segunda-feira, maio 23, 2016

EXTREMA-DIREITA ENTRA NO PARLAMENTO DO CHIPRE


Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://observador.pt/2016/05/22/extrema-direita-entra-pela-primeira-vez-no-parlamento-de-chipre/ 
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O Elam obteve 3,7% dos votos, tornando-se no primeiro partido de extrema-direita a entrar no parlamento de Chipre, após três anos de crise económica e diversos escândalos de corrupção.
Uma abstenção recorde nas legislativas deste domingo em Chipre levou a que um partido de Extrema-Direita entrasse pela primeira vez no parlamento, após três anos de crise económica e diversos escândalos de corrupção. Os resultados definitivos deram a vitória à União Democrática (o partido de Direita Disy), partido no poder e a primeira formação no anterior hemiciclo, com 30% dos votos.
Numa assembleia muito fragmentada, a Extrema-Direita da Frente Nacional Popular (Elam) obteve pela primeira vez desde a independência da República de Chipre do jugo britânico, em 1960, representação parlamentar. O Elam defende o golpe de Estado nacionalista de 1974, apoiado pela então junta militar de Extrema-Direita no poder em Atenas e que pretendia a união da ilha à Grécia, a justificação para a invasão do norte da ilha pela Turquia. Obteve 3,7% dos votos, assegurando dois deputados.
O Partido Progressista do Povo Trabalhador (o partido comunista Akel, a principal força da oposição), recolheu 25%, um recuo de 7% face às anteriores eleições. Segundo os responsáveis do sufrágio, apenas votaram 67% dos cerca de 500 mil eleitores, uma taxa de abstenção recorde num país onde o voto é teoricamente obrigatório, contra 21% nas últimas legislativas de 2011.
A elevada abstenção favoreceu a entrada no parlamento de pequenas formações, e oito partidos vão agora partilhar os 56 lugares da assembleia, mais três que os representados até ao momento. O Presidente Nicos Anastasiades, cujo Governo de direita negociou em 2013 um plano de resgate internacional em plena crise económica, manifestou “inquietação” pela elevada abstenção, logo após o anúncio dos resultados.
Ao não comparecerem às urnas, muitos eleitores terão optado por protestar contra uma série de escândalos de corrupção que atingiram o funcionalismo público e responsáveis políticos. As dificuldades económicas e sociais, associadas ao plano de resgate após a crise de 2013 também cristalizaram o descontentamento, mesmo que o crescimento tenha regressado nos últimos meses.
No entanto, os resultados não deverão ter impacto nas negociações sobre a reunificação da ilha do Mediterrâneo oriental, dividida em duas entidades desde 1974: a República de Chipre, Estado-membro da União Europeia (UE) e da zona euro, e a auto-proclamada República turca de Chipre do Norte (RTCN), apenas reconhecida por Ancara.
Os dirigentes das duas partes da ilha relançaram as conversações em maio de 2015 e intensificaram o diálogo a partir de Novembro, com o apoio da ONU, UE e Estados Unidos, com o objectivo de formar um Estado federal.

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Mais uma vez, e mais outra, e mais outra ainda, a Democracia a mostrar que é aliada potencial do Nacionalismo - quanto mais democrático for o sistema político, maior o potencial do crescimento do Nacionalismo em tal sociedade. Claro que entrementes os mé(r)dia e seus donos podem tentar «desdramatizar» ou menorizar os resultados eleitorais do Nacionalismo, arranjando mil e um argumentos, cada vez menos convincentes, pretendendo, no caso acima, falar em nome do povo que se absteve, mas lá que as fileiras nacionalistas se fortalecem, isso está bem à vista. Aliás, o que é óbvio neste caso é que, independentemente da percentagem alcançada, a verdade é que o número de votos no partido nas legislativas mais do que triplicou, como aqui se vê:
https://en.wikipedia.org/wiki/ELAM_(Cyprus)#Parliamentary_elections - de 4354 votos em 2011 para 13041 em 2016.
E note-se que a Elam até tem uma vertente particularmente agressiva, estando envolvida em casos de violência, além de ter laços com a Aurora Doirada da Grécia, mas mesmo assim o povo deu-lhe votos suficientes para a pôr no parlamento nacional...


2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E note-se que a Elam até tem uma vertente particularmente agressiva, estando envolvida em casos de violência, além de ter laços com a Aurora Doirada da Grécia, mas mesmo assim o povo deu-lhe votos suficientes para a pôr no parlamento nacional...

Como eu que adivinhei logo que comecei a ler o artigo que a Elam era um grupo violento? Serei eu acaso bruxo? :) E como adivinhei que estarias contente por um grupo violento ganhar um lugar no parlamento? De qualquer forma, os partidos nacionalistas violentos acabam por ter um pico e depois acabam.

Já agora, 3.7% não é o "Povo" a eleger um partido de extrema-direita, mas sim a rejeitar um partido de extrema direita (96.3%).

24 de maio de 2016 às 17:49:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Cuidado com esse «raciocínio», que por essa ordem de ideias, então a maioria do Povo Português rejeita a democracia ou a república e quer a ditadura e a monarquia, dado que a maioria abstém-se e a abstenção tem subido consideravelmente desde 1975...
http://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+absten%C3%A7%C3%A3o+nas+elei%C3%A7%C3%B5es+para+a+Presid%C3%AAncia+da+Rep%C3%BAblica+total++residentes+em+Portugal+e+residentes+no+estrangeiro-2207
http://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+absten%C3%A7%C3%A3o+nas+elei%C3%A7%C3%B5es+para+a+Assembleia+da+Rep%C3%BAblica+total++residentes+em+Portugal+e+residentes+no+estrangeiro-2208

De resto, tu e quejandos não sabem ler a Democracia ou têm medo de entender o que a Democracia mostra... só uma lógica dessas é que permitiria dizer que «foi por causa da maioria do Povo rejeitar um partido de Extrema-Direita que ele entrou no parlamento!»...
Bacoradas à parte, a leitura correcta é esta: não é 96.3% que «rejeita» um partido de Extrema-Direita - é 96.3% que ainda não vota num partido de Extrema-Direita. Mas a Democracia é um sistema em constante evolução e tem as suas tendências e é isso que te enerva tanto, mesmo quanto tentas disfarçar o nervosismo com vaticínios de que os partidos violentos acabam e tal. Ele vê-se, com a continuidade da Aurora Doirada...

Mas pronto, vá lá que desta vez não garantiste que o Elam acabava «em seis meses»... ;)

25 de maio de 2016 às 04:41:00 WEST  

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