COMO A RELIGIÃO DA PAZ ESTÁ A LEVAR À ESCRAVATURA MULHERES NÃO MUÇULMANAS NO CALIFADO - O CASO DE UMA JOVEM IAZIDI
A comunidade yazidi, uma minoria religiosa no Iraque, afirma que pelo menos 3.500 mulheres e crianças ainda estão sob o domínio do grupo Estado Islâmico. Muitas delas têm sido utilizadas como «escravas sexuais» e apenas algumas poucas conseguiram escapar e agora contam as suas aterrorizantes histórias.
Num dia de Agosto, Hannan acordou e deparou-se com a sua família a arrumar as malas à pressa. Foi apanhada de surpresa: ainda não tinha se dado conta que os jihadistas do Estado Islâmico estavam tão perto.
Do lado de fora, a rua principal da sua cidade natal, Sinjar, estava lotada. A família dela juntou-se a outros yazidis a correr e a chorar, enquanto balas voavam sobre as suas cabeças, diz a jovem.
Hannan não é o seu nome verdadeiro. Nenhuma das ex-prisioneiras poderia suportar ser identificada. Hannan tem 18 anos e sonha ser enfermeira, um futuro que quase foi afastado pelo Estado Islâmico.
A jovem conta que os jihadistas bloquearam as estradas de Sinjar com os seus camiões. Eles separaram mulheres e meninas.
«Eram 20, com barbas grandes e armas. Disseram: 'Vocês vão vir para Mosul'. Recusamos. Bateram-nos e empurraram-nos para os carros.»
De seguida, ela foi levada com as outras mulheres para um ginásio desportivo e, depois de algumas semanas, todas foram para um salão de casamento. Num dos lugares, havia um total de 200 mulheres e meninas. Era como se fosse um mercado de escravas. Os combatentes chegavam e escolhiam quem queriam.
«Não ousávamos olhar para a cara deles. Tínhamos muito medo. Uma menina voltou depois de ter sido usada como escrava sexual e contou tudo. Depois disso, o Estado Islâmico não permitia que ninguém voltasse.»
«Eles atiravam para nos assustar. Não parávamos de chorar. Queríamos suicidar-nos, mas não sabíamos como.»
Porém, até houve uma menina que conseguiu cometer suicídio, segundo Hannan.
«Ela cortou os pulsos. Eles não nos deixaram ajudá-la.»
Havia combatentes estrangeiros, mas a maioria era de sunitas locais. Hannan reconheceu um dos homens. Ele tinha uma loja de telemóveis em Sinjar.
Estavam constantemente a mudar de lugar. Num determinado momento, avistaram alguns dos seus homens à distância. Eles foram obrigados a tirar o bigode – os jihadistas consideram o bigode «anti-islâmico».
«Os nossos homens estavam a rezar cinco vezes por dia para tentar salvar as suas famílias», Hannan conta. «O Estado Islâmico disse-nos: 'Se não seguirem o Islão, vamos matar-vos a todos'.»
As meninas mais novas eram as primeiras a serem raptadas, segundo ela, e muitas vezes eram levadas para a cidade síria de Raqqa, «a capital do Estado Islâmico». Finalmente, chegou a sua vez de ir.
Não foi levada para junto da sua família, mas para uma casa que entendeu ser um ponto de paragem. Sete meninas foram colocadas num quarto. Algumas foram retiradas para serem abusadas sexualmente e depois voltaram. Havia homens armados do lado de fora. Fugir dali era algo que parecia impossível.
Mas havia uma janela de plástico no quarto e, numa noite, elas conseguiram forçá-la para que esta se abrisse.
«Fomos saindo, uma a uma, pela janela. Eu fui a quinta. Estava à espera da minha prima lá fora. Mas vi uma luz a aproximar-se. Não poderia esperar mais. Saltei o muro e corremos e continuamos a correr. Não conseguimos ajudar as restantes.»
Noutra tenda, está Khama, que acabou em Raqqa. Ela não escapou mas acabou por ser libertada quando a sua família pagou um resgate de 3 mil dólares.
Ela tem 30 anos e lembra-se do choque e vergonha do dia em que foi vendida como uma escrava; e recorda-se, também, do seu preço.
«Não importa o que fazíamos - chorar, implorar - não fazia nenhuma diferença. Um xeque do Estado Islâmico segurou no dinheiro. Não era muito. Um combatente mostrou-nos 15 mil dinares iraquianos [cerca de 10 euros] e disse: 'Este é o seu preço.'»
Ela e a sua prima foram compradas por um jihadista com um passaporte ocidental. Ele tinha outras cinco mulheres e meninas yazidis na sua casa. Era casado e tinha a sua mulher com ele.
No entanto, ele pretendia casar à força com duas yazidis, usando as outras, como Khama, como escravas.
Aparentemente, o Estado Islâmico, de facto, ordenou que as mulheres fossem usadas como escravas.
O Departamento de Pesquisa e Fatwas (decretos religiosos) do grupo divulgou um panfleto com o título: «Perguntas e Respostas sobre Reféns e Escravas.»
O documento parece ser verídico. Foi publicado num fórum jihadista na Internet e, aparentemente, distribuído após as orações de sexta-feira em Mosul.
Cristãos, judeus e mulheres yazidis podem ser tomadas como escravas, diz. As mulheres podem ser compradas, vendidas e dadas como presentes; podem ser tratadas como propriedade se um combatente morrer.
O número de 3,5 mil mulheres e meninas ainda em cativeiro não é uma estimativa aproximada. Uma comissão yazidi tem os nomes de todos os desaparecidos. Das que voltaram, algumas estão grávidas.
Os yazidis são profundamente conservadores. Eles enfrentaram uma tentativa de destruí-los como um povo. Mesmo após os relatos de assassínios em massa e conversões forçadas, o que aconteceu com as mulheres talvez seja o evento mais traumático.
Até agora, um total de cerca de 400 mulheres e meninas conseguiram escapar. As pessoas nos acampamentos parecem atordoadas, silenciosas. Esperam por aquelas deixadas para trás, sabendo que há poucas hipóteses de serem resgatadas.
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Fonte: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=752904
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Podem ler-se alguns pormenores sobre o supra-citado panfleto «Perguntas e Respostas sobre Reféns e Escravas» nesta página (em Castelhano): http://www.minutodigital.com/2014/12/19/segun-los-lideres-de-estado-islamico-es-licito-mantener-relaciones-sexuales-con-las-esclavas-que-no-han-alcanzado-la-pubertad/
No artigo 13, por exemplo, diz o seguinte:
«É lícito manter relações sexuais com as escravas que não tenham alcançado a pedofilia se elas estiverem aptas para o fazer. Caso contrário, será suficiente desfrutar delas sem chegar a ter relações sexuais.»
Outro artigo, o quinto, autoriza a violação imediata de virgens:
«É lícito violar imediatamente a infiel capturada sempre que não seja virgem. Ora bem, se a mulher objecto da violação carece da condição de virgem (...) então, antes do acto sexual deve-se purificar o seu útero.»
Não se pense todavia que no Islão aquilo é à vontade do freguês violador, não!, ali há regras e limites. Efectivamente, este código proíbe que dois crentes mantenham coitos com uma mesma escrava. Proíbe também que o marido viole a escrava da sua esposa, porque o acesso carnal a escravos que sejam propriedade de terceiros não é permitido pelo Alcorão...
Quanto ao estatuto jurídico das escravas, o guia estipula que o adquirente tem pleno direito de propriedade sobre as mulheres, sendo portanto livre para vendê-las, dá-las ou golpeá-las quando quiser, embora deva evitar desfigurar-lhe o rosto (o Islão afinal preocupa-se com as mulheres, pois é... ou neste caso com o prazer dos eventuais futuros proprietários das ditas...). Assim, as escravas acabam por fazer parte da herança que os defuntos leguem aos seus descendentes.
O califa - chefe supremo do califado, com soberano poder político e espiritual - declarou de facto que as mulheres não muçulmanas podem ser tratadas como bens comerciais, devendo por isso constituir propriedade hereditária das sucessões por causa de morte, acontecendo o mesmo com os animais de companhia aptos para uso sexual que podem ser torturados e humilhados.
Este é pois algum do conteúdo do guia emitido pelas autoridades «califais», para dar resposta a dúvidas comuns apresentadas pelos fiéis. O documento consta de vinte e sete pontos, todos referentes aos direitos de propriedade das escravas, que neste momento ascendem a mais de duas mil e seiscentas, no Estado Islâmico, sendo elas de religião cristã e iazidi.
Mais - a escrava que fuja ao seu respectivo proprietário comete «um dos pecados mais graves» e deve ser punida por isso, «para dissuadir as outras de tentarem escapar».
O guia preconiza todavia a possibilidade de libertar escravos, citando as palavras de Maomé, que dizia que «aquele que liberta um prisioneiro liberta cada órgão do corpo do Inferno». Quase que aposto que ainda vai haver quem refira esta parte da doutrina do califado para mostrar que aquilo nem é assim tão mau antes pelo contrário e até dá lições de dignidade ao Ocidente imperialista que escraviza as pessoas pelo poder do dinheiro e não liberta ninguém, enfim, a demagogia baratucha do costume...
Deve ter-se em conta que toda esta escravatura acima descrita é legitimada pelo Alcorão e pelos hadites. E só não se aplica hoje em todos os outros Estados muçulmanos porque o Ocidente não o permite. Deve recordar-se, por exemplo, que a Arábia Saudita só proibiu a escravatura em 1961, e a Mauritânia em 1968. Pode bem isso vir a revelar-se sol de pouca dura...
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Podem ler-se alguns pormenores sobre o supra-citado panfleto «Perguntas e Respostas sobre Reféns e Escravas» nesta página (em Castelhano): http://www.minutodigital.com/2014/12/19/segun-los-lideres-de-estado-islamico-es-licito-mantener-relaciones-sexuales-con-las-esclavas-que-no-han-alcanzado-la-pubertad/
No artigo 13, por exemplo, diz o seguinte:
«É lícito manter relações sexuais com as escravas que não tenham alcançado a pedofilia se elas estiverem aptas para o fazer. Caso contrário, será suficiente desfrutar delas sem chegar a ter relações sexuais.»
Outro artigo, o quinto, autoriza a violação imediata de virgens:
«É lícito violar imediatamente a infiel capturada sempre que não seja virgem. Ora bem, se a mulher objecto da violação carece da condição de virgem (...) então, antes do acto sexual deve-se purificar o seu útero.»
Não se pense todavia que no Islão aquilo é à vontade do freguês violador, não!, ali há regras e limites. Efectivamente, este código proíbe que dois crentes mantenham coitos com uma mesma escrava. Proíbe também que o marido viole a escrava da sua esposa, porque o acesso carnal a escravos que sejam propriedade de terceiros não é permitido pelo Alcorão...
Quanto ao estatuto jurídico das escravas, o guia estipula que o adquirente tem pleno direito de propriedade sobre as mulheres, sendo portanto livre para vendê-las, dá-las ou golpeá-las quando quiser, embora deva evitar desfigurar-lhe o rosto (o Islão afinal preocupa-se com as mulheres, pois é... ou neste caso com o prazer dos eventuais futuros proprietários das ditas...). Assim, as escravas acabam por fazer parte da herança que os defuntos leguem aos seus descendentes.
O califa - chefe supremo do califado, com soberano poder político e espiritual - declarou de facto que as mulheres não muçulmanas podem ser tratadas como bens comerciais, devendo por isso constituir propriedade hereditária das sucessões por causa de morte, acontecendo o mesmo com os animais de companhia aptos para uso sexual que podem ser torturados e humilhados.
Este é pois algum do conteúdo do guia emitido pelas autoridades «califais», para dar resposta a dúvidas comuns apresentadas pelos fiéis. O documento consta de vinte e sete pontos, todos referentes aos direitos de propriedade das escravas, que neste momento ascendem a mais de duas mil e seiscentas, no Estado Islâmico, sendo elas de religião cristã e iazidi.
Mais - a escrava que fuja ao seu respectivo proprietário comete «um dos pecados mais graves» e deve ser punida por isso, «para dissuadir as outras de tentarem escapar».
O guia preconiza todavia a possibilidade de libertar escravos, citando as palavras de Maomé, que dizia que «aquele que liberta um prisioneiro liberta cada órgão do corpo do Inferno». Quase que aposto que ainda vai haver quem refira esta parte da doutrina do califado para mostrar que aquilo nem é assim tão mau antes pelo contrário e até dá lições de dignidade ao Ocidente imperialista que escraviza as pessoas pelo poder do dinheiro e não liberta ninguém, enfim, a demagogia baratucha do costume...
Deve ter-se em conta que toda esta escravatura acima descrita é legitimada pelo Alcorão e pelos hadites. E só não se aplica hoje em todos os outros Estados muçulmanos porque o Ocidente não o permite. Deve recordar-se, por exemplo, que a Arábia Saudita só proibiu a escravatura em 1961, e a Mauritânia em 1968. Pode bem isso vir a revelar-se sol de pouca dura...
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