terça-feira, dezembro 15, 2015

SOBRE QUEM TEM ESTADO À FRENTE DA TAP... PARA A PRIVATIZAR?...

Fernando Pinto foi o gestor público que conduziu o processo de privatização da TAP. Antes de consumado, anunciou que sairia da administração logo após o negócio. Por uma questão de transparência, quem estava do lado do Estado, obviamente não poderia permanecer do lado do privado.
Confiando no esquecimento generalizado da população e no branqueamento que a imprensa fez do assunto, Fernando Pinto foi ficando. Foi ficando é perpetua-se, afinal, com um novo salário, duplicado e sem termo. De que lado estava, afinal, Fernando Pinto na privatização da TAP? Como explica os elevados prejuízos que excepcionalmente a TAP teve mesmo antes da privatização e que a desvalorizaram brutalmente?
São estas ambiguidades que deviam ser alvo de questões muito directas. Mas a imprensa é serena. Calma, a imprensa é serena.


Fernando Pinto chegou à TAP há quinze anos pela mão de Jorge Coelho, do governo PS.
A sua missão passava por integrar a companhia nacional no já extinto Qualiflyer Group e vendê-la posteriormente à Swissair, entretanto falida.
Outra grande companhia parceira, a belga Sabena, também não resistiu à derrocada e teve o mesmo triste fim dos suíços.
Contra todas as previsões, a TAP, vista por muitos analistas como o elo mais fraco da aliança Qualiflyer, sobreviveu. Resistiu ao controlo da carteira de clientes e do sistema de reservas por parte da Swissair, resistiu ao embate que o 11 de Setembro causou a toda a indústria, resistiu ao aumento absurdo do preço dos combustíveis, e resistiu à compra ruinosa da Varig Engenharia e Manutenção, um sorvedouro que elevou a dívida da TAP a um nível quase fatal.
Mas, voltando um pouco atrás, o pântano político que se instalou em Portugal levou António Guterres a demitir-se.
Fernando Pinto ficou.
Com a viragem política à direita, o país passou a ser governado pela coligação PSD/CDS, que optou por manter a equipa de administradores brasileiros no comando da TAP. Durão Barroso durou pouco tempo em São Bento e preferiu ir para Bruxelas. Sucedeu-lhe no cargo Santana Lopes, que também manteve inalterada a administração da transportadora aérea, até à dissolução do Parlamento por Jorge Sampaio.
Fernando Pinto ficou.
O Partido Socialista volta ao poder, agora com José Sócrates. Com ele surge a discussão sobre a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, fundamental para a a estratégia de crescimento da TAP. O país faliu, não houve dinheiro para se fazer o aeroporto, e o governo caiu.
Fernando Pinto ficou.
Seguiu-se um novo governo PSD/CDS, agora com a Troika aos comandos e uma imposição na bagagem: privatizar diversas empresas estratégicas, entre as quais a ANA e a TAP. Claro que foi mantida em funções a mesma administração, ou não fosse a venda da companhia a razão principal da sua vinda.
Não obstante a falta de transparência de todo o processo, o resto é mais ou menos conhecido: a venda da TAP é concretizada à pressa, precisamente no último Conselho de Ministros presidido por Passos Coelho, e numa altura em que, supostamente, já só deveria exercer funções de gestão corrente. O governo da coligação PàF tinha acabado de cair.
Fernando Pinto ficou.
Convidado a permanecer pelos compradores, Fernando Pinto vai finalmente poder saborear o resultado do seu trabalho ao longo da última década e meia. E ainda que o processo venha a ser revertido, total ou parcialmente, Fernando Pinto acabará por ficar, como sempre ficou.

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Fontes: 
 - https://www.facebook.com/demissaojoserodriguesdossantos/photos/a.410940029103291.1073741828.410931902437437/426275054236455/?type=3&theater
 - Não TAP os Olhos, página de Facebook

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

" Com ele surge a discussão sobre a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, fundamental para a a estratégia de crescimento da TAP."

esse aeroporto que queriam construir ia contra todos os estudos feitos. Todos os estudos apontavam que nao havia necessidade de fazer outro aeroporto. O actual nao estava cheio, tinha capacidade para mais nos proximos anos.
Apenas queriam impingir-nos outro aeroporto por causa das sujas negociatas deles para meter ao bolso deles e dos amigos donos de empresas. Caso se construi-se o novo aeroporto, sabe-se que um dos que iriam beneficiar seria Mario Soares, dono de terrenos no local onde queriam construir o aeroporto.

E na altura ja se falava que estavamos endividados e que a Troika teria de entrar. E mesmo assim o governo de Socrates tentou ate aos ultimos minutos meter mais 2 pesos enormes de divida. Um aeroporto que ia contra todos os estudos feitos mas que ele queria a toda a força, mesmo indo contra os estudos (a carteira dele fala mais alto, nao interessa as contas do estado) e ainda queria-nos impingir um TGV ruinosos e desnecessario que todos os estudos tambem eram contra.

E com estas vigarices que queria fazer, ficariamos com uma divida ainda mais gigantesca.
Mas passado uns anos o povinho esquece-se e dizem que o Passos Coelho é que é o mau, so tirou dinheiro dos portugueses e que quando estava la o Socrates era melhor e tal e era um santinho porque nao tirou dinheiro. Pois mas as suas politicas é que nos deixaram na banca rota e se o TGV e aeroporto tivessem ido para a frente seria um buraco ainda maior.
O povo tem memoria curta e nao percebe patavina das coisas. So ve o imediato, o dia de hoje. O que criou o buraco é um heroi, o que nos tentou salvar do buraco, bem ou mal, é o ladrão, o mau.

15 de dezembro de 2015 às 23:15:00 WET  

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