NA ARÁBIA SAUDITA, ALEGADAMENTE ALIADA DO OCIDENTE - ATEÍSMO PASSA A SER CONSIDERADO TERRORISMO
Fonte: http://www.ionline.pt/artigos/mundo/arabia-saudita-riade-aprova-lei-compara-ateismo-terrorismo/pag/-1
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A Arábia Saudita aprovou uma nova legislação que visa permitir um maior controlo sobre dissidentes políticos e, segundo adianta a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW), Riade define agora os ateus como terroristas. O termo "terrorismo" é aplicado "a qualquer forma de ateísmo ou a qualquer questão que ponha em causa os fundamentos da religião islâmica sobre os quais a nação se baseia", explica a HRW.
Uma série de decretos reais do rei Abdullah e uma nova lei sobre terrorismo limitam todas as formas de dissidência política e todas as formas de protesto que possam "alterar a ordem pública". A medida serve também de prevenção, já que a monarquia saudita teme os número crescente de sauditas que têm deixado o país para combater o regime de Bashar Al-Assad na Síria, regressando com ideias de derrubar a monarquia.
A HRW denunciou o facto de a nova legislação criminalizar aqueles que "participem em conflitos fora da Arábia Saudita" com uma pena de prisão que vai dos três aos 20 anos e acredita que as novas medidas são um passo atrás na tentativa de libertar alguns activistas que ainda se encontram detidos no país.
Adam Coogle, especialista da HRW para questões do Médio oriente, disse ao i que "a nova lei contra o terrorismo pretende criminalizar o pensamento livre bem como as expressões relacionadas com o terrorismo". De acordo com o especialista, a "palavra 'terrorismo' vai ser usada para limitar direitos essenciais, como é o caso da liberdade de expressão, de associação e reunião", "actos que já eram ilegais, mas agora são considerados terroristas".
Por seu lado, o director da HRW para o Médio Oriente, Joe Stork, afirma que "as autoridades sauditas nunca toleraram críticas às suas políticas", pelo que "esta nova legislação transforma a liberdade de expressão e de associação em actos terroristas".
O endurecimento das medidas para combater o terrorismo é conhecido três dias depois da visita do presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, à Arábia Saudita.
A Casa Branca já foi questionada sobre os temas debatidos com o rei Abdullah, e se a questão dos direitos humanos foi abordada, mas os assessores de Barack Obama não quiseram responder directamente às perguntas. Contudo, o presidente norte-americano fez questão de elogiar o progresso que a Arábia Saudita tem feito relativamente aos direitos das mulheres.
A Arábia Saudita juntou-se, em Março, aos países que ilegalizaram a Irmandade Muçulmana, o partido que elegeu o islamita Mohammed Mursi para a presidência egípcia e os novas regras "destroem qualquer esperança de o rei Abdullah venha a permitir opiniões dissidentes ou grupos independentes no país", refere Joe Stork.
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Não é nítido se se trata aqui de totalitarismo muçulmano puro e simples ou em vez disso de uma maneira de evitar que os islamistas mais radicais se sintam tentados a apoiar o califado Síria-Iraque, mas uma coisa fica evidente: que isto seja feito ou precise de ser feito só mostra que, de um modo ou doutro, no mundo islâmico são cada vez mais os radicais que ditam a agenda política.
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