terça-feira, fevereiro 05, 2013

«AGUENTEM, QUE OS SEM-ABRIGO AINDA ESTÃO PIORES QUE VOCÊS...» (POR ENQUANTO)

Fernando Ulrich voltou a explicar ontem, durante a apresentação dos resultados do BPI, o contexto da sua expressão "aguenta, aguenta..."
Depois de ter defendido em Outubro do ano passado que o país aguentava mais austeridade, o presidente do BPI voltou ontem ao tema com um novo argumento: Se os sem-abrigo aguentam porque é que nós não aguentamos?
"Se os gregos aguentam uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 25% os portugueses não aguentariam porquê? Somo todos iguais, ou não?", questionou-se Fernando Ulrich durante uma conferência de imprensa de apresentação de resultados do BPI, em Lisboa.
"Se você andar aí na rua e infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim porquê? Isso também nos pode acontecer", acrescentou durante o encontro com os jornalistas. 
"E se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, naquela situação e sofrer tanto aguentam porque é que nós não aguentamos? Parece-me uma coisa absolutamente evidente", rematou o banqueiro.

Portanto, ao querer explicar foi pior a emenda que o soneto - porque quando diz «porque é que nós não aguentamos, se os sem-abrigo aguentam» a parte em que diz «nós» inspira um particular asco que é perda de tempo querer exprimir com outras palavras que não algo situado entre o palavrão e a onomatopeia. «Nós» ponto e vírgula, que os fernandoulrichs não fazem parte desse «nós» que estão à rasca.

É por isso idiota a maneira como o esquerdalhame parlamentar pegou na coisa - quer que Ulrich peça desculpa pela sua «insensibilidade» de relativizar o esforço dos portugueses e falar nos sem-abrigo e tal. Ora isto não tem corno a ver com sensibilidade mas sim com outra coisa...´

Numa sociedade civilizada, fenómeno dos sem-abrigo deve ser sempre considerado como caso excepcional, esporádico e temporário - nunca pode ser dado como instituido. Uma sociedade civilizada pressupõe que a qualquer momento o sem-abrigo deixará de o ser. O que Ulrich exprimiu foi o sentido inverso - a sua comparação funciona como uma espécie de preparação para o que por aí vem: quando uma figura da sua influência compara o grosso da população aos sem-abrigo, medindo o bem-estar de uns pelo dos outros, pode-se ficar com uma ideia pálida do bocado que está guardado para o grosso da população...

1 Comments:

Blogger Titan said...

Isso tudo não passou de uma táctica para os portugueses aceitarem o seu empobrecimento e decadência, enquanto esse gajo vai ganhando fortunas.

6 de fevereiro de 2013 às 00:29:00 WET  

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