quarta-feira, julho 20, 2016

TURQUIA PODE SER EXPULSA DA OTAN?

A tentativa de golpe militar na Turquia não deixa à Aliança Atlântica outra opção senão excluir o país da organização, escreveu um analista britânico.
Segundo o artigo de Con Coughlin do jornal famoso britânico The Telegraph, a Turquia, desde o momento em que aderiu à aliança militar em 1952, foi vista como um país importante na protecção da Europa de ameaças externas. A proximidade do país a locais de graves conflitos no Iraque e Síria actuais de novo sublinhou a importância deste país-membro da aliança, especialmente no fundo da ameaça do grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia e reconhecido como terrorista no Brasil).
Além disso, a posição geográfica importante tornou-se na razão para a instalação no território turco da base aérea Incirlik que armazena armas nucleares tácticas da OTAN.
Ao mesmo tempo, Washington fala abertamente sobre a possibilidade de expulsar Turquia da aliança o que mostra, segundo o autor, toda a seriedade e o grau ao qual as relações entre as partes deterioraram desde os acontecimentos da noite para 16 de Julho.
O golpe de Estado, organizado e efectuado por um grupo de militares descontentes, fracassou. Mas muito em breve o presidente turco Recep Tayyip Erdogan iria aplicar outro golpe aos oponentes. A "limpeza" já afectou milhares de militares, agentes policiais, juristas, funcionários da esfera da educação. Tudo isso ainda atingiu os EUA: Washington foi acusado de apoiar rebeldes e Ancara desligou a electricidade na base aérea Incirlik.
Então, a questão é bastante simples: será que a OTAN expulsará um membro problemático, mas realmente importante?
O jornal lembra que a situação actual já não é a primeira em que a instabilidade política em Ancara força a aliança militar a reconsiderar as relações com o país. Assim, em 1960 na Turquia ficou enforcado o primeiro-ministro Adnan Menderes, o que alarmou muito a Aliança Atlântica.
Todavia, a aliança sempre compreendeu, segundo o analista, que a expulsão da Turquia a faria aproximar-se da Rússia ou dos países do Médio Oriente, por isso sempre deixou passar as suas falhas políticas.
A falta de popularidade do líder turco também não ajuda a situação: muitos políticos europeus responsabilizam-no pela crise migratória do Inverno passado e suspeitam da ligação dele com terroristas na Síria.
Para concluir, o cronista tira a conclusão de que, se Erdogan não mudar a sua política, não conseguirá manter a Turquia na OTAN. Caso contrário, a aliança deveria recusar o seu aliado.
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Fonte: http://br.sputniknews.com/mundo/20160720/5733186/problema-otan-turquia-geopolitica.html

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Em caso de incumprimento das normas democráticas e do Estado de direito, a Turquia pode ser expulsa da OTAN.
O secretário de Estado dos EUA John Kerry declarou que a Turquia pode ser expulsa da OTAN se não respeitar os princípios da democracia na sua gestão do falhado golpe militar. 
De acordo com o político, como membro da aliança, a Turquia deve agir no quadro de Estado de direito ao punir os golpistas. 
"A OTAN exige democracia" e a aliança pretende avaliar as acções de Ancara contra os rebeldes militares, disse John Kerry na segunda-feira durante uma conferência de imprensa conjunta com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.  
A resposta do governo turco ao golpe do estado falhado preocupa os EUA e a UE, uma vez que as autoridades turcas estão classificando os rebeldes como "um câncer que deve ser erradicado" das instituições públicas. 
Neste sentido, o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan declarou que os golpistas vão "pagar um preço alto" e que o governo está discutindo a introdução da pena capital para as pessoas que participaram no golpe.  
John Kerry também manifestou o apoio ao governo eleito e acrescentou a importância da manutenção da estabilidade e paz no país.
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Fonte: http://br.sputniknews.com/mundo/20160719/5711623/turquia-expulsa-otan.html

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É pouco provável que da ameaça se passe neste caso à prática, mas a ideia pode e deve ser cultivada, dada a franca oposição entre os interesses do Ocidente e os de um país asiático historicamente inimigo da Europa e cada vez mais re-islamizado. Acresce que uma fronteira terrestre com uma zona instável dificilmente poderia ser benéfica para um bloco civilizacional cuja política é formalmente defensiva.