segunda-feira, fevereiro 20, 2017

ISRAEL A CAMINHO DE UMA NOVA SEGREGAÇÃO?

Em entrevista colectiva com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o presidente norte-americano Donald Trump disse que os Estados Unidos não mais insistiriam na criação de um Estado palestino. A Sputnik International discutiu o assunto com Menachem Klein, professor de ciência política na Universidade Bar-Ilan de Israel.
Quando questionado sobre a sua posição a respeito dos assentamentos israelitas em territórios palestinos, Trump pediu a Netanyahu que "retivesse os assentamentos por um tempo". Por sua vez, Netanyahu disse esperar "chegar a um entendimento" com o presidente norte-americano sobre a questão.
"Depois de ver o presidente Trump, Netanyahu disse que não iria restringir a expansão dos assentamentos de Jerusalém, então em Jerusalém veremos mais assentamentos e nada do que Trump solicita", disse Klein em entrevista à Sputnik International.
Quando questionado sobre a sua opinião geral a respeito de Trump e da decisão do magnata de descartar décadas de apoio dos EUA a um Estado palestino independente, o professor afirmou que o presidente era "ignorante sobre os detalhes e a história das negociações israelo-palestinas".
"Ele disse recentemente que os Palestinos deveriam reconhecer Israel, mas os Palestinos reconheceram Israel em Setembro de 1993. O que ele está a dizer é: 'Tenho muitas coisas para fazer em casa, então vá e negocie, é isso. Tudo com que você concordar, eu vou apoiá-lo'”, disse Klein, referindo-se à atitude de Trump diante de Israel.
O professor observou ainda que Israel é muito mais poderoso do que a Palestina e quer ditar os seus termos ao outro lado sem quaisquer terceiras partes tentando alcançar um equilíbrio.
"Isto não levará a acordo. Os Palestinos não irão a lugar nenhum e Israel eventualmente enfrentará um problema demográfico ou uma fórmula de uma-pessoa-um-voto, e a opção de dois Estados voltará à mesa", opinou.
Sobre a decisão de Trump de transferir a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, o professor disse que muitos chefes de Estado árabes alertaram Washington a reconsiderar a medida, argumentando que a questão de Jerusalém é ainda mais séria do que a dos assentamentos judaicos.
"É um acto simbólico, mas ainda é muito importante", explicou Klein.
Enquanto isso, porém, sinais vindos de Washington parecem indicar que a transferência da embaixada pode não acontecer tão cedo.
A política dos Estados Unidos oficialmente diz que a embaixada do país em Israel deve ser transferida para Jerusalém. No entanto, os presidentes anteriores dos EUA optaram por não prosseguir com a transferência, usando uma dispensa presidencial a cada seis meses. A última delas expirará em 1º de Junho, e não está claro se Trump poderia transferir a embaixada antes disso.
"Talvez em Junho, quando israelitas e judeus em todo o mundo estiverem a celebrar o 50º aniversário da ocupação israelita de Jerusalém, Trump decidirá dar esse presente a Bibi [Netanyahu]", observou o professor Klein.
Ele acrescentou ainda que para Israel a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém significaria o reconhecimento oficial de Jerusalém como parte do Estado judeu e a anexação israelita da cidade.
Klein disse ainda que a solução de dois Estados permanece possível, mas não fácil.
"A única maneira para que a solução de um Estado se torne viável é que Israel se torne um Estado de apartheid, e os Israelitas estão agora a ir muito rapidamente em direcção a um Estado de apartheid. Quanto à opinião pública, vai mudar dependendo das circunstâncias. Aqui muito depende dos Palestinos, que estão passivos agora", afirmou o professor.
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Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/201702177708013-israel-apartheid/

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Um professor claramente pró-palestino, este... chamar «ocupação» à constituição de um Estado que pertence por direito aos Judeus assim o indica. Quanto à segregação que anuncia, pois enfim, só peca por tardia.