quarta-feira, julho 29, 2015

A TURQUIA ESTÁ CONTRA O CALIFADO? NÃO MUITO...

Agradecimentos ao camarada RC por me ter dado a conhecer esta notícia: http://finance.yahoo.com/news/links-between-turkey-isis-now-195700510.html
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Uma incursão dirigida por tropas norte-americanas a um posto do califado ou Estado Islâmico da Síria e do Iraque permitiram a recolha de provas de que há oficiais turcos a manter contactos directos com militantes do dito califado.
Nesta incursão morreu o oficial do califado Abu Sayyaf, responsável por dirigir as operações do petróleo e do gás do califado na Síria. O califado ganha mais de dez milhões de euros por mês ao vender o petróleo no mercado negro. 
Os documentos apreendidos neste ataque indicam ligações «tão claras» e «inegáveis» entre a Turquia e o califado «que poderiam acabar por ter profundas implicações políticas para o relacionamento entre nós (Ianques) e Ancara», segundo o oficial ocidental responsável pela operação declarou à imprensa.
Há muito que a Turquia tem sido acusada por especialistas, pelos Curdos e até por Joe Biden (vice-presidente dos EUA) de apoiar o califado ao fazer vista grossa relativamente ao contrabando de armas e de combatentes na fronteira durante a guerra na Síria, o que terá a ver com a intenção do partido turco no poder, o islamizante AKP, de precipitar a queda do regime do presidente laico Bashar al-Assad. Em Novembro, um ex-membro do califado declarou à imprensa que ao seu grupo era dado livre trânsito pelo exército turco: «comandantes do califado disseram-nos que não tivéssemos medo de nada porque havia total cooperação da parte dos Turcos» (...) «o califado via o exército turco como aliado, especialmente no que tocava a atacar os Curdos na Síria.»
A Turquia chegou até a permitir o estabelecimento por parte do califado de uma presença em território turco. O analista contra-terrorista do Departamento de Tesouro norte-americano, Jonathan Schanzer, explica que «quanto mais tempo isto durar, mais difícil será para os Turcos deitar abaixo [o califado] porque há o risco de um contra-ataque.» «Agora há montes de gente que investiu no negócio do extremismo na Turquia. Se isso começar a ser desafiado, levanta questões significativas se os militantes e os seus benfeitores e outros que ganham com a guerra poderiam tolerar essa alteração.»
Um diplomata ocidental convergiu: «A Turquia está agora numa armadilha - criou um monstro e não sabe como há-de lidar com ele.»
Ancara deteve já quinhentos suspeitos de extremismo nos últimos seis meses; a 20 de Julho, um bombista-suicida matou trinta e dois activistas curdos num atentado levado a cabo no sudeste da Turquia. Subsequentemente houve manifestações nas ruas turcas - de turcos ou de curdos? - para protestar contra a política governamental, que permitiu tal ataque. Entre os brados do protesto ouviu-se «ISIL assassino, AKP colaborador», sendo «ISIL» o Estado Islâmico (Islamic State of Irak and Levant) e AKP o partido islamizante que está no governo turco. O presidente turco, Recep Erdogan, aceitou então colaborar numa campanha norte-americana contra o ISIL, enviando caças de combate para a Síria e permitindo o uso norte-americano de uma base área militar no sudeste turco, importante para o lançamento de ataques contra o califado. Ao mesmo tempo, a Turquia bombardeou também abrigos curdos do PKK no norte do Iraque.