ARANTIA E ARANTIUS
Arantia e Arantio em inscrição encontrada no Fundão |
Sirona e Apolo, peça encontrada na Gália |
Trata-Se de duas Divindades, ou talvez só uma, que aparece até ao momento em nove inscrições da época romana: destas, quatro são oferecidas a Arentia e Arentio, quatro a Arentio e uma a Arentia. A primeira foi descoberta pela arqueologia em 1904. Todas estas inscrições foram encontradas na área da antiga Lusitânia dos Lusitanos, ou, mais concretamente, entre a Covilhã e Castelo Branco a oeste e Coria (Cáceres) a leste. É uma região onde predominam os cultos de outras grandes Divindades, tais como Bandua, Reve, Trebaruna e Quangeius, o que leva a pensar que Arentio e Arentia são ou é uma das principais desta área e que é, como as outras Divindades referidas, uma referência religiosa central e uma função específica, em complementaridade com as demais citadas.
José Leite de Vasconcelos propôs para a etimologia de Arentius o particípio latino «arens» (árido), embora mais tarde rejeitasse essa hipótese devido à aparente origem indígena dos dedicantes, concluindo por isto mesmo que a origem do nome se deveria procurar nas línguas célticas. Por outro lado, Vasconcelos comparava Arentius e Arentia com o par divino latino Fontanus e Fontana, argumentando que o aspecto adjectival das terminações de Arentius e Arentia induzia a pensar que o carácter destas Divindades estaria muito próximo da sua origem mais primitiva, uma vez que cada uma Delas era entendida como qualidade concreta mais do que como «espírito independente».
Outro autor, José Maria Blázquez, considerou Arentius e Arentia «é provavelmente uma Deidade cujo nome leva um sufixo que se empregou para formar nomes de cidades».
José da Encarnação afirmou por sua vez que Arentius e Arentia seriam Divindades tutelares, aduzindo para isso dois motivos: 1) a área geográfica restrita na qual surgem vestígios do Seu culto, 2) os epítetos que acompanham o(s) Seu(s) nome(s), o que sugere tratar-Se aqui de uma Divindade geral, da tribo, do grupo étnico, da região, que assume aspectos particulares consoante o local onde é venerada ou de acordo com a denominação dos seus adoradores).
Outros autores ainda, Rodríguez e Hurtado, colocavam a hipótese de Arentia e Arentius constituírem uma parelha divina. Nessa esteira seguia também Piernavieja, segundo o qual a parelha Arentius e Arentia seria análoga à de Apolo e Diana. Juan Carlos Olivares Pedreño é de opinião similar, na sua obra Dioses de la Hispania Céltica
http://www.rah.es/catalogo/catalogo/gabinete%5Cbah%5CDioses%20Hispania%20Celtica-PDF.pdf
Olivares Pedreño recorre à observação do contexto religioso etnicamente mais próximo do da Hispânia, a saber, o da Gália céltica e eventualmente áreas célticas circundantes, para a partir daí apresentar dois argumentos como sustento desta perspectiva: 1) na Gália, a maior parte das inscrições dedicadas a um par divino de Deusa-Deus dizem respeito a Entidades como Apolo (e/ou Divindades indígenas do mesmo tipo, como Borvo e Damona, Bormanus e Bormana, Albius e Damona; Sirona e Apolo; Damona e Apolo Moritasgus, Sirona e Grannus («Morno», termo céltico associado a Apolo, que na Irlanda vem a originar o vocábulo «Grian», o qual designa o Sol), Diana Sancta Sirona e Apolo Grannus, Apolo Grannus e Hygia - de uma maneira ou doutra, Divindades associadas a águas termais e à saúde em geral; Sirona aparece representada com uma cobra, tal como Esculápio, Deus da Medicina que é filho de Apolo) e a Mercúrio, Deuses que, já agora, são similares entre Si; 2) na Gália, há uma proporção notoriamente mais elevada de dedicantes do sexo feminino a Apolo e a Mercúrio do que a outras Divindades: mais do que a Marte e muito mais do que a Júpiter; o mesmo se verifica na Lusitânia relativamente às proporções de dedicantes femininos a Arentia/Arentius e a outras Divindades autóctones; 3) Arentius é, de entre as principais Divindades lusitanas - Bandua, Cosus e Reve - a única que até agora aparece em inscrições com epítetos que constituem derivações de nomes próprios dos adoradores, o que indica que Arantio será uma Divindade mais ligada ao âmbito privado, pessoal, familiar, do que as outras, o que entretanto se verifica também relativamente a uma das Divindades mais adoradas do mundo céltico, Lug ou Lugus (Lugh, na Irlanda), que aparece numa inscrição hispânica como Lucubo Arquienob(o), em que Arquienob(o) será uma derivação do antropónimo Arquius. E Lug costuma ser considerado como o equivalente céltico a Mercúrio - quando César diz, na «Guerra das Gálias», que Mercúrio é a Divindade mais adorada pelos Gauleses, deve estar a referir-se a Lug; na Irlanda, Lug é também o Deus mais adorado, sendo até tido numa saga de relevância central como o rei dos Deuses. Lug costuma por outro lado ser descrito com traços particularmente apolíneos, a ponto de já ter sido considerado como «Deus solar».
As informações relativas às Deidades autóctones são de uma escassez frustrante, obrigando os observadores a agarrarem-se com especial cuidado a todo e qualquer pormenor relativo aos poucos dados disponíveis. Neste quadro, está fora de questão não privilegiar o estudo dos epítetos na medida do possível. Afigura-se incontornável constatar que um dos epítetos de Arentia e Arentius é Ocelaeco (Covilhã). A similitude de Ocelaeco com o teónimo e epíteto britânico Ocelus é evidente. Ora na Britânia, este termo aparece em três inscrições, conforme aqui se lê: https://en.wikipedia.org/wiki/Ocelus.
http://www.caerleon.net/history/army/altar2.htm
Numa delas, Ocelus tem o epíteto Vellaun(o) e aparece como espécie de sinónimo de Mars Lenus - «Marti Leno siue Ocelo Vellaun(o)», isto é, «Marte Leno ou Ocelo Velauno». Outra inscrição diz «Mars Ocelus». Noutra ainda, Ocelus volta a estar associado a Marte. Não há aqui nenhuma referência a mais Divindade nenhuma - só a Marte. A hipótese, aventada numa das ligações acima, de que Ocelus fosse uma Divindade dos Silures, tem o seu interesse relativo quando se recorda o que dos Silures escreveu Tácito em «Annales» XI.II: «as caras morenas dos Silures, a qualidade encaracolada, em geral, do seu cabelo, e a posição da Hispânia nas margens opostas, atesta a passagem de Iberos em dias antigos e a ocupação por parte deles destes distritos».
A teoria de que, entre os Celtas, Marte e Mercúrio são identificáveis ou que uma das principais Divindades célticas reúne em si traços de Mercúrio e Marte permite neste caso sustentar a identificação de Arentia e Arentius como Entidade(s) análoga(s) a Mercúrio e a Apolo.
20 Comments:
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/idioma-dos-sefarditas-ladino-luta-para-sobreviver-na-bosnia-no-seculo-xxi,a739d4031a4352581bcd9534eead7542fiyfkhs8.html
e a propaganda continua
jornal ingles publicita dia dos namorados com homem negro e mulher branca
http://www.express.co.uk/travel/articles/642938/Valentine-s-Day-weekend-walks-10-great-walks-romantic-souls
Nova rota da seda,o pesadelo económico dos EUA,começa a ganhar forma:
O primeiro trem de carga chegou à região de Kaluga, na Rússia, vindo da China. O veículo é parte no projeto de infraestrutura chinês chamado de Nova Rota da Seda.
Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20160206/3513074/nova-rota-seda-primeiro-trem-chines-chega-russia.html#ixzz3ztHROlZo
http://pt.euronews.com/2016/02/11/alemaes-procuram-armas-para-auto-defesa/
http://pt.euronews.com/2016/02/11/boa-viagem-presidente-turco-ameaca-deixar-passar-refugiados/
http://pt.euronews.com/2016/02/11/papa-francisco-e-patriarca-kiril-acabam-com-afastamento-milenar-entre-catolicos/
http://br.sputniknews.com/mundo/20160211/3552341/Premier-Iraque-pede-Curdistao-para-desistir-referendo-independencia.html
O que me dizes disto, Caturo?
http://s17.postimg.org/9ga6e5mjj/1455079229320.jpg
Desenhado pelo mecânico Alexei Garagashyan, este todo-o-terreno russo sobe obstáculos com 70 centímetros de altura e também anda na água. Mas é lento: em terra, atinge apenas 45 km/h.
http://observador.pt/videos/atualidade/ande-quiser-anfibio-todo-terreno/
«O que me dizes disto, Caturo?
http://s17.postimg.org/9ga6e5mjj/1455079229320.jpg»
Ah, saboroso... o odiozinho reles da malta que controla a imprensa aos saltos de raiva diante da vontade expressa do povo... o cagaço que esta «gente» tem da real Democracia acaba sempre por vir ao de cima.
Obrigado pela resposta, Caturo.
P.S.: a mim parece-me que a antifaria tem a inteligência de um adolescente mentecapto.
Acho que tenho para aqui um post por publicar, Caturo.
Onde e qual?
É um post sobre uns vídeos com o seu interesse, Caturo.
Repito: era um post sobre uns vídeos com o seu interesse.
Então não consegues encontrar o dito post, Caturo?
Estes?
http://gladio.blogspot.pt/2016/02/pegida-disseminam-se-pela-europa.html?showComment=1455145003694#c6691017957121149645
Sim, viste-os?
Também tenho para aí um post que não sei onde está e portanto se foi publicado ou não.
Não sei qual. Qual o tema?
Dei uma vista de olhos aos vídeos, assim que puder vejo-os mais em pormenor, obrigado. É mais matéria a mostrar que os «racistas» tinham razão até ao mais ridículo pormenor...
Enviar um comentário
<< Home