AUMENTA EXPONENCIALMENTE A ISLAMOFOBIA EM FRANÇA
Em França, os actos islamofóbicos aumentaram quarenta e dois por cento nos primeiros dez meses de 2012, passando de 123 para 175, de acordo com um relatório provisório do Observatório Contra a Islamofobia. Um número que se presume ser mínimo uma vez que diz respeito apenas aos casos de ordem criminal que foram denunciados às autoridades.
Por acaso dá-me ideia é que o número pode é estar exagerado, já que a malta de Mafoma é bem capaz de tomar ofensa por dá cá aquela palha, quando não pura e simplesmente inventar ataques islamófobos, como já aconteceu...
Alega Mohammed Moussaoui, presidente o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), que «houve uma multiplicação e banalização das profanações». A acção mais espectacular foi a ocupação do local de construção da mesquita de Poitiers, incursão levada a cabo por um grupo identitário a vinte de Outubro. Moussaoui faz notar que «pela primeira vez, as pessoas entoaram abertamente lemas anti-islâmicos de cunho bélico. Chegámos a um novo patamar.»
Já antes disso se sucediam, entretanto, os e-mails insultuosos, as tentativas de fogo posto e vários locais de culto muçulmanos profanados com cabeças de porcos ou com excrementos.
Por causa disso, no início de Novembro a CFCM exigiu uma «declaração solene» da parte do presidente François Hollande contra o crescimento da islamofobia, o que ainda não aconteceu.
Além destes actos, destaca-se a palavra pública hostil ao Islão, segundo Franck Frégosi, director de pesquisas da CNRS e especialista sobre o Islão na Europa: «temos ouvido um discurso desinibido, frequentemente negativo para com o Islão.» Acrescenta que «aquilo que era uma atitude de Extrema-Direita... mostra tendência a disseminar-se como fogo descontrolado.» Diz ainda que «sentimentos fóbicos» têm sido alimentados por vários factos e um contexto internacional de tensão, o que o faz lamentar o facto de que muita gente aproveita «para dizer que o Islão não pode ser integrado na República.»
O assassínio de três soldados por Mohammed Merah, em Montauban, e de três crianças e um pai num escola judaica de Toulouse, em Março, tem alimentado este discurso. Marine Le Pen (FN) foi rápida a fazer notar que o que aconteceu foi apenas "a ponta do iceberg." Se o resto da classe política evitou explorar este caso, os muçulmanos foram atacados noutras ocasiões.
Na campanha eleitoral, uma controvérsia sobre abate ritual, lançada pela FN, foi tomada por François Fillon, primeiro-ministro. Estas "tradições já não correspondem a grande coisa" num "país moderno", disse ele, atraindo também a ira da comunidade judaica. Poucos meses depois, Jean-François Copé, em campanha para a presidência da UMP, invocou as crianças a quem é "arrancado o seu pão de chocolate durante o Ramadão."
Na campanha eleitoral, uma controvérsia sobre abate ritual, lançada pela FN, foi tomada por François Fillon, primeiro-ministro. Estas "tradições já não correspondem a grande coisa" num "país moderno", disse ele, atraindo também a ira da comunidade judaica. Poucos meses depois, Jean-François Copé, em campanha para a presidência da UMP, invocou as crianças a quem é "arrancado o seu pão de chocolate durante o Ramadão."
"2012 marcou uma nova etapa na redefinição do espectro político em torno do Islão", disse Raphael Liogier, autor de O Mito da Islamização. "O povo" tem, segundo ele, muito medo do Islão. Para o provar, refere que 43% dos Franceses pensa que essa religião constitui ameaça, de acordo com uma pesquisa do Ifop publicada em Novembro. O número já estava nos 42% em 2010, o que dá que pensar.
"Mas a classe política tem resistido mais tempo do que noutros países europeus", tais como a Holanda ou a Áustria, onde os populista anti-muçulmanos estão no poder, disse Liogier.
No entanto, "em 2012, o populismo abalou todos os partidos políticos, a começar pela UMP", disse ele, citando a vitória da direita no último congresso do partido. Acusando os muçulmanos de "comunitarismo agressivo", este movimento quer tratamento diferenciado para o Islão.
Para o sociólogo, "é uma política de recomposição integral e vai intensificar em 2013."
"Mas a classe política tem resistido mais tempo do que noutros países europeus", tais como a Holanda ou a Áustria, onde os populista anti-muçulmanos estão no poder, disse Liogier.
No entanto, "em 2012, o populismo abalou todos os partidos políticos, a começar pela UMP", disse ele, citando a vitória da direita no último congresso do partido. Acusando os muçulmanos de "comunitarismo agressivo", este movimento quer tratamento diferenciado para o Islão.
Para o sociólogo, "é uma política de recomposição integral e vai intensificar em 2013."
Ora cá está mais uma vez a tendência do povinho para se centrar no Nós e afastar o Outro - é esta tendência que obriga a classe política a engolir os sapos que forem precisos para não perder os votos do povinho e não deixar que estes votos se encaminhem ainda mais para a temidíssima Extrema-Direita, que isso então é que é o deus-me-livre... claro que tem de ser a «Direita» aldrabada a tentar absorver o descontentamento «xenófobo» da população, que a secção esquerdista da elite reinante tem mais dificuldade em fazê-lo sem perder a face, trata-se de um trabalhinho que tem de ser feito pela «Direita»...
2 Comments:
Caturo disse...
"(...) claro que tem de ser a «Direita» aldrabada"
E Portugal não é excepção. Também tem sido por essa via que o CDS tem conseguido tantos votos nas últimas eleições, porque se tem feito passar como a alternativa de governo que nunca chegou a ser.
Caturo, em França:
http://www.youtube.com/watch?v=U_RbM97FJTw
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