quarta-feira, agosto 26, 2015

SOBRE RITUAIS PAGÃOS NA GEÓRGIA ACTUAL


Na Geórgia, nação do Cáucaso, recrudesce o culto aos Deuses ancestrais da herança étnica nacional. Um jornalista foi acompanhar a prática deste culto pagão em IremtkaloPshavi, na parte georgiana das Montanhas do Cáucaso, onde o sacerdote Ioseb Kochlishvili, de oitenta e nove anos de idade, oficia. Chega ao local do ritual a cavalo. 
Este ano, apenas três pessoas participam na corrida a cavalo, embora a actividade constitua o ponto mais alto do dia. Três jovens, bêbados com cerveja sagrada - «é tecnicamente contra as regras estar sóbrio», diz um deles ao jornalista - vão a galope para um santuário semi-arruinado quase a uma milha de distância. Aí, aguardando o sinal, estão cerca de uma centena de pessoas, vassalos de Kopala, a Divindade da montanha. Kochlishvili, tecendo encantamentos, dá o sinal soando o sino três vezes, a corrida dura um minuto, o seu neto é o vencedor. Este cavalga na direcção contrária à dos ponteiros do relógio em torno do santuário, três vezes, como o ritual exige, e permanece direito no seu equídeo, recebendo as ovações. Partilha depois a cerveja com os seus amigos, até com os jornalistas, que brindam à vitória e a Kopala.
O ancião Kochlishvili tem presidido ao ritual em Iremtkalo desde o Verão de 1946. É o khevisberi, ou sacerdote do santuário, mais concretamente «o sábio do vale». Nesta função, tem um laço sobrenatural com Kopala, espécie de herói que mata demónios, adorado pela população local como «filho de Deus». Todos os anos, em Julho e Agosto Kochlishvili e outros khevisberis celebram um ciclo ritual que inclui consumo de cerveja, sacrifícios animais e corridas de cavalos em santuários de florestas e pastagens de montanhas.
Diz Kochlishvili que a corrida de cavalos é muito antiga e já quando tinha dez anos de idade se lembra delas. Acrescenta que esta corrida constitui parte compulsória da cerimónia e tem sempre de se realizar, mesmo que seja só entre dois cavalos.
Nesta religião, seguir as regras é tudo. Os participantes cumprem-nas, independentemente de quaisquer teorizações sobre as suas origens.
Um autóctone, Dato Akriani, que vivia em paragens mais baixas e se mudou para as montanhas, e que foi iniciado no culto de Kopala há vinte anos, explica do que se trata: «Não têm um conhecimento pessoal disto. Eles são os verdadeiros herdeiros e transmissores da tradição, mas não a sabem explicar metafisicamente. Não dizer-lhe porque é que estão a fazer isto ou o que significa. Não podem tocar em ursos e lobos, galinhas ou ovos, ou numa mulher menstruada, mas se lhes perguntar porquê, não sabem. É sobrenatural, é um mistério.»
Kochlishvili foi visitado em sonhos para servir como khevisberi, que é o que geralmente acontece aos khevisberis; e, tal como em todos estes casos, ele resistiu, querendo recusar-se a ser representante de Kopala e a abdicar da sua vida normal. 
O professor de Antropologia na Universidade de Montreal Kevin Tuite define esta situação como «Pugilando com Deus». Diz ele que o futuro khevisberi é assombrado com sonhos e alucinações; a Divindade provoca calamidades no indivíduo e sua família; finalmente o escolhido pelo Deus aceita o seu destino. Tendo sido um dos poucos académicos estrangeiros a estudar a religião de Pshavi, Tuite confessa-se impressionado: «Eles não têm um garfo para acompanharem a sua faca ou um copo para acompanhar o seu prato, vivem no que consideraríamos uma pobreza abismal, mas são carismáticos e têm autoridade. Dispõem de uma espécie de poder gentil.» Não se sabe qual será o próximo khevisberi, mas usualmente a função é transmitida hereditariamente. 
O neto de Ioseb Kochlishvili, Raphael, é um jovem moderno que tem smartphone e perfil de Facebook, mas tem algo do seu avô e parece velho antes do tempo. Garante: «Enquanto eu for fisicamente capaz de fazer isto irei manter estas tradições. Tudo isto foi estabelecido antes do Cristianismo e desde o momento em que ficou não colapsou. Todos estes rituais e tradições e crenças vieram de onde estamos agora. Brotaram do nosso lugar.»
Ioseb por seu turno lidera uma procissão em torno do santuário, contra o sentido dos ponteiros do relógio, cantando, como manda a tradição. Transporta a bandeira sagrada de Kopala e, apoiando-se num amigo para se aguentar de pé, começa a longa marcha pela montanha abaixo. Amanhã irá erguer o pendão diante de outro santuário e prosseguir o ritual.

Duzentos metros mais abaixo, na aldeia de Shuapkho, outro khevisberi presta culto à Divindade da montanha, com outro ritual. Esta é a maior povoação de Pshavi, nela vivem cinquenta pessoas; o seu morador mais famoso é Iakhsar, amigode Kopala, filho de Deus, matador de ogres. O santuário de Iakhsar fica num santuário de carvalhos num declive por cima da aldeia. Aí há muros baixos e nogueiras onde as mulheres menstruadas ou grávidas não podem estar; aí perto há uma igreja cristã construída no século XIX pela «Sociedade para Disseminar a Ortodoxia no Cáucaso». Perto daí está o local do abate, pegajoso com o sangue das vítimas. À esquerda, meia dúzia de carneiros são mortos, as suas carcaças penduradas em prateleiras. À direita há homens a acender velas e a oferecer bebidas alcoólicas num altar de placas de granito. Diante deles um boi é conduzido ao abate. 
O sacrifício do boi e de carneiro dura escassos segundos e a seguir brinda-se à memória de Iakhsar. 
Uma mulher, Maia Tselauri, que não pode aproximar-se do altar por ser mulher mas cozinha o cordeiro, é professora na escola e funcionária do governo local, qualificando-se por isso como uma das pessoas mais importantes da aldeia, explica aos jornalistas o festival: «Vimos aqui para agradecer a Iakhsar. Ele matou os ogres; tornou o vale seguro para os humanos. Lutou contra o mal e nós agradecemos-lhe isso. Oferecemos um ombro do cordeiro ao khevisberi e o resto consumimos aqui, dando graças.»
A narrativa referente a Iakhsar e Kopala não encaixa evidentemente nos cânones da Igreja Ortodoxa, religião dominante na Geórgia. Maia borrifa-se para isso: «A igreja é dedicada a S. Jorge. O santuário é dedicado a Iakhsar. É como um regime paralelo: Deus e Iakhsar, Cristianismo e Paganismo, vivendo lado a lado.»
O paralelismo do regime é visível em toda a parte. As pessoas dizem «amen» ao brindar a Iakhsar e a maior parte delas descrever-se-ia como cristã. Enquanto as crianças são iniciadas no culto a Iakhsar aos dez anos de idade, muitas são baptizadas enquanto crianças. Maia acrescenta: «as terras baixas têm as suas tradições e nós temos as nossas.» 
E quando o jornalista lhe sugere que alguns cristãos poderão não gostar dos eventos pagãos, Maia sorri: «Enquanto a Igreja não tiver problemas com o santuário, eu não tenho problemas com a Igreja.»

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Fonte: http://www.independent.co.uk/news/world/europe/beer-and-blood-sacrifices-meet-the-caucasus-pagans-who-worship-ancient-deities-10451756.html

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Só é de lamentar o sacrifício de animais, mas a seu tempo tudo se ajusta, como se viu há pouco tempo num santuário hindu de Gadhimai do Nepal, caso aqui noticiado...
Por outro lado é visível a presença do crucifixo no topo de um dos santuários e no pendão de Kopala, no que suponho constituir uma cristianização dos elementos. Mas já se sabe que a verdade vem sempre ao de cima e a manifestação do espírito da Estirpe acaba por se impor, pelo menos enquanto houver estirpe...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Censo diz que porcentagem de hindus cai diante crescimento de número de muçulmanos, mais hinduísmo continua sendo maior religião da India.
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/proporcao-de-hindus-da-india-cai-diante-de-muculmanos

27 de agosto de 2015 às 13:05:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo tu achas que renascimento dos novos paganismos étnicos na Europa algum dia serão as religiões majoritárias entre os povos brancos do ocidente ainda nesse século ou acha que cedo para dizer isso?. Em relação há isso o que achas dessas religiões aqui;
http://en.metapedia.org/wiki/list_of_nationalist_mysticisms_and_religions
Maioria delas são religiões pagãs-ocultistas de estilo nazi, outras são formas de ario-cristianismos racistas, há uma religião panteísta, outras ateístas. O que tem em comum nessas religiões é o fato que elas são feito para somente pessoas brancas, o que achas elas seriam toleradas por um estado racialista-identitário-pagão ou seria perseguidas?. Obrigado desde de já.
Saudações identitárias.

28 de agosto de 2015 às 19:31:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Numa sociedade europeia dirigida por democratas tudo isso seria tolerado. O mal é que nas hostes nacionalistas há ainda uns quantos sempre dispostos a censurar o que puderem ou lhes parecer que não obedece aos cânones definidos pelos seus donos.
Quanto ao Paganismo étnico, é coisa para desenvolvimento a longo prazo. Pode acontecer que em meados do século já alcance uma maioria de populações europeias dos principais países. É cedo para dizer. De qualquer forma, o combate é para se fazer, com ou sem hipóteses de vitória, porque o combate em si é um dever.

Saudações identitárias.

29 de agosto de 2015 às 23:51:00 WEST  

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