça-se o «fair-play» pretensamente democrático de certa gentinha. Custa muito aos «santossilva» que por aí poisam perderem o monopólio da informação e da exposição pública da opinião - chateia-os, irrita-os, assusta-os, que cada vez se veja com mais clareza a diferença entre opinião publicada pelos seus pares e opinião verdadeiramente pública da «plebe». Pessoal deste gostava de poder continuar a falar em nome do povo mas sem o povo, dizendo à populaça o que é correcto pensar... Custa-lhes perder estas prerrogativas a que esta classe privilegiada estava habituada. Agora vê-se aquilo que realmente são - efectivamente, não é democrata quem quer, é democrata quem pode.

1 Comments:

Blogger João Nobre said...

As elites cosmopolitas só gostam das redes sociais, quando as mesmas servem a sua agenda e repetem a "cassete" do "sistema". Quando é assim, as redes sociais são sempre muito boas e "progressistas", mas quando as redes sociais dão voz a pessoas que contrariam a narrativa oficial do "sistema", aí já são más e é preciso combater as "fake news" como eles dizem.

25 de novembro de 2017 às 01:48:00 WET  

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