TURQUIA ATRASA INTERVENÇÃO CONTRA O CALIFADO E FAVORECE INDIRECTAMENTE A ACÇÃO DO CALIFADO CONTRA OS CURDOS
Fonte: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=772526&tm=7&layout=121&visual=49
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Os EUA e os seus aliados, que incluem países árabes, redobraram nas últimas horas os bombardeamentos das posições do Estado Islâmico em Kobani. Os ataques aéreos conseguiram fazer recuar os jihadistas quando estes pareciam estar à beira de conquistar a cidade síria curda, junto à fronteira com a Síria.
"Estão agora à entrada da cidade de Kobani. Os bombardeamentos foram muito eficazes e por isso o Estado Islâmico foi forçado a abandonar muitas das suas posições", afirmou Idris Nassan, vice-ministro para os Assuntos externos do distrito de Kobani à agência Reuters, via telefone.
"Esta foi a sua maior retirada desde que entraram na cidade e pode-se considerar isto o início da contagem para a sua retirada da área", acrescentou Nassan, esperançado.
Apesar do recuo, os combates prosseguem, com o Estado Islâmico a permanecer numa colina a leste da cidade, conquistada terça-feira. Junto à fronteira com a Turquia, em Mursitpinar, era possível ouvir os combates de rua a decorrer na cidade.
Mais de 180 mil curdos fugiram para a Turquia perante o avanço das tropas bem armadas do EI, mas os membros das milícias curdas que lutam há mais de um ano contra os islamitas na região, as YPK ou Unidades de Proteção do Povo Curdo, ficaram para trás, com meios escassos, para defender a cidade.
Os jihadistas têm avançado sobre Kobani em três frentes, bombardeando continuamente a cidade com morteiros, apesar da feroz resistência. Vários analistas militares consideram que é quase impossível deter o avanço dos extremistas unicamente com ataques aéreos.
A população curda pede insistentemente ajuda internacional e armas para conseguir rechaçar os islamitas de Kobani mas, para além dos ataques aéreos da coligação, a cooperação tem sido escassa.
As autoridades turcas propõem-se criar uma zona tampão ao longo da sua fronteira com a Síria, uma solução que indigna os curdos.
"O que é necessário fazer é criar um corredor, não uma zona tampão, para Kobani poder defender-se e por onde possa chegar ajuda. Kobani não quer nem bombardeamentos nem uma intervenção terrestre" afirmou Selahattin Demirtas, um dos líderes do HDP, o principal partido curdo na Turquia.
Os próprios curdos não partilham esta opinião e estão a protestar contra a inércia turca perante a queda iminente de Kobani. Há protestos junto à fronteira e em várias cidades do país, sobretudo nas regiões curdas a sul, com os seus cidadãos a reclamarem a intervenção turca contra os jihadistas.
A Turquia, país membro da NATO, enfrenta agora protestos violentos da sua população curda pois, não só tem impedido voluntários de atravessar a fronteira em auxílio dos combatentes de Kobani, como se recusa a intervir na defesa da cidade, apesar de ter reforçado a fronteira colocando dezenas de tanques e de carros armados nas colinas sobranceiras a Kobani.
Os manifestantes curdos queimaram bandeiras e efígies do fundador da república turca Mustafa Kemal Ataturk, provocando reacções indignadas dos nacionalistas e do principal partido curdo, o HDP.
Pelo menos 12 pessoas morreram nas últimas horas. As autoridades turcas impuseram o recolher obrigatório em cinco províncias, depois de usar canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
Oito pessoas morreram em Diyabakir, a maior cidade curda no sudoeste da Turquia. Outros mortos foram contabilizados nas províncias de Mus, Siirte e Batman.
Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas e 98 foram detidas nos "protestos ilegais" referiram as autoridades turcas.
Os manifestantes incendiaram carros e pneus durante os protestos, ao mesmo tempo que grupos ligados ao grupo armado separatista ilegal do PKK (partidos dos Trabalhadores do Curdistão) e simpatizantes turcos do Estado Islâmico entravam em confronto entre si e com a polícia.
Kobani, uma cidade estratégica que permite dominar uma extensa secção da fronteira turca com a Síria, tornou-se, tal como a cidade xiita iraquiana de Amirli, há um mês, um símbolo da resistência ao poder e avanço do Estado Islâmico.
Para os jihaddistas Kobani é um ponto-chave na sua estratégia, para continuar a receber ilegalmente auxílio em armas, combatentes e provimentos, através dos seus apoiantes na Turquia.
Apesar de membro da NATO a Turquia não aderiu à coligação internacional que luta contra o Estado Islâmico, liderada pelos Estados Unidos.
Na semana passada o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, garantiu que iria lutar contra as forças terroristas na região, incluindo o Estado Islâmico.
"Iremos lutar eficazmente tanto contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (anterior nome do grupo Estado Islâmico) como outras organizações terroristas na região. Esta será sempre a nossa prioridade", disse Erdogan.
Erdogan recebeu no dia seguinte a aprovação do Parlamento turco para enviar forças militares tanto para Síria como para a Turquia. Mas até agora nada sucedeu.
A Turquia ameaçou intervir nomeadamente se o Estado Islâmico atacar um mausoléu de um herói turco em solo sírio, guardado por tropas turcas.
E é assim que a Turquia, Estado que a politicagem correcta ocidental (tugaria política incluída, no seio da qual se conta o «direitista» CDS) jura pela mãezinha que é muito laico e moderado, e que é liderado por um muçulmano que apoiou publicamente o genocida islamista de Darfur, é assim que a Turquia, dizia, vai adiando o seu anunciado ataque aos terroristas islamistas, enquanto por outro lado facilita a entrada no califado de combatentes pró-califado, como já se viu noutros tópicos deste blogue, ao mesmo tempo que dificulta, como se lê acima, a entrada na zona de guerra de combatentes contra o califado...
Não admira que o primeiro consulado - espécie de embaixada - do califado sírio-iraquiano tenha sido estabelecido precisamente na Turquia...
Não deixa entretanto de ser bom sinal que a cidade síria em questão seja nomeada pelo seu nome curdo, Kobani, em vez de o ser pelo seu nome árabe, Ayn al-Arab. Kobani, nome presumivelmente indo-europeu, como os Curdos o são, vocábulo curiosamente similar a um teónimo celta gaulês, Cobannus, que os especialistas dizem tratar-Se de uma Divindade equivalente a Marte, Deus da Guerra. Pode ser que venha a nascer ali qualquer coisa independente curda, o que constituiria uma mais-valia, como agora se diz, para a Europa, devido à potencial simpatia que os Curdos seriam forçados a mostrar para com os Europeus, uma vez que o seu novo Estado se encontraria cercado de árabes geralmente hostis por quase todos os lados, excepto o lado da Turquia, igualmente hostil, e tendo no seu interior um culto religioso não muçulmano, o dos Iazidis,
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