MARCHA LENTA DOS UCRANIANOS EM VÁRIAS CAPITAIS EUROPEIAS INCLUINDO LISBOA
Carta ao Presidente da Assembleia da República Portuguesa da comunidade ucraniana em Portugal.
Exmo Sr. Dr. Eduardo Ferro Rodrigues,
Presidente da Assembleia da República,
Depois de mais de 15 anos de história da nossa comunidade em Portugal nós, ucranianos que chegaram à terra lusa com o objectivo inicial de trabalho temporário, podemos afirmar que hoje estamos ligados a Portugal e consideramo-nos cidadãos deste país cuja cultura, história e regras sempre respeitámos.
Consideramo-nos perfeitamente adaptados à sociedade portuguesa e por isso agradecemos ao Governo, aos deputados e a todos os portugueses pelas condições que permitiram a nossa rápida integração.
Ao mesmo tempo, continuamos a preocupar-nos com a nossa Pátria – Ucrânia. Preocupamo-nos com as nossas famílias e queremos que o nosso país tenha os mesmos valores sociais a que nós nos acostumamos ao vivermos numa sociedade democrática e europeia como Portugal. A Ucrânia esteve muitos anos reprimida pelo regime totalitário da União Soviética, que lhe trouxe milhões de vítimas de repressões políticas, genocídio de fome e causou uma estagnação do desenvolvimento cultural e social.
Consequência desta ocupação foi o facto de a Rússia, após a declaração da independência da Ucrânia em 1991, ter mantido o controlo económico e político sobre o nosso país, bloqueando a sua integração nas estruturas europeias e mundiais.
O desejo dos ucranianos de viver num país livre e sem corrupção levou a população a sair à rua na Revolução de Maidan em 2013. Centenas foram os que morreram às balas dos apoiantes do regime pró-Kremlin de Viktor Ianukovitch. Isso foi a prova de que os ucranianos estão prontos para lutar pela democracia, mesmo com a própria vida.
Compreendendo que está a perder o controlo sobre a Ucrânia, o governo de Vladimir Putin iniciou uma agressão militar directa contra a Ucrânia: em primeiro lugar anexou a Crimeia, depois, apoiou militarmente organizações terroristas de Donetsk e Lugansk que, do seu lado, auto-proclamaram independência territorial da Ucrânia.
A Rússia justificava (e justifica) esta agressão como a “defesa dos direitos dos russos étnicos na Ucrânia”. E a guerra que iniciou, como um conflito civil da própria Ucrânia. O que não é verdade, visto que este conflito é um fruto da chamada guerra “russa-híbrida” contra os países que procuram sair do controlo de Moscovo. Exemplos deste tipo de guerras: Transnístria, Abkhazia, Ossétia e Chechénia.
Desde o início da Revolução de Maidan, a diáspora ucraniana de todo o mundo, que perfaz mais de 20 milhões de pessoas, activa e extremamente unida começou a auxiliar a Ucrânia. Salientando as causas e abordando os governos e políticos dos países onde vivem para ajudarem a parar a agressão russa.
Estamos agradecidos a Portugal que, numa situação geopolítica difícil que ameaça o mundo com um novo terrível conflito, apoiou a Ucrânia. Mas, infelizmente, os acordos de paz negociados pela comunidade internacional para acabar com a guerra no leste da Ucrânia, na verdade, não trouxeram o resultado esperado. Praticamente todos os dias nós recebemos com dor, notícias de ataques de mercenários russos, mais vítimas e mais vidas destruídas. Além disto, esta situação isola a Ucrânia, converte-a numa zona de perigo com consequências económicas e políticas.
Em vez de um diálogo construtivo para acabar com o derramamento de sangue no leste da Ucrânia, em vez de permitir uma relação amigável e mutuamente benéfica com a vizinha Ucrânia, a Rússia continua uma política de agressão e a ocupação da Crimeia, e não retira as forças militares nas regiões de Lugansk e Donetsk. Continua a abastecer os terroristas com armas modernas permitindo a destruição em massa das infra-estruturas ucranianas, a morte de civis e a prisão de cidadãos por motivos políticos, entre os quais, a mais conhecida Nadia Savchenko (deputada). A Rússia está constantemente a construir uma propaganda suja sobre a Ucrânia nos media nacionais e internacionais e a nível político elevado (nos MNE’s).
Portanto, caro Sr. Presidente, escrevemos-lhe em nome de todas as organizações que unem os ucranianos em Portugal e em nome da nossa unida diáspora, para lhe pedir ajuda: continuem a apoiar as sanções internacionais políticas e económicas contra a Rússia. Aliado a outras medidas que possam vir a ajudar a acabar com a agressão russa, a devolução dos territórios ocupados, assim como a libertação dos reféns ucranianos que estão detidos nas auto-proclamadas repúblicas de Lugansk e Donetsk.
Vivemos em países livres e é livre que queremos ver a nossa pátria.
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Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://ucrania-mozambique.blogspot.com.br/2016/02/ucranianos-de-portugal-se-dirigem.html
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