sexta-feira, novembro 06, 2015

BANQUEIRO EM JULGAMENTO VAI VER REFORMA TRIPLICADA


Ricardo Salgado vai ter uma reforma anual superior a 900 mil euros por ano, acrescida de um seguro de Saúde Vitalício. 
No último relatório do governo das sociedades do Banco Espírito Santo (BES), as regras inscritas ditam que a pensão a atribuir corresponde à «soma do valor da remuneração fixa anual auferida no último ano de exercício de funções, com a média das remunerações variáveis auferidas durante todo o tempo em que o referido administrador desempenhou funções de administração executiva no BES», avança o Correio da Manhã. 
Salgado recebeu um salário fixo de 550 mil euros, no último ano, a que se soma a média das remunerações variáveis acumuladas ao longo dos 23 anos à frente do banco. 
Em 2012 e 2013 não recebeu nenhum prémio mas em 2010 e 2011 acumulou quase um milhão de euros. 
Já entre 2005 e 2009 a política de remunerações «variáveis» no BES foi bastante generosa uma vez que o relatório do governo das sociedades de 2005 aponta para um montante discriminado de 4,6 milhões de euros aos elementos da Comissão Executiva do banco. 
A falência do banco americano Leman Brothers em 2008 desencadeia a crise das dívidas soberana e os prémios pagos subiram, atingindo um máximo de 8,8 milhões, referentes ao exercício de 2007. 
O cálculo das pensões foi aprovado na última Assembleia Geral do banco ocorrida em Março de 2013, em que se aprovou também a regra de que a componente fixa da reforma não pode ser superior ao maior salário auferido por um administrador executivo em funções.
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Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/economia/bes/reforma-superior-a-900-mil-euros-para-ricardo-salgado   (Artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa.)

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Uma notícia destas numa altura de crise e emigração em massa - cento e tal mil pessoas abandonaram o País em 2014, é quase como sair o concelho de Oeiras inteiro para o estrangeiro - vai já para além de obscena, como de resto já vai sendo costume. Quem manda «nisto» não manifesta qualquer preocupação com a vontade popular no que diz respeito ao beneficiamento de suspeitos de corrupção e de gente que é detentora de fortunas imensas, e não é que ambos os tipos de gente devam ser postos no mesmo saco, mas do que não deveria haver dúvidas era de que em primeiro lugar haveria que melhorar substancialmente as condições de vida dos milhares de portugueses que vivem com menos de quinhentos euros por mês. 
Interessa pouco que os «desdramatizadores» neo-liberais venham dizer que a fortuna que R. Salgado vai receber sejam «peanuts», ou «pintelhos», comparados com «o défice!» - pois se são «pintelhos» para eles, não o são para o grosso da população nacional. Como dizia Salazar, em Política o que parece é; e já Júlio César fazia notar que «à mulher de César não lhe basta ser séria, tem de o parecer». Não aumentar nem um chavo os rendimentos de quem mais tem seria simplesmente uma «medida demagógica» mas sim uma questão de respeito.