segunda-feira, abril 06, 2015

HISTÓRIA RECENTE DA SUBVERSÃO CONTRA O OCIDENTE - CENA DE UMA «CATACUMBA» JIHADISTA EM LONDRES

Fonte: http://observador.pt/2015/04/03/uma-reuniao-explosiva-um-espiao-e-quatro-jihadistas/
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A história começa assim: Era uma vez um extremista islâmico que é convidado para uma espécie de introdução ao jihadismo. O dito extremista estava há cinco anos a trabalhar infiltrado para os serviços secretos ingleses, MI5, e foi ouvir aulas de um radical agora bem conhecido, Anwar al-Awlaki, inspirador de muitos jihadistas. E teve como companheiros de curso outros três homens que viriam a ter a cara nas primeiras páginas de jornais por ataques coordenados em Londres, em 2005.
A história termina assim: O extremista que passou a espião contou o que foi a sua vida enquanto jihadista à BBC e depois contou o que aconteceu na dita reunião secreta. Anwar al-Awlaki morreu em 2011 num ataque de drones os Estados Unidos, mas antes disso tornou-se uma inspiração para vários atentados. Os três extremistas que por lá o ouviram, Mohammad Sidique Khan, Shehzad Tanweer and Germaine Lindsay, mataram-se num ataque terrorista que levaria 52 pessoas em Londres, há dez anos.

O desenvolvimento
Aimen Dean ficou conhecido do grande público depois de uma entrevista que deu à BBC onde contava como passou de extremista a espião do MI5. “Se queres apanhar ratos, tens de entrar no esgoto e sujar-te”, era assim que o espião ex-extremista justificava a passagem de um lado para o outro. Não convenceu todos, muitos ainda duvidam da sua história dramática, mas a verdade é que Aimen Dean, que jurou fidelidade a Osama Bin Laden quando era ainda adolescente, ajudou os serviços secretos britânicos (MI5 e MI6) a conhecer o outro lado da barricada durante oito anos. Era ainda um jovem, que treinava outros para se tornarem terroristas, quando se converteu ao jihadismo e agora conta que só viu a luz e decidiu abandonar o radicalismo islâmico depois de, em 1998, ver o ataque a um conjunto de embaixadas em Nairobi e Dar es Salaam. Esses ataques, dos quais fez parte activa, vitimaram 240 pessoas e deixaram mais de cinco mil pessoas feridas.
Durante anos, este homem disfarçou-se de teólogo e militante da Al-Qaeda e foi num desses anos que Aimen Dean fez parte de uma reunião pouco convencional. O encontro de 2003, olhado agora pela máquina do tempo, pode ter sido mais uma de muitas reuniões entre potenciais terroristas. Mas agora, vista à lupa 13 anos depois, pode ser considerada como uma reunião muito explosiva.
Meses depois de dar a primeira entrevista à BBC, Aimen Dean decidiu contar à mesma rádio (a história passou na BBC4 neste final de semana), como aconteceu esse encontro pouco recomendável. Dean foi convidado para ouvir uma palestra na cidade de Dudley, da autoria de um americano que estava a fazer sucesso no mundo do extremismo islâmico. Ele e cerca de 30 homens foram ouvir Anwar al-Awlaki, da célula do Iémen, cujas palestras viriam a tornar-se uma inspiração para jihadistas ao longo dos anos.
Dean conta que foi convidado por um rapaz que estava a ser vigiado pelo MI5 e quando chegou conta que falou com todos, incluindo com os três que viriam a morrer 18 meses depois nos atentados de Londres. Mas o relato de Dean mostra ainda como é a relação entre os extremistas e os espiões que se infiltram em grupos radicais. Dean conta que quando começou a falar, o palestrante Anwar al Awlaki foi cauteloso e começou a dizer que se ia concentrar nos escritos de um estudioso islâmico, Ibn al-Nahhass Dimiatti, que tinha sido um mártir há séculos. E que o estudo daquele livro não era uma exortação à violência nem uma promoção da violência. Acrescenta Dean que o palestrante não fez outra coisa durante o encontro, seleccionando frases específicas do livro de Ibn al-Nahhass Dimiatti, conhecido como uma espécie de manual de introdução ao jihadismo, incluindo uma frase bem elucidativa: “Os muçulmanos nunca terão a paz a não ser através da jihad, porque o braço do inimigo apenas pode ser parado através da jihad. Nenhum meio pacífico pode trazer isso”.
Não é certa a influência que as palavras de Anwar al-Awlaki tiveram naqueles 30 homens, mas dois deles foram, pouco tempo depois para o Paquistão – quando voltaram fizeram parte dos ataques de Londres.

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Curioso, o facto de esta gente dizer que nem vem promover a violência embora o faça. Deve ser lembrado, pelo menos como referência cautelar, sempre que algum muçulmano ou grupo de muçulmanos se apresente em público como moderado através, entre outras coisas, da alegação de que o Islão é pacífico e os muçulmanos também o são.