quarta-feira, novembro 22, 2017

DR. WHO


A 23 de Novembro de 1963 a BBC emitiu pela primeira vez a série «Dr. Who». Dr. Who - Doutor Quem, digamos... - é um alienígena espertalhaço que viaja pelo espaço, pelo tempo e por todas as dimensões e mais algumas na sua nave espacial a que chama TARDIS (Time And Relative Dimension(s) In Space - Tempo E Dimensões Relativas No Espaço - TEDRNE, sigla que não tem o mesmo charme dramático e saudosista do acrónimo em Inglês, digo eu...), veículo que por fora tem a exígua forma de uma cabine telefónica da polícia londrina de 1963 mas por dentro é muitíssimo mais espaçoso, como se a entrada nesta singular nau espácio-dimensional fosse só por si uma passagem entre dimensões. Acompanhado frequentemente por ajudantes terráqueos, o mais das vezes do sexo feminino, Dr. Who passeia por todos os espaços e tempos que imaginar se possa, fazendo justiça e tentando corrigir erros de diversos tipos para salvar o universo ou o que estiver em causa, combatendo frequentemente os mais bizarros inimigos, alguns deles seus velhos conhecidos, como a aguerrida raça homicida dos Daleks, com formato de robô-andróide típico da ficção científica dos anos cinquenta-sessenta e um sotaque algo aciganado, digo eu... Dr. Who corresponde, a meu ver, ao arquétipo do sábio ou do cientista louco mas com uma ligeireza e um toquezito de humor que o faz parecer uma espécie de James Bond do espaço. Criado por um inglês, um escocês e um canadiano, parece, por coincidência ou não, uma moderna encarnação «pop» do maior Deus dos ancestrais dos Anglo-Saxões, Wuoden (Odin na Escandinávia), o Viajante sempre ávido por mais conhecimento, tanto que até deu o olho direito por isso e pendurou-se numa árvore de cabeça para baixo com a sua própria lança cravada no seu flanco por nove dias e nove noites para assim alcançar ainda mais conhecimento (o das runas, concretamente)... o equivalente céltico de Wuoden é Lugh, o maior Deus do mundo céltico, espécie de «homem dos sete ofícios», sabendo sempre mais do que todos os outros. Ambos parecem equivaler ao romano Mercúrio, segundo correspondências estipuladas há dois mil anos ou perto disso.
Acredite-se ou não, a série ainda existe. Já teve uns sete ou oito actores, se calhar nove, a interpretar-lhe o papel principal. Escapou por demasiado tempo ao pequeno ecrã luso, tanto que só a partir dos anos noventa começou a ser vista por cá, através da SIC Radical. Creio que algures nalguma BBC continua a sua saga, em episódios de qualidade desigual e que ultimamente tendiam fortemente para a lamechice - já não se fazem «brits» como antigamente... - mas ainda assim aprazível para quem aprecie o género.