segunda-feira, maio 20, 2013

PORQUE NÃO NACIONALIZAR INVESTIMENTOS ANGOLANOS EM PORTUGAL...

Não é a primeira vez que os angolanos aproveitam um momento crítico nacional para fazerem chantagem connosco e nos espremerem.
Agora ameaçam pôr fim aos investimentos portugueses no país. Isto enquanto compram cada vez mais e barato em Portugal. A rainha do negócio é, como se sabe, a filha de José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos.
Paulo Portas está em pânico e diz que faz o que for preciso para o evitar, invocando os milhares de portugueses que trabalham em Angola.
É a posição de fraqueza que os angolanos querem ouvir para nos calcarem mais o pé.
Em 1975, também aproveitaram as imensas fragilidades internas portugueses para mandarem às urtigas o Acordo de Alvor e ficarem com tudo.
É bom lembrar que nos termos do artigo 54º do Acordo de Alvor os três movimentos de libertação que o assinaram, MPLA, UNITA e FNLA comprometeram-se "a respeitar os bens e os interesses legítimos dos portugueses domiciliados em Angola".
Na altura, em 1975, o MPLA também tinha uma lança no nosso país, o PCP, para defender os seus interesses.
A ala moderada do MFA, que tinha a guerra contra os comunistas e a extrema-esquerda para fazer, ficou atada de pés e mãos.
Basta ler o Documento dos Nove, o texto fundador do 25 de Novembro para perceber que não era apenas António de Spínola -- que tentou até ao limite um referendo à independência no território angolano para proteger os interesses portugueses -- o grande amargurado com o caminho trilhado pela colónia portuguesa.
O nº 3 deste Documento dos Nove, publicado a 7 de Agosto de 1975, subscrito por Melo Antunes, Vitor Alves, Vasco Lourenço e outros militares, também podia ter sido assinado por Spínola.
Nele escreve-se: "Vemo-nos agora a braços com um problema em Angola que excederá provavelmente a nossa capacidade de resposta, gerando-se um conflito de proporções nacionais que poderá, a curto prazo, ter catastróficas e trágicas consequências para Portugal e para Angola.
O futuro duma autêntica revolução em Portugal está, em todo o caso, comprometido, em função do curso dos acontecimentos em Angola, à qual nos ligam responsabilidades históricas inegáveis para além das responsabilidades sociais e humanas imediatas para com os portugueses que lá trabalham e vivem."
Hoje também nos vemos a braços com um problema chamado Angola.
Mas, apesar da crise, temos duas grandes vantagens em relação a 1975.
Nem tudo é mau na União Europeia. Fazermos parte dela é uma arma que podemos utilizar se Angola forçar muita a corda com os investimentos portugueses no país.
Por outro lado, hoje temos bens para a troca com Angola.
Porque não uma nacionalização dos bens angolanos em Portugal?
E eu acrescento - sabendo como é afrófila a elite tuga, pode e deve dizer-se que fazermos parte da União Europeia impede que fiquemos totalmente dependentes das ligações ao terceiro-mundo lusófono - porque se mesmo com a UE as coisas já são como são nesse campo, que é o que acima se lê, o que faria se toda a economia cá do burgo dependesse muito mais ainda de Angola e doutras ex-colónias...