NO IRAQUE ISLAMIZADO - CENTENAS DE MILHAR EM FUGA, PELO MENOS QUINHENTOS YAZIDIS ENTERRADOS VIVOS
Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/08/jihadistas-obrigam-600-mil-civis-iraquianos-fugirem-de-suas-casas.html
* * *
Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) forçaram a fuga de cerca de 600 mil civis pertencentes a minorias étnicas e religiosas dos seus lares no norte do Iraque, afirmou neste domingo um deputado iraquiano em Bagdad.
"Cerca de de 150 mil membros do grupo étnico shabak, 250 mil turcomanos e 200 mil seguidores do credo yazidi foram forçados pelos grupos terroristas a deslocar-se", disse o deputado da província setentrional iraquiano de Ninawa, Henin al Qedu, em entrevista colectiva.
Uma fonte local de Sinjar, no norte de Ninawa, assegurou à Agência Efe que combatentes do EI executaram nos últimos dias centenas de yazidis por rejeitarem converter-se ao Islão.
Mais sobre o que tem acontecido na zona: http://www.publico.pt/mundo/noticia/ministro-iraquiano-diz-que-islamistas-mataram-centenas-de-yazidis-alguns-enterrados-vivos-1666013
* * *
Uma sucessão de vitórias e ganhos no terreno estão a tornar o Estado Islâmico, o grupo radical que tomou partes do Iraque e da Síria, num íman para jihadistas de grupos ligados à Al-Qaeda.
Responsáveis norte-americanos dizem que o número de combatentes a mudar de lado não é ainda muito grande mas a tendência é preocupante e deverá “aumentar enquanto o IS continuar a acumular vitórias”, dizia um responsável sob anonimato ao Washington Post. O imediatismo da progressão do IS também é importante, contrastando com a propensão da Al-Qaeda e grupos relacionados para optarem por ataques complexos que demoram muito tempo a preparar.
A preocupação surge numa altura em que os Estados Unidos entraram, pela primeira vez, directamente no conflito com o grupo, que avançava rapidamente para Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, onde estão americanos e petrolíferas, e ameaçava milhares de iraquianos de minorias religiosa.
Os Estados Unidos voltaram a bombardear posições do IS no que foi descrito como uma campanha longa que é parte de um esforço humanitário para proteger os yazidis e cristãos quando se ouvem descrições aterradoras de crimes contra estas minorias.
A intervenção americana levanta questões: “Vai aumentar o fluxo de jihadistas ou pará-lo?” questionava um responsável de contra-terrorismo sob anonimato ao Post. Se uma pedra no caminho do avanço do IS o pode tornar menos atractivos aos olhos dos que querem juntar-se a um movimento aparentemente imparável, um confronto directo com os EUA também tem um enorme poder de atracção para o jihadismo global.
O Estado Islâmico terá, estimam peritos norte-americanos, até 10 mil combatentes, incluindo entre 3 e 5 mil de países estrangeiros para além da sua base no Iraque e Síria. Os mais recentes membros têm vindo da Al-Qaeda na Península Arábica, grupo com base no Iémen e que protagonizou várias tentativas de ataques contra os EUA, e a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico, que da Argélia passou para o Mali antes de ser afastada por tropas francesas, e ainda islamistas não ligados directamente a grupos, por exemplo, alguns combatentes líbios.
Num artigo de opinião, o analista Hussein Ibish alertava para o perigo de que o EI se torne “numa figura importante numa paisagem política árabe em evolução” com a sua “história de sucesso islâmico”. Por isso, “tem de ser atacado com método e a sua mística tem de ser destruída”, para que a promessa, que até agora parece estar a ser cumprida, de “ganhos políticos militares e políticos” caia.
Para Ibish, isso exige não só intervenção americana como árabe – dos países que afinal poderão ser afectados pelo EI, que nas últimas duas semanas acumulou combates já em cinco frentes: contra o exército iraquiano, os peshmerga do Curdistão, o regime sírio, a oposição síria e o exército libanês.
No Observer, o analista Toby Dodge avisa contra a tentação de apresentar o IS como um movimento de fanáticos religiosos da era das trevas. Apesar do fanatismo religioso, o que os move é uma inclinação para ganhar poder onde há um vazio, para conquistar terreno onde é possível. “O que é crucial não são ódios antigos mas o colapso do poder do Estado”, nota.
No Curdistão iraquiano, os ataques americanos permitiram a primeira aparente reversão no terreno, com os combatentes curdos a voltarem a hastear a sua bandeira em localidades antes tomadas pelos jihadistas e a conseguirem escoltar para o Curdistão, ainda que tendo de contornar as posições do IS indo até à Síria, pelo menos metade dos civis que estavam encurralados numa montanha por combatentes do IS.
Enquanto a aviação americana, e também a britânica, lançavam ajuda humanitária, a situação era ainda muito difícil no cimo da montanha de SInjar, com caves que poderiam servir de abrigo cheias de corpos de pessoas que não conseguiram sobreviver ao calor e sem água ou alimentos. Alguns sobreviventes descreveram ao Telegraph como, na fuga ao EI, deixaram para trás familiares demasiado fracos ou prestes a morrer.
Das estimadas 40 mil pessoas que conseguiram chegar ao topo do monte Sinjar, entre 20 a 30 mil já estavam a ser levadas para segurança por combatentes curdos. Trata-se de curdos da minoria yazidi, um culto pré-islâmico que os islamistas consideram “adoradores do diabo”.
Ora a religião em causa é o Iazdanismo, fusão da religião iraniana de Zaratustra ou Zoroastro com o Paganismo local antigo. O termo designa um grupo de religiões monoteístas praticadas entre os curdos: o Alevismo, o Iarsanismo e o Iazidismo. O principal elemento nas religiões iazdânis é a crença em sete entidades angélicas que protegem o mundo, e por isso estas tradições são chamadas Culto dos Anjos. Diferem do Zoroastrismo ao acreditarem na reencarnação, como os Hindus.
É uma religião de Curdos, Povo indo-europeu, parente étnico da Europa. Esta gente foi islamizada mas não totalmente: «Diz-se que os curdos "abraçaram o Islão suavemente", o que significa que a sua fé tende a não ser tão assertiva quanto em outras áreas. Uma consequência disso, por exemplo, são as grandes liberdades de que gozam as mulheres curdas; não cobrem o rosto, os seus hijab são menos restritivos, e não se vestem com vestidos pretos como o xador iraniano ou a abaya árabe.»
(Fonte: Wikipedia)
O Pavão é um símbolo nacional dos Curdos |
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home