segunda-feira, março 24, 2014

EM FRANÇA - DEMOCRACIA DÁ NOVA VITÓRIA AO NACIONALISMO

Fonte: http://expresso.sapo.pt/extrema-direita-com-resultados-historicos-nas-autarquicas-francesas=f862160#ixzz2wuEjvTCu (artigo originalmente redigido sob o novo aborto ortográfico mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa)
A França está esta noite em estado de choque. O movimento populista, Frente Nacional (FN), dirigido por Marine le Pen, surge em primeiro lugar, na primeira volta das eleições autárquicas, em diversas cidades francesas.
É a primeira vez na história política francesa que a FN alcança resultados tão importantes em eleições municipais, que lhe são tradicionalmente desfavoráveis devido ao sistema eleitoral maioritário a duas voltas e à fraca implantação local do partido nacionalista, que apenas concorreu em 570 dos mais de 36 mil municípios franceses.
Os primeiros resultados da primeira volta destas eleições, cuja segunda volta decorre no próximo domingo, são claramente desfavoráveis aos socialistas, que parecem ter sido vítimas de um importante voto-sanção, devido ao descrédito do Governo e do Presidente François Hollande. As estimativas apontam para uma derrota dos socialistas e para uma vitória da direita da UMP (sarkozysta), que surge em posição de força em diversas cidades.
Devido aos resultados da primeira volta, a FN pode conquistar, no próximo domingo, pela primeira vez na história francesa, uma dezena de câmaras, entre elas Perpignan e Avignon. A direita, apesar dos recentes escândalos que envolveram o ex-Presidente da República, Nicolas Sarkozy, alcançou, em termos nacionais, resultados muito superiores aos socialistas.
No entanto, a FN, porque atingiu mais de 10 por cento dos votos em centenas de localidades, pode manter-se na corrida para o escrutínio decisivo do próximo domingo provocando "triangulares" (com candidatos PS/UMP/FN) de desfecho imprevisível.
Os bons resultados da FN -  "estas eleições são uma colheita excepcional, os franceses acabam de dizer que conquistaram a sua liberdade", disse esta noite Marine le Pen - confirmam as tendências para que apontavam algumas sondagens para este escrutínio e para as eleições europeias do próximo mês de Maio.
Com efeito, alguns estudos indicam que os nacionalistas podem ser o partido mais votado nas europeias, que decorrem com o sistema proporcional a uma volta, que lhes é muito mais favorável do que o que rege as eleições autárquicas.
Nas maiores cidades francesas, como Paris e Lyon, bastiões dos socialistas, estes parecem estar à frente na primeira volta, segundo estimativas provisórias. No entanto, em Marselha, segunda maior cidade francesa, a FN terá alcançado um resultado inesperado, com o seu candidato a figurar em segundo lugar, atrás do da UMP, relegando o do PS para o terceiro lugar.
Comentando os resultados provisórios, o primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, reconheceu "uma progressão da FN" e apelou a uma "união dos republicanos" para impedir os nacionalistas de conquistar a presidência de algumas câmaras. Mas Ayrault surgiu esta noite destroçado nas televisões francesas - o seu partido perdeu claramente as autárquicas e ele pode perder o seu lugar numa próxima remodelação, em Abril.
Em termos nacionais, a abstenção foi de cerca de 38 por cento e a UMP venceu a primeira volta com 47 por cento dos votos, contra apenas 41 por cento do PS.
A FN obteve sete por cento dos votos - resultado que deve ser relativizado por apenas ter apresentado candidatos em algumas centenas dos municípios. Para as europeias de Maio, algumas sondagens dão  a FN à frente com 23 por cento, contra 21 por cento para a UMP e 18 por cento para o PS.

Nunca deixa de ser de algum modo saboroso constatar o fanatismo histérico e palerma de quem escreve que «a França está em estado de choque» com a ascensão da Extrema-Direita como se não fosse a própria França que estivesse a dar votos à Extrema-Direita... isto ou significa que a França está chocado consigo própria, o que constituiria uma posição no mínimo esquizofrénica, ou então significa mesmo que quem está chocado em França não é «a França» e sim a elite político-me(r)diática franciú, colega da mesma elite que em Portugal escreve artigos destes, tropa irritada, e assustada, com os resultados do mais autêntico voto democrático...