segunda-feira, março 24, 2014

EM FRANÇA - FRENTE NACIONAL CONTA COM CANDIDATOS PORTUGUESES

"A partir do momento em que a lei o permite, não vejo razão para não dar a possibilidade a um certo número de pessoas que sejam candidatas nas nossas listas... Penso que essa possibilidade será suprimida quando a União Europeia deixar de existir."
É nestes termos que Marine le Pen, presidente da Frente Nacional (FN), comenta a presença nas suas listas de portugueses mono-nacionais e também de outros cidadãos europeus residentes em França, como belgas, espanhóis e, pelo menos, até um romeno e um búlgaro.  
Além dos portugueses com nacionalidade única, a FN, bem como o movimento mais alargado Rassemblement Bleu Marine (Ajuntamento Azul Marine, RBM), apresentam igualmente dezenas de candidatos franceses de origem portuguesa ou portugueses com dupla nacionalidade.  
Em algumas localidades, onde é grande a concentração de portugueses, como acontece em certas cidades dos subúrbios de Paris onde o seu voto pesará no resultado final, as listas destes dois movimentos políticos, ambos liderados por Marine le Pen, chegam a apresentar três ou quatro candidatos portugueses. 
A Frente Nacional é contra o direito de voto dos cidadãos comunitários nas eleições francesas, mas a contradição com a presença destes últimos nas listas dos seus  candidatos não preocupa nem os seus dirigentes nem os próprios candidatos europeus. Com efeito, os residentes europeus em França perderiam a possibilidade de se candidatar, e mesmo de votar, se as teses da FN vencessem em França.
O partido de extrema direita propõe a realização de um referendo sobre a saída da França da União Europeia e de um outro, semelhante ao que foi aprovado recentemente na Suíça, sobre o controlo da emigração e das fronteiras francesas.
Além disso, Marine le Pen defende igualmente a "prioridade nacional" no acesso ao emprego em França. "Com competência igual, a prioridade do emprego deverá ser sempre dada aos franceses", explica. 
Quanto ao direito de voto nas eleições francesas, a orientação da FN e do RBM é clara. "O princípio é o de que nacionalidade e cidadania devem estar sempre associados... a primeira brecha a este princípio, a do Tratado de Maastricht, que dá o direito de voto aos residentes comunitários nas eleições municipais e europeias, não é aceitável", escreveu em Setembro de 2012 Florian Philippot, vice-presidente da Frente Nacional. 
Este partido sempre manteve uma ligação algo especial aos portugueses residentes em França, considerados por Marine le Pen, numa entrevista ao Expresso, como "trabalhadores, cumpridores das leis e respeitadores, pessoas que não criam problemas em França".
Na altura desta entrevista, Marine prometeu que se um dia vencer as eleições presidenciais em França irá comemorar a vitória no "Chez Tonton" , um restaurante português, simples e popular, de Nanterre, nos arredores de Paris, onde vai regularmente e que já era frequentado pelo seu pai, Jean-Marie le Pen, fundador da FN.
A presença de portugueses e de seus descendentes nas listas nacionalistas confirma que muitos portugueses também apreciam a FN. 
As eleições autárquicas são tradicionalmente pouco favoráveis aos populistas franceses, por estes terem uma fraca implantação local e devido ao sistema eleitoral maioritário a duas voltas. Mas a Frente Nacional vai ser árbitro em algumas centenas de localidades no escrutínio decisivo da segunda volta, que se realiza a 30 deste mês.
A primeira volta das municipais decorre no próximo domingo. Algumas sondagens atribuem o primeiro lugar à FN nas próximas eleições europeias (em Maio) e que se realizam, tal como em Portugal, sob as regras da lei eleitoral proporcional.  
(Leia mais sobre a extrema direita francesa na edição semanal do Expresso, atualmente nas bancas)
Fonte: http://expresso.sapo.pt/portugueses-candidatos-as-autarquicas-francesas-pela-extrema-direita=f861398#ixzz2wpildNEx   (artigo originalmente redigido sob o novo aborto ortográfico mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa)


Lembrando a entrevista:
Marine Le Pen segue as pisadas do pai, Jean-Marie, que disse um dia ao Expresso: "Os portugueses não têm problemas nem connosco nem com os franceses porque são nossos primos". O pai raramente recusava entrevistas aos jornalistas portugueses. A filha, que lhe sucedeu na liderança da Frente Nacional, também as aceita de boa vontade.
"A comunidade portuguesa de França está bem assimilada na nossa sociedade, respeita as leis e o nosso modo de vida, os portugueses amam a França, são trabalhadores, não criam qualquer problema e são meus amigos", diz a candidata às presidenciais.
Frequentadora habitual de Chez Tonton, um pequeno restaurante português de Nanterre (arredores de Paris), chega a espantar o repórter: "Se for eleita, no dia 6 de Maio vou comemorar a vitória nesse pequeno restaurante operário, que fica perto da nossa sede, onde temos já os nossos hábitos".
Marine Le Pen gosta dos portugueses e exclama com ênfase: "Os portugueses de França são os mais duros para com os imigrantes que vêm para cá e não respeitam ninguém!"
Para a primeira volta, no próximo domingo, Marine Le Pen é cotada com entre 15 e 17% dos votos, mas garante que "haverá surpresas", pensando ultrapassar, na votação, o candidato da direita, Nicolas Sarkozy. Martine acredita que vai disputar a segunda volta contra o socialista François Hollande. 
Durante a campanha eleitoral, a líder da extrema-direita centrou os seus discursos no combate à "islamização da França" e no fecho das fronteiras à emigração. 
Fonte: http://expresso.sapo.pt/marine-le-pen-portugueses-sao-os-mais-duros-contra-os-nao-respeitadores=f720146#ixzz2wpiWPRHx    (artigo originalmente redigido sob o novo aborto ortográfico mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa)