domingo, outubro 01, 2017

«HÉRCULES» DA MARVEL



Outubro de 1965, apresentação formal ao público na revista Journey into Mystery Annual #1 (1965) da versão Marvel do mais famoso herói grego, Hércules. Surge na esteira de uma outra adaptação da mitologia à b.d. de super-heróis, Thor, Deus nórdico do Trovão, com o qual rivalizou diversas vezes, num dos casos em situação de confronto entre o norte e o sul europeus. São em quase tudo equivalentes, tanto nas mitologias antigas como na b.d. americana. Não me esqueço da pitoresca clareza com que numa dessas histórias o brutamontes grego diz ao loiro de martelo «estou farto de hipocrisias, canalha nórdico». De personagem relativamente secundária que era há cinquenta anos, o Hércules da Marvel acabou por se tornar, mais recentemente, num dos super-heróis que mais projecção alcança nas revistas, qualquer dia chega aos filmes, onde o outro, Thor, já faz carreira. Não há nada como os clássicos; a distância espiritual entre a Europa contemporânea e a de há dois mil anos é cada vez menor. Diversos filmes e séries televisivas de relativo sucesso tiveram como centro esta figura mitológica - de resto, os inúmeros heróis do entretenimento popular mediático da actualidade assentam no mesmo molde que Hércules, a saber, o do herói por vezes ligeiramente abestelhado que brilha antes de mais nada pela força hercúlea e pela capacidade de sozinho exercer violência às toneladas, usualmente com recurso a uma arma de efeito esmagador, como o público gostou sempre de ver: um agorilado Schwarzenegger como «Conan» ou «Comando», um Stallone monocórdico e também musculoso como «Rambo» de M-60 à cintura, enfim, manifestações modernas do arquétipo hercúleo.