terça-feira, novembro 19, 2013

NASCE CORRENTE PARA LIMITAR OS SALÁRIOS MAIS ELEVADOS DOS PRIVADOS

A Suíça revoltou-se contra os ordinários milionários. A ideia partiu de David Roth, líder da juventude socialista suíça (JUSO), que criou a plataforma 1:12. A proposta é a de que, numa empresa, ninguém possa ganhar mais num mês do que o que o empregado com o salário mais baixo recebe num ano. No entanto, ao contrário do que era esperado, a medida pode não vir a ser aprovada. Tudo, graças à campanha feita pela economia suíça que afirma que, caso esta iniciativa vá para a frente, muitas empresas vão fechar.
No próximo dia 24 de Novembro, a Suíça vai votar num referendo sobre a possibilidade de incluir a medida «1:12» - que considera ainda que a diferença entre salários é uma injustiça social - na constituição nacional. A iniciativa é apoiada por vários grupos políticos, incluindo o Partido Social Democrático e os Verdes, que argumentam que os salários dos CEO na Suíça estão fora de controlo e precisam de ser refreados.
A proposta apresenta vários exemplos, como Brady Dougan, o diretor americano do Credit Suisse, e Andrea Orcel, chefe do banco de investimentos na UBS, que ganham cem vezes mais que os seus juniores.
No entanto, o esforço da economia suíça para influenciar a opinião pública tem sido bem sucedida. Há cerca de um mês, a opinião pública a favor e contra a iniciativa estava dividida em cerca de 44 por cento. Foi então lançada uma campanha pública, onde era anunciado que esta medida levará ao fecho de empresas, visto que, de acordo com a associação de empresas, a iniciativa levará à perda de emprego e a impostos mais elevados.
Nas últimas sondagens, o resultado mostra que é improvável que a medida seja aprovada, tendo mais de 50% de votos contra.
Apesar disso, é provável que esta questão não venha a cair em esquecimento, uma vez que está a ganhar força além-fronteiras. Kristina Schüpbach, líder da ala jovem do Partido Social Democrata e uma das iniciadoras da campanha, afirma que «o mais importante neste momento é conseguir ter um resultado que envie um sinal forte» - para a economia e o governo.
Significativamente, a campanha 1:12 começa a ganhar terreno em Espanha, onde a oposição social-democrata adoptou a medida como política oficial.
Schüpbach afirma que a ideia de criar um limite sobre os valores dos ordenados também está a ser a discutido pela oposição social-democrata na Alemanha e que a questão da remuneração dos executivos se tornou um tema político quente na França e noutros países do continente.
Um vídeo divulgado pelos Social-democratas mostra uma enfermeira suíça surpreendida como os salários dos cargos mais altos têm crescido de forma astronómica, enquanto o dela quase não aumentou. Veja o vídeo (inclusivamente porque o Alemão falado na Suíça soa particularmente bem).

 
De facto, mesmo que a medida não vá avante na Suíça, ou pelo menos não vá avante desta vez, parece que pelo menos vai continuar no ar e pode ser que comece a influenciar as coisas não apenas na Suíça mas em toda a Europa. E isso é bom sinal - a atitude tipicamente europeia de se revoltar contra os grandes desníveis e o poder desmedido de uns sobre outros, como já César observava na sua obra «De Bello Gallico» quando ao descrever os Germanos diz que estes evitavam que no seu seio houvesse gente demasiado rica (Livro VI, capítulo 22).